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domingo, 29 de novembro de 2009

A fila anda devagar prá quem não curte futebol

Um dia, num bate-papo entre amigas, relembrando nossos ex, entre namorados, "ficantes", paqueras e maridos, a principal queixa delas era....o famigerado futebol. Algumas confessaram brigas homéricas por causa....do futebol, claro.

Festas, reuniões com os amigos, aniversários, no dia que o "timão" vai jogar, nem pensar, e pior, desentendimentos porque o fulano estava assistindo "não sei quem" versus "não sei mais quem" (ou seja, nem o fulano sabia quem estava jogando) e não podia dar atenção ao filho - pior que isso, só mulher fissurada em novela (aliás, outra chatice, acho eu). Tinha até casamento acabado por causa do maldito futebol.

Prá surpresa e espanto delas, contei-lhes que nunca tive esse tipo de problema, pois de todos os meus ex, nenhum deles curtia futebol, alguns até assistiam, mas nenhum era fissurado, no máximo como nós, mulheres, "só na época da copa". E pasmas, me perguntavam como fui ser tão sortuda assim. 

Na verdade não se trata de sorte, eu sem querer (ou sem querer, querendo, sei lá) me afasto dos "fissurados" em futebol. Por exemplo, numa roda de homens falando de futebol, vou me interessar por aquele que tiver menos envolvido no papo, pois já notei que os que não gostam de futebol, se sentem meio que "estranho no ninho", e não conseguem se enturmar, pois como nós, mulheres, não tão nem aí prá essa chatice,

e sorte minha, tenho me dado bem, descubro neles homens intelectuais, voltados para leituras, artes, cinema, ou seja, tudo de bom, e se o relacionamento acaba (como tudo um dia pode acabar), pelo menos não tenho essas lembranças chatas como têm minhas amigas.

De "sacanagem", dizem que "homem que não gosta de futebol é gay" - balela, ao contrário, tenho amigos gays que adoram futebol e "sacam de tudo" só prá ficar perto dos machos (veja vídeo no final do texto). É certo que não é fácil encontrá-los, infelizmente é uma minoria, e muitos estão comprometidos, afinal que mulher vai deixar escapar uma raridade dessas?

Meu filho detesta futebol, é intelectual, estudante de medicina da UFF, a namorada dele me agradece dizendo que tirou "a sorte grande", um garoto bonito, charmoso, sarado, surfista e que não gosta de futebol (segundo ele, um bando de "viados suados se agarrando"). O meu outro filho, também bonito e charmoso, um talento para música, gosta do Fluminense, mas não é fissurado, e ainda bem que é o Fluminense, torcida light, charmosa, diferenciada (dá até prá perdoar o Chico Buarque).

Depois que uma das amigas contou que namorou um flamenguista "doente", e que dia de jogo era o caos, pois se o time ganhava, o fulano tinha que comemorar com os amigos, e se o time perdia, também não tinha espaço prá ela - cinema, barzinho, nem pensar - porque o fulano ficava "deprê", e não saía de casa, pois não podia encarar a zoação dos amigos "rivais",

não tive mais dúvidas, agora sei por que a fila anda devagar prá mim, pois procuro o homem ideal numa minoria, mas acho que vale a pena, pois relacionamento já é difícil, não suportaria me ver dividida entre futebol, e acho que se o fulano é fissurado, paciência, ele que continue com o time dele, só não serve prá mim, caio fora antes de entrar numa furada dessas.

sábado, 28 de novembro de 2009

"Hora de voltar" ("Garden State")

"Hora de voltar" - esse filme "passou longe" do circuitão, circulou só nos festivais de cinema, agradando em cheio aos "cinéfilos de plantão" pelo seu estilo de comédia dramática "não hollywoodiana", e sua divulgação se deu no "boca a boca" entre os fissurados em cinema alternativo.

"Hora de voltar", mistura de drama com pitadas de um humor perspicaz e irreverente, conta a história de um rapaz depressivo, que se reveza em ser ator e garçom em Los Angeles, marcado por um trauma familiar na infância que, por causa do falecimento de sua mãe, se vê obrigado a voltar a sua cidade natal (em Nova Jersey, daí o título original do filme "Garden State") e ao seu passado deixado a força para trás.

O filme foi escrito, dirigido e estrelado pelo ator Zach Braff (do seriado americano "Scrubs") como o rapaz "deprê", dopado com antidepressivos, totalmente alheio a tudo e a todos - as cenas do seu corpo "tatuado" pelos amigos após uma festa regada a álcool e ecstasy são hilárias - e também conta com a atriz Natalie Portmann (dos também ótimos "Closer", "O profissional" e "V de vingança"), que está bem a vontade no papel de "maluquinha" e epiléptica.

A trilha sonora do filme é uma atração à parte - Coldplay (com a música "Don't panic"), Colin Hay e bandas desconhecidas para o grande público como The Shins, Remy Zero, Nick Drake, Zero 7 - músicas envolventes, muito bem escolhidas, compõem e marcam magistralmente as cenas: numa delas a "maluquinha" apresenta ao rapaz deprê o som do grupo "The Shins", com a música "New slang", enquanto ele tenta se livrar de um cão guia numa cena hilária, e no "velório" do seu hamster, ouve-se ao fundo Colin Hay com "I just don't think I'll ever get over you".

E há a cena transcendental e antológica do "guardião do abismo infinito" que diz pro personagem deprê: "good luck exploring the infinite abysm" numa alusão ao abismo da sua própria mente, e ao ouvir isso o personagem "liberta-se" com um grito no abismo, ao som de Simon and Garfunkel, com a música "The only living boy in New York" (veja a cena no final do texto).

"Hora de voltar" é um filme que dá vontade de "entrar no papo cabeça" dos seus personagens, por horas a fio, noite adentro, e gritar com toda a força à beira desse abismo que é a vida, afinal há sentido na vida? ou é melhor vivê-la como nos é possível viver, sem questioná-la? A protagonista conclui numa das belas cenas do filme em que o rapaz se surpreende com uma furtiva lágrima: "this is the life, sometimes hurts so much, but that is life, it's real".

















"Ensina-me a viver" ("Harold and Maude")

"Ensina-me a viver" (atenção para o título original "Harold and Maude", há vários outros com o mesmo título e este só se encontra em locadoras "cult") - a comovente e irreverente história de amor entre um jovem saindo da adolescência e uma senhora "no alto dos seus setenta e tantos anos"(veja cenas do filme no final do texto).

Ousadíssimo para a época (o filme é da década de 70), o diretor foi magistral, não deixou a relação do casal num campo platônico, ao contrário, o diretor não poupou nas cenas de beijo na boca e insinuações de sexo entre o peculiar par romântico, cuja química que rola entre os dois personagens é inesquecível, e o filme continua atual até hoje pois desafia os tabus de sempre como idade, sexo, envelhecimento e morte.

O filme é um "cala-boca" nessa contracultura que rola ainda nos dias de hoje, de que só a juventude é capaz de vencer barreiras, e que só é dado aos jovens o direito a felicidade e ao amor, e aos mais velhos só restaria o embotamento físico e mental, a ponto de as pessoas não mais quererem envelhecer, hoje as pessoas estão ficando "marmorizadas", com caras "botocadas", "esculpidas em cera", sem expressão, com as famosas (e não menos ridículas) "bocas de peixe", tal o retoque artificial prá acabar com as factíveis (e antes bem-vindas) rugas.

Nesse filme, ao contrário, quem exala vitalidade, energia e "anarquia" é a personagem setentona Maude, uma sobrevivente dos campos de concentração nazista (sutilmente denunciada por um número tatuado em seu braço) enquanto o jovem e rico Harold é quase um "zumbi", tal a fixação pela morte, que ele ensaia em falsas (e prá lá de hilárias) tentativas de suicídio, com o objetivo de chamar atenção de sua fria e distante mãe. Por motivos totalmente opostos, eles vivem em cemitérios e indo a enterros de desconhecidos, onde acabam se conhecendo.

E a trilha sonora quase exclusiva do Cat Stevens com sua voz envolvente e inconfundível é uma atração à parte - "Don't be shy", "Where do the children play? "On the road find out", "Trouble", "If you want to sing out".

Não deixem de ver "Ensina-me a viver", um verdadeiro ensinamento da importância da vida (e da aceitação do fatídico envelhecimento e da infalível morte) com esse casal e sua estranha mas divertida e irreverente história de amor.




 

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Traição e vingança na mitologia e nos tempos modernos

Tanto a traição quanto a vingança têm sua história na mitologia grega - Zeus, deus do Olimpo, se disfarça de um jovem humano, enganando e conquistando a jovem e bela Sêmele. Ao ter conhecimento das relações amorosas de Sêmele com seu marido, Hera, "protetora dos amores legítimos", resolve se vingar eliminando sua rival, a inocente Sêmele. 

Hera, infelizmente, como a grande maioria das mulheres, ainda nos dias de hoje, isenta o masculino - Zeus, seu marido - de culpa. Traída e machucada por um marido que não a respeitava, o que Hera não se deu conta (e muitas mulheres da atualidade), em momento algum, é que ao matar Sêmele, apenas deixou vago para uma outra o espaço que não era capaz de ocupar. 

A fidelidade e exclusividade não precisariam ser cobradas se fossem vistas como "sinônimo" de respeito e admiração, e para tal, têm que ser mútuos; os homens querem a liberdade de ter "escapadinhas" que rotulam como "apenas envolvimento carnal, numa noite qualquer, sem envolvimento emocional". 

Ora, esses mesmos machos aceitariam essa mesma conduta de suas mulheres? Ou seja, sem envolvimento emocional, as mulheres seriam perdoadas de suas traições, como elas costumam perdoar os seus parceiros?? 

E não me venham com a "máxima" de que mulher não consegue se relacionar sem envolvimento emocional, porque esse velho conceito já era, bota um "deus do olimpo sarado" na nossa frente e quero ver "quem fica prá contar história". 

Mas é fácil falar quando a pimenta é nos olhos dos outros, traição por traição, qualquer que seja, com ou sem envolvimento emocional, envolvendo qualquer um dos sexos, é sempre doloroso prá quem é traído, não importa se é o homem ou a mulher o traído, 

porque zera a auto-estima, a auto-confiança, faz o traído se sentir menosprezado, menos amado, menos merecedor, principalmente se isso ganha manchete e todos ficam sabendo, é humilhante, e marca prá sempre o traído, que poderá ser a partir daí um desconfiado e controlador em todo e qualquer futuro relacionamento.

Prá quem é traído, o relacionamento a três costuma ser muito dolorido, mas em alguns casos, segundo o autor do livro “Zeus, Sêmele e Hera - o papel do amante no triângulo amoroso”, pode até ser útil. Estranho, não? Mas, segundo o autor, é através dessa terceira pessoa que um relacionamento, que estava ruim, ganha “um gás” prá poder continuar, é justamente o relacionamento clandestino que, em alguns casos, sustenta o oficial quando ele chega ao limite do insuportável.

E ele acrescenta: "muitas vezes, um dos parceiros, consciente ou não, faz questão de fechar os olhos e fingir que não sabe de nada, pois não tem coragem de ser alguém independente e buscar seu caminho sem quebrar esse ciclo de dependência, não consegue mais ser uma pessoa inteira. E por isso, se submete a humilhações veladas, a displicências, a amores pela metade, tudo pela manutenção da "coisa toda". 

Infelizmente, temos muitas Heras espalhadas por aí, em pleno século XXI. Para descontrair, veja abaixo o interessante vídeo sobre as "armadilhas da traição".


terça-feira, 24 de novembro de 2009

"Impulsividade" - o filme

"Impulsividade" - a história do adolescente que, ao não se enquadrar em nenhuma "tribo", anestesiado de tudo e de todos, se isola para, literalmente, "chupar o dedo" (daí o título original "Thumbsucker" - veja trailer do filme no final do texto), se negando a sair da adolescência para a vida adulta, já que os exemplos que tinha de maturidade, vinda de adultos à sua volta, eram falhos e questionáveis. 

No filme, todos têm seus vícios (a mãe, papel de Tilda Swinton, o dentista, papel de Keanu Reeves, o pai, o irmão), vícios em drogas lícitas e ilícitas, em competições, em ganância, em busca incessante por sucesso, mas só o vício do então adolescente não é considerado digno, não é "normal" como os demais, ninguém é punido por seus vícios "normais", só ele é visto como "portador de uma anomalia", é o único "doente". 

Mas para o jovem adolescente é apenas uma compulsão que, desde a infância, o acalma, portanto difícil de evitar e controlar. Todos nós tivemos/temos/teremos vícios que funcionam como válvula de escape para alívio de tensões, tipo roer unhas, arrancar cutículas, balançar pernas, etc. 

No filme, "resolve-se" o problema do garoto com uma medicação, a ritalina, que o faz ficar hiperativo, e ele passa a experimentar de tudo, inclusive álcool e drogas, e então, ironicamente, passa a ser visto como um adolescente normal. 

É a velha (ou seria nova) tirania urbana e globalizada, de que temos que nos enquadrar em arquétipos e estereótipos, é a cultura da "felicidade" a qualquer preço, não podemos ficar tristes, somos logo rotulados de "depressivos" e dá-lhe "fluoxetinas" da vida, e somos obrigados a voltar a "sorrir" (ou melhor, ficamos embotados, dopados, mas "felizes", porque não é de "bom tom" compartilhar tristeza, "não dá ibope").

A escritora gaúcha Lya Luft, no seu livro "Rio do meio" e ainda no também excelente  "Perdas e ganhos", já discutiu exaustivamente sobre esse tema, que é preciso passar conscientemente (e lucidamente) por essas tristezas para poder vencê-las, e não "fingir" que elas não existem por meio de "drogas da felicidade".

Portanto, diante de uma inevitável tristeza, "curta-a" lucidamente, e vença-a, e saiba que você não será o único a passar por isso; esse é o tema desse excelente filme alternativo não hollywoodiano. "Impulsividade" é uma profunda reflexão sobre nossas atitudes, erros e acertos nas relações interpessoais.

E a pergunta que não quer calar - é preciso trocar um vício "anormal" por outro "normal" prá ser aceito pela "tchurma"? E que droga de felicidade é essa, que querem nos impor, a todo custo, com uma "droga lícita" de felicidade??? 

E termino com o questionamento do grande poeta alemão Rainer Rilke: "Quem nunca esteve sentado, cheio de medo, diante da cortina do próprio coração?"

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

"Adeus, Lênin" - filme alemão

No embalo da onda, dado o enfoque da Alemanha na mídia, por conta dos 20 anos da queda do muro de Berlim, aproveito e indico mais esse excelente filme alemão, que começa no período que antecede a derrocada do regime e mostra como a unificação "mexeu" com a vida dos berlinenses.

"Good bye, Lênin" (veja trailer no final do texto) conta a história de um filho que se sente culpado do (provável) infarto que a mãe sofreu (a mãe, uma fervorosa ativista e nacionalista da Alemanha Oriental) ao vê-lo participar de uma passeata anti-socialista. 

Houve complicações e a mãe fica em coma por cerca de oito meses, tempo suficiente para acontecer a queda do muro e a Alemanha Oriental se adaptar ao capitalismo.

Ao se recuperar do coma, para poupar a frágil mãe, o filho resolve forjar a vitória da ideologia socialista, como se nada tivesse mudado naqueles oito meses, para isso vamos assistir a uma série de gags bem boladas e hilariantes. 

O filme tem um pouco de tudo, tem momentos muito engraçados, outros dramáticos, tem homenagem ao cinema europeu (a estátua de Lênin carregada de helicóptero lembra a cena da abertura de "La dolce vita" de Fellini),

mas a grande sacada do filme é o questionamento que ele nos remete, quando percebe-se que a vida mudou pouco para as pessoas daquele local. Sabe-se hoje, 20 anos após a queda do muro, que muitos alemães que nasceram e cresceram do lado leste, a antiga Berlim Oriental, 

sentem nostalgia dos velhos tempos - a chamada "ostalgie", nostalgia do leste - o filme retrata isso muito bem, com o filho tentando forjar o pepino em conserva, o feijão enlatado, produtos típicos  que sumiram das prateleiras com a chegada dos "enlatados" americanos - a saída estratégica do filho prá explicar o anúncio da coca-cola é o máximo.

Há pouco tempo o país voltou a fabricar os velhos produtos pré-unificação (carros, refrigerantes, enlatados) e até camisas T-shirts com o brasão da DDR (sigla do "país extinto").

"Adeus, Lênin" mostra uma visão romântica e saudosista de uma ideologia diferente da nossa, mas no fundo a mensagem que fica é que, não importa se socialista, comunista ou capitalista, o que importa é que, o que todos nós desejamos, sem exceção, é um mundo melhor de se viver. O mundo precisa urgentemente de filmes como esse. Inesquecível.





"A vida dos outros" e "A experiência" - excelentes filmes alemães

"O poder transforma, e nem sempre prá melhor, é preciso saber lidar com ele, para que não nos deforme". Palavras da escritora Lya Luft. Começo minha dica de cinema com essa frase que resume - e nos faz meditar sobre - esses dois excelentes filmes alemães.

"A vida dos outros" (veja o trailer no final do texto) - a história se passa na Alemanha, década de 80, anos antes da queda do muro de Berlim. De início, vai parecer que se trata de um filme político sobre os abusos e desmandos do regime ditatorial da época, onde a Stasi, a polícia secreta alemã oriental, com seus espiões orgulhosos em "servir a pátria, rotula a todos, indiscriminadamente, como possíveis traidores do partido,

mas o filme apresenta reviravoltas, começa devagar, frio, tudo muito sombrio, combinando com a fisionomia dura e impassível do espião, como se a lentidão expressasse o ódio e o sentimento de escárnio e delação que há por trás de toda vigilância, mas aos poucos a trama vai te envolvendo, 

é um suspense lento mas penetrante, o personagem do espião nos conduz magistralmente (mérito do excelente ator), e sem perceber, sem alardes e sem sustos, sem te deixar "na ponta da cadeira", e em momento algum "roendo as unhas", quando você se espantar já estará totalmente absorvido pela trama.

O filme coloca o espectador sob a lente e o ponto de vista do algoz, só que aos poucos, com o decorrer das investigações (em que a vítima, um casal de atores, tem sua vida vasculhada pelo avesso) o espião se vê diante de um novo mundo que se descortina à sua frente, quando entra em contato com o mundo artístico de sua vítima (principalmente com os versos e a poesia de Bertold Brecht que ele rouba do apto do casal),

e então vamos assistir a uma transformação do semblante do algoz, e o que era escárnio passa a admiração provocando uma total reviravolta no conduzir das investigações, acontece então a redenção do algoz.

Vital para o desenrolar do filme é a atuação do ator principal, o espião, ao transmitir magistralmente nas suas expressões a complexidade das relações e reações humanas,  um excelente ator (não lembro o nome, também nome alemão fica difícil guardar) que morreu algum tempo depois de terminada as filmagens.

A seguir, cai o muro de Berlim, a Alemanha é unificada, e o personagem, o ator vigiado, descobre então que esteve o tempo todo sendo vigiado, encontra seu ex algoz e como um "danke" (muito obrigado em alemão) seria muito pouco, ele encontra um jeito magnífico de agradecer - veja o filme e o "gran finale". Emocionante. Imperdível. 

Agora, se você é do tipo que gosta de suspense daqueles que deixa a gente "na ponta da cadeira, roendo as unhas", então não deixe de ver "A experiência"  (em alemão "Das Experiment" - não confundir com um outro "A experiência", filme B, enlatado americano sobre alienígenas, "chatérrimo")

É um filme baseado em fatos reais, o que impressiona mais ainda - o experimento de aprisionamento da Universidade de Stanford na década de 70 que foi suspenso na metade do projeto (vale a pena ler sobre o experimento, veja no wikipedia).

Um macabro "reality show", o filme pretende mostrar a possível catástrofe que poderia acontecer se o experimento não tivesse sido suspenso. Excelente filme, mas prepare o estômago, não é fácil de assistir (eu só consegui ver uma única vez), é pesado, claustrofóbico, deprê mesmo, mais paranóico impossível (coisa de alemão?)
 







  


 

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

"Rifa-se um coração"

 Faço minhas as palavras do poema "Rifa-se um coração" (que, erroneamente, tem sido atribuído a Clarice Lispector):

"Rifa-se um coração quase novo. Um coração idealista.
 Um coração como poucos. Um coração à moda antiga.
 Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário".

"Rifa-se um coração ...
 que na realidade está um pouco usado,
 meio calejado,
 que teima em alimentar sonhos e cultivar ilusões
 Um pouco inconsequente
 que nunca desiste de acreditar nas pessoas...
 Um idealista.....um verdadeiro sonhador....."

"Rifa-se um coração..... que nunca aprende.
 Que não endurece,
 e mantém sempre viva a esperança de ser feliz,
 sendo simples e natural.
 Este coração tantas vezes incompreendido.
 Tantas vezes provocado. Tantas vezes impulsivo".

"Rifa-se um coração....esse coração que erra,
 briga, se expõe.
 Que perde o juízo por completo
 em nome de causas e paixões. 
 Sai do sério e, às vezes, revê suas posições
 arrependido de palavras e gestos"

"Eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento.
 Só fiz bobagens e me dei mal
 quando ouvi esse louco coração de criança
 Que insiste em não endurecer e se recusa a envelhecer".





" Endurance " - documentário

Prá quem curte aventuras, o livro "Endurance" é uma leitura muito prazerosa. Trata-se de um documentário sobre a expedição inglesa no início do século 20 para a Antártida, com o diário de bordo dos seus tripulantes.

Os diários mostram como homens extremamente práticos, céticos, matemáticos e "duros" como o gelo, se "derretem" como a neve, ao se defrontarem com barreiras intransponíveis e revelam extrema sensibilidade diante da natureza gélida e implacável, e se rendem ao emocional e ao espiritual como a única tábua de salvação naquela natureza infinita e solitária.

As fotos em preto e branco feitas pelo fotógrafo da expedição são incríveis, quase inacreditáveis, o "Endurance" atolado no gelo parece um barquinho de brinquedo tal a grandiosidade gélida ao seu redor. Vale a pena ler. Abaixo parte do documentário filmado a partir das imagens do livro, e uma película em longa metragem foi filmada no ano 2000 (não assisti).

sábado, 14 de novembro de 2009

Afinal, a fila anda prá quem?

"A fila anda". Nos dias de hoje, é o que mais se ouve dos amigos, principalmente depois daquele famoso "pé na bunda". Mas afinal de contas, a fila anda prá quem? Será que é tão fácil assim para as pessoas, hoje em dia? Que relações pós-modernas são essas, virtuais desde o primeiro momento? Onde foram parar as verdadeiras emoções dessas pessoas? Escondidas atrás de um teclado? O desapego é assim tão grande? Não existe entrega, intimidade, vínculo afetivo entre as pessoas? O que rola é só sexo? Orgasmo múltiplo? Real ou virtual? Enquanto durar o efeito da vodka e da caipirinha?

Se dermos uma breve olhada nos perfis das redes sociais, praticamente todos os internautas, em busca de relacionamentos, são "bem-resolvidos", "autônomos", "lindos e poderosos", verdadeiros "fodões", é de dar inveja (se realmente acreditássemos nisso). Será mesmo que não precisam de troca, de nenhuma entrega emocional, de nenhum envolvimento mais profundo? Só estão atrás de sexo, de performances pirotécnicas? É a era do "ficar" ou já estamos na era do "pegar" e "largar"?

Não sei, mas comigo a fila demora a andar. Ainda preciso de "certo alguém" que me faça sonhar acordada, que me envolva em aconchegos, que até me traga incertezas mas reais (não certezas virtuais), que saiba acalentar meu choro contido, rolar na cama e depois me traga um bom café prá me acarinhar. Pequenas "coisitas", nada mais que isso.

O filme "Closer - perto demais" (veja trailer no fim do texto) é um excelente filme que, apesar de "deprê", fala desses relacionamentos cheios de desencontros, de humilhações e traições, de almas solitárias, e principalmente da superficialidade e do hedonismo dos relacionamentos de hoje em dia.

O filme conta com Julia Roberts, Jude Law, Natalie Portman e Clive Owen envolvidos num "quarteto" amoroso, num troca-troca nada convencional, e a película inicia os créditos ao som da bela música "Blower's daughter" do irlandês Damien Rice, música essa que foi "detonada" pela versão prá lá de chata e brega da Ana Carolina - "é isso aí ??? eu não consigo parar de te olhar" (eu já não gostava daquela voz máscula - sem preconceitos - depois dessa versão então, nem se fala)






"Brilho eterno de uma mente sem lembranças"

O filme "Brilho eterno de uma mente sem lembranças" (trailer do filme no final do texto) - logo nas primeiras cenas, a sensação de confusão pode ser tão (ou mais) intensa quanto a do personagem principal, mas calma, não desanime - o filme se desenrola em flashback, começa pela tentativa de reinício da relação de um casal, corta e vai pro fim do relacionamento, corta de novo e volta pro desenrolar dos acontecimentos que levaram ao rompimento.

Confuso? Sim, mas talvez seja essa a intenção do diretor, pois confusos também são os relacionamentos, mas nem por isso deixamos de nos relacionar com as pessoas, portanto não desista, passada a primeira meia hora do filme, você vai começar a se situar, e verá o "desbunde" que é esse filme (prá entender detalhes do filme, é preciso vê-lo mais de uma vez - e vale a pena, acredite).

Não dá prá falar muito sobre o filme sem revelar (e estragar) um ou outro segredo. Basicamente trata-se de uma dolorosa "brincadeira" com as nossas mentes e nossos corações - um casal cujo fim do relacionamento acabou em mágoas e brigas, procura (primeiro a mulher, depois ressentido, o homem) por uma clínica fictícia capaz  de "apagar" toda e qualquer lembrança daquele relacionamento, com um simples programa de computação, que provoca uma "ablação" de toda conexão sináptica que estivesse vinculada a alguma recordação daquele relacionamento doloroso.

O "tratamento" para esquecer prá sempre o fulano de sua vida funciona prá ela (Kate Winslet de "Titanic") mas quando chega a vez dele (Jim Carrey "O máscara") inconscientemente ele reluta em se deixar "apagar", e por conta disso, vamos assistir a uma série de efeitos especiais e de câmera muito bem bolados (o muro e o drive-in desmoronando, a casa sendo inundada pela chuva, a "fuga" para locais remotos da memória sem lembranças) prá demonstrar a luta interior da mente (e do coração) contra aquela destruição da memória, e indiretamente das experiências vividas.

O diretor realizou um filme muito interessante, com uma imaginação fértil diante de um tema comum, numa abordagem aparentemente inimaginável mas, quem é que, ao sair de um relacionamento doloroso, não gostaria de poder apagá-lo prá sempre, poupando-nos de tanto sofrimento? Mas também nos questionamos (como o protagonista) se vale a pena apagar nossas experiências, mesmo as mais dolorosas, pois o aprendizado para uma nova relação talvez venha de uma dessas nossas experiências não tão bem sucedidas.

Essa é a temática desse filme, que conta também com outros bons atores (Mark Ruffalo do recente "Ensaio sobre a cegueira", Kirsten Dunst, a namorada do "Homem Aranha" e Elijah Wood de "O senhor dos anéis") que compõem o "time de profissionais" responsáveis pela "ablação" da memória  do Jim Carrey e que, enquanto "apagam" o cara, vivem, sofrem e "apagam" seus próprios relacionamentos. 

Aliás, se você (como eu) acha o Jim Carrey chatinho com aquelas caras e bocas repetitivas em seus filmes de comédia, vai se surpreender ao vê-lo irreconhecível num papel sério, compenetrado, sofrido e amargurado. Todo mundo vai reconhecer, no casal em questão, algum casal amigo (ou até a si próprio) pois os protagonistas são pessoas normais, dolorosamente normais, como todos nós.

O filme é um verdadeiro quebra-cabeças a ser montado, num mirabolante truque de imagens e efeitos (de câmera principalmente, prá quem curte cinema e seu "making of" é um "prato cheio") simulando a complexidade das relações e das nossas mentes (e claro, de nossos corações).

E a música "Everybody's gotta learn sometimes" cai como uma luva nas cenas de desespero e dor do protagonista, e a fotografia do filme é magnífica (principalmente as paisagens de inverno, da neve "substituindo" a areia em plena beira-mar).

"Brilho eterno de uma mente sem lembranças", um filme prá pensar e repensar. Não deixe de ver. Vale a pena.


Mulheres são 100% bruxas ???!!!

Algum tempo atrás, recebi um e-mail de uma "amiga" (entre aspas, porque com o tempo ela se revelou uma pseudo-amiga) com uma mensagem reenviada de uma amiga dela, que dizia ser "a melhor mensagem dos últimos tempos" e que ela repassasse para quem tivesse "sabedoria suficiente para entender" (com essa parte em negrito). Aguçada minha curiosidade, diante de tanto entusiasmo, fui assistir o tal vídeo.

Era uma história "chatérrima", com um visual de fundo muito brega (uma imagem parada de um único castelo "macabro"), sobre um príncipe condenado a morrer se não respondesse a fatídica pergunta (que nem Freud respondeu) "o que querem as mulheres?". O tal príncipe percorre todo o castelo a procura de alguém que saiba a resposta - e até isso acontecer, haja blá, blá,blá inútil, num texto chato, cheio de rodeios, prolixo até não poder mais.

E enfim (ufa, pensei desistir várias vezes, mas... como era a "melhor mensagem" e tinha que ser "inteligente para entender", fui até o fim para ver no que dava), ele encontra uma bruxa que tinha a resposta, mas que exigia em troca, se casar com o tal príncipe bonitão. 

E tome mais chatice, descrevendo, em detalhes sórdidos, a feiura da bruxa, para enfim surgir a fatídica resposta: "as mulheres querem ser soberanas de suas próprias vidas". Ooooooooooh! pensei com meus botões: que revelação "surpreendente" em pleno século 21. 

Mas a chatice não parava por aí, contava como foi o casamento e como o príncipe bonitão tratou a bruxa horrenda respeitosamente, apesar da feiura e das grosserias da mesma. E eis que, na lua de mel, surge uma linda mulher, revelando que, como ele a respeitou, ele a teria metade do dia bela e a outra metade bruxa, e que ele escolhesse qual o período do dia ele a queria linda (se de dia ou de noite). 

Para terminar (se para contar é essa chatice, imagine ler o original) o tal príncipe deixa a "escolha" para ela decidir (não antes de nos "pentelhar" em vários slides para adivinharmos qual seria a resposta dele), que então resolve que, seria bela o dia inteiro, já que ele "respeitou" a vontade dela.

E a tal mensagem termina com a moral da história mais macabra que já li em toda a minha vida: "Belas ou não, no fundo, todas as mulheres são bruxas, elas se transformarão, de acordo como vocês as tratarem", e ainda conclui: "entenderam?"

What????????  P... da vida por ter perdido meu precioso tempo, mandei de volta minha revolta com tamanha babaquice, perguntando quem era a "retardada" que achava que precisava de inteligência para entender aquela historinha chata, ridícula e explicitamente machista. 

Para a minha surpresa, e mais indignação ainda, a tal "amiga" me manda de volta: "você não entendeu a mensagem", ou seja, ela indiretamente estava me chamando de burra.

Sem pestanejar, "apunhalei" de volta: "a mensagem rotula as mulheres como 100% bruxas e fica claro que a bruxa ficaria com o príncipe, qualquer que fosse a resposta dele, ou seja, sendo bem tratada ela seria linda, e se maltratada seria bruxa, mas continuaria submissa, ao lado dele". 

E continuei: "você (e sua amiga) com sua visão "monocular pró-macho" não percebe o quanto essa mensagem é anti-feminista", e finalizo com meu golpe de misericórdia que a fez repensar: "fico a imaginar a Simone de Beauvoir se remexendo no seu caixão, pois de nada adiantou ter escrito "O 2º sexo" lá nos idos dos anos 50. 

Porque o que fica como "moral da história" é justamente o que a escritora feminista abominava, que era o princípio de Pitágoras de 500 anos a.C. : "há um princípio bom que criou a ordem, a luz e o homem, e um princípio mau que criou o caos, as trevas e a mulher".

De acordo com essa historinha macabra, a filosofia de anos antes de Cristo ainda impera sobre a filosofia de 20 séculos depois de Cristo. Ponto para os machos. Triste destino o nosso.

E finalizei assim o e-mail: "se somos maltratadas por algum homem, ao invés de nos tornarmos bruxas, não seria melhor continuarmos lindas e avassaladoras para outro, e mandar esse para PQP ????" 

Foi meu tiro de misericórdia final. Vencida, ela emudeceu do outro lado. E eu é que não entendi a mensagem???!!! 

terça-feira, 10 de novembro de 2009

"Magnólia", o filme

"Magnólia" é um filme totalmente inusitado em sua proposta de entrelaçar relacionamentos interpessoais, todos eles extremamente dolorosos. Todos nós, sem  exceção, já vivemos direta ou indiretamente situações como a dos personagens. Ao começar a ler essa "crítica", você talvez vá querer desistir de continuar a lê-la (e principalmente vai querer desistir de ver o filme, ainda mais quando souber que tem duração de mais de três horas), porque no nosso íntimo, tendemos a fugir de sofrimentos, mesmo que alheios, ainda mais se podem nos fazer lembrar de um dos nossos.

Mas não, não desista. O filme é sobre relacionamentos problemáticos sim, entre casais, entre pais e filhos, entre profissionais, e aborda temas polêmicos como drogas, violência, incesto e homossexualidade (sutilmente, sem ser explícito nessas cenas), mas apesar de tudo, não é um filme pessimista, ao contrário, antes de qualquer coisa, o filme é sobre perdão, resignação e compreensão. O filme deixa como mensagem que é possível haver mudanças, que os encontros são possíveis, que é possível perdoar.

O filme ameniza o desespero e desencontros dos seus diversos personagens, com muita música ao fundo, como sucessos como os do Super Tramp ("Goodbye stranger") e de Aimee Mann ("Save me") e a cena inusitada dos próprios personagens cantando a música "Wise up" ao fundo - lembra um clipe - cada um iniciando uma estrofe da música, sendo retomada a letra pelo personagem seguinte (numa alusão a um silencioso encontro, conforto e cumplicidade entre os personagens) - veja a cena no final do texto.

O filme mostra um dia na vida de vários moradores dos arredores da rua Magnólia, em Los Angeles,  num dia atípico naquela cidade (em geral ensolarada), chuvoso, com tempestades e ruas escuras, e vivenciaremos muitas histórias paralelas, aparentemente confusas, sem um fio condutor bem definido, mas que aos poucos se ligam e interligam num turbilhão de tramas  aparentemente caóticas.

Um timaço de atores como Philip Seymour Hoffman (excelente como sempre), Tom Cruise (surpreende no papel de machista resignado) e Julianne Moore (brilhante atuação) estão à vontade nos seus papéis, apesar de todos os personagens ter contas a acertar com o passado e carregarem consigo fortes sentimentos de culpa, medos e arrependimentos.

Temas difíceis de digerir como morte, ódio, solidão, culpas, são como dardos pontiagudos que atravessam nossa carne, corroem nossa alma, mas é impossível não vivenciá-las, faz parte da vida, assim como a esperança, o perdão e os sonhos.

"Magnólia" não é um filme fácil de explicar, é um filme prá ver e rever para captar os detalhes e as mensagens contidas (e escondidas) em suas cenas dinâmicas, ágeis em jogos de cenas (por isso as mais de três horas passam rápido), cheias de cortes rápidos e bruscos, de zooms e de referências bíblicas e históricas. 

A cena da estranha chuva de sapos (há cartazes "escondidos" no filme em referência ao texto bíblico do "Êxodo" - tente achá-los) é uma referência aos milagres e "acasos" da vida, numa alusão de que, se é possível "chover sapos" (o menino em sua inocente crença repete insistentemente, vendo de sua janela os sapos caindo do céu, "isso acontece, isso realmente pode acontecer"), então também pode-se acreditar em milagres e no perdão,

e essa cena aparentemente absurda (a chuva de sapos), que poderia ser "um castigo de Deus", nos mostra que, às vezes, por meio de situações dramáticas e absurdas, podemos encontrar o verdadeiro sentido das coisas (será que Deus escreve mesmo certo, por linhas tortas?).

E por causa da chuva de sapos, milagres e "acasos" acontecem com os personagens, e a redenção final se dá no sorriso discreto, mas confiante, no rosto da personagem vítima de incesto e viciada em cocaína, lavando nossa alma de confiança e esperança de que dias melhores virão.

Pesado, mas tocante e encantador. Não deixe de ver. Eu recomendo.


segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Amargas recordações (sem hora prá voltar)

Tudo que vivenciamos fica impregnado no nosso íntimo e se reflete externamente nas coisas materiais, sob a forma de lembranças, sejam elas boas ou más. Os nossos cinco sentidos evocam emoções, e as guardam na nossa memória, ora sob a forma de boas lembranças, ora sob a forma de amargas recordações.

Sons, cheiros, imagens, às vezes lembranças de um toque suave, noutras um gosto amargo de uma desilusão. Boas recordações como doces cheiros da infância, sons saudosos da adolescência, registros visuais em imagens eternizadas em fotografias, ou ao contrário, amargas lembranças como o gosto de fel de um amor bandido.

Certos filmes, certos livros, certos versos e certos contos aos quais eu me apego, que me tocam a alma e o coração, certamente têm um pouco de mim em cada um deles, um pouco do que vai no meu íntimo, dos meus anseios e desejos pela vida.

Experiências traumáticas nos levam a nos afastarmos de recordações que agucem os nossos cinco sentidos. Acho que por isso costumo ser "enciumada" com as cópias dos filmes que "mexem" comigo, hoje em dia reflito bastante antes de emprestá-los (e a quem emprestá-los) pois já tive decepções num desses "empréstimos",

não no sentido de não ter de volta a cópia, materialmente falando, mas sim emocionalmente falando - explico melhor - já emprestei uma cópia de um filme que eu amava "de paixão", e ao emprestá-lo a um "certo alguém", praticamente eu estava emocionalmente me entregando a essa pessoa, e inclusive gravei a trilha sonora desse filme e a dei de presente, como quem se entrega de corpo e alma,

mas prá minha decepção, a minha expectativa em torno desse "certo alguém" foi frustrante, essa "persona" não merecia nem o tal filme nem a trilha sonora, ou seja, não me merecia.

E hoje, o tal filme (e as tais músicas) estão chafurdadas no fundo da minha estante, não consigo mais nem rever o filme, nem ouvir as músicas, um misto de repulsa e raiva tomam conta de mim,  simplesmente não consigo.... amargas recordações.

 


Documentários imperdíveis

Dicas de documentários imperdíveis - os reveladores e provocantes "The corporation" e "Sicko - SOS saúde". E o sensível e emotivo "A marcha dos pinguins".

O primeiro mostra como, sem percebermos, somos dominados e "engolidos" pelas grandes corporações (como a Coca-cola, o Mac Donald's, as famosas marcas de vestimentas), e como o poder, o dinheiro e o lucro a qualquer preço podem romper a tênue barreira da dignidade e do altruísmo do ser humano. É claro que deixar de consumir num mundo globalizado é quase impossível, mas o documentário consegue convocar o público a adotar o tal do consumismo consciente. Provocante, no mínimo é obrigatório assistí-lo (veja abaixo).

O segundo documentário é do Michael Moore (o mesmo do também excelente "Tiros em Columbine") e discorre sobre os planos de saúde nos EUA e seus auditores corruptos, e como nós médicos éticos somos reféns deles (qualquer semelhança com os nossos planos e auditores é mera coincidência?) e compara o sistema de saúde dos EUA com outros países como Inglaterra, França e Cuba.


Michael Moore com seu humor ácido e irreverente, ao som da voz inconfundível do Cat Stevens cantando "Don't be shy" ao fundo, está imperdível. Moore nos brinda com um discurso "incredible" do Bush sobre ginecologistas/obstetras (mais incrível ainda quando nos lembramos que estivemos à mercê de um pateta,só que letrado (????) como o Bush, e ainda reclamam do nosso semi-analfabeto Lula).


"A marcha dos pinguins" é um documentário francês sobre a luta dos pinguins-imperadores pela sobrevivência, que todo ano atravessam numa longa caminhada até o único local possível para reprodução, no frio gélido da Antártica. O filme é de uma beleza ímpar, e a bela música com a voz quase infantil da cantora francesa 'Emile Simon", acompanhando os pinguins na árdua caminhada, é encantadora e extremamente envolvente.









sábado, 7 de novembro de 2009

"Casal fake"


Não me perguntem o porquê, mas frequentemente viro "psicóloga" e/ou "orientadora emocional" de amigas que me pegam e me fazem de "confessionário" de seus relacionamentos, em geral, relacionamentos esses conturbados e conflitantes.

E o que me intriga mesmo, é o número cada vez maior de mulheres casadas e infelizes (há até peça de teatro sobre o tema: "Sou infeliz...mas sou casada") - algumas, inclusive, confessam que já nem fazem sexo com o parceiro (algumas há mais de ano, inacreditável!!!) e muitas nem têm 40 anos ainda - me pergunto, como conseguem ficar dentro de um casamento assim??? não consigo entender -

algumas até dá prá entender (embora eu não aceite essa passividade), pois alegam filhos pequenos, dificuldade financeira para assumir sozinha uma casa e os filhos (muitos pais realmente "esquecem" os filhos e seus deveres paternos quando se separam), mas.... 

e as que já têm filhos adolescentes (alguns até já adultos) e podem se garantir financeiramente??? Não consigo entender, leio e releio "manuais de psicologia", mas continuo sem entender o que leva essas mulheres a insistir nesse tipo de relacionamento "fake", pois na maioria deles, o tal parceiro invariavelmente está "pulando a cerca" e em geral a mulher não - ela desistiu da vida, "entregou os pontos" aos 40 anos de idade???

Falta amor-próprio, é muita auto-estima "zerada", aceitar essa situação é humilhante, muitas se separam apenas porque "descobriram" (na verdade sempre souberam) a traição, mas depois aceitam o fulano de volta, e tudo se repete como antes (o fulano volta a "pular cerca") porque o relacionamento sofreu os baques da separação, das brigas, das traições, e nunca será como foi um dia, mas muitas aceitam resignadas a "nova" situação.

Fico angustiada quando vejo qualquer mulher nessa situação, porque só ela pode se libertar, mas está presa em conceitos morais que valorizam a "união" (mesmo fake) até que "a morte os separe", mas a meu ver, esse tipo de "casal fake", sem ironia, "já morreu e se esqueceu de deitar". 

Vai por mim, mas viver nesse tipo de relação fake, melhor "um vibrador", e leve a mal não, mas homem que vive "pulando cerca", sinceramente, prá mim não serve nem prá limpar o cocô do meu cachorro (que eu nem tenho).


E o cinema não se cansa de mostrar esses supostos casais "felizes", que se escondem atrás de um casamento fake, vivendo de aparências, como no filme "Beleza americana" (abaixo, trailer desse ótimo filme).




"Visão do Inferno"

No nosso imaginário infanto-juvenil o inferno seria um lugar em brasas, horrendo, com corpos ardendo em chamas, um calor insuportável, literalmente um "inferno". 

Mas já adultos, diante das amarguras e desafios da vida, tendemos a achar que na verdade "o inferno é aqui". Será? Sempre me questionei sobre isso, mas há pouco tempo, essa dúvida se dissipou; é que sem querer, eis que num belo dia - na verdade não diria belo, já que a cena, a que fui exposta contra minha vontade, não foi nada bela, aliás foi horripilante - explico em detalhes a seguir:

Estava eu chegando no meu plantão semanal, quando recebo o meu colega (se é que se pode chamar de colega alguém com tal comportamento) que eu iria render, literalmente nu, apenas com um lençol enrolado na cintura (aliás cintura não, aquilo na verdade é um tonel de carvalho de cachaça, dos maiores que já vi).

Ora, o fulano quando está "bem vestido", de terno e gravata, penteado e asseado, é o "cão chupando manga", é o "capeta" em forma de gente, imaginem o tal, descabelado e remelento, com cara de "Deus me livre" e nu com uma toalha em volta da pança (juro que tive ímpetos de chamar a obstetrícia para fazer o parto).


Pedi educadamente que o fulano se recompusesse e se vestisse, mas o tal "se acha", é o perfeito "si si", sem noção de ridículo, apesar de minha súplica, continuou a passar o plantão nos tais trajes.


Aliás, todos conhecem o sujeito, sabem que é o típico "propaganda enganosa", literalmente "não-tá-com-nada-nas-cuecas", mas faz propaganda de sua performance (fake) para os amigos embasbacados que acreditam nele.


Não tive mais dúvidas, diante daquela cena dantesca, se existe inferno, aquela era literalmente a "visão do inferno".

terça-feira, 3 de novembro de 2009

"A alma imoral"

O rabino Nilton Bonder, em seu livro intitulado "A alma imoral", nos surpreende com o conceito de que a alma é transgressora, e é ela (e não o corpo), imoral em sua concepção, que rompe com conceitos e preconceitos enraizados em nossa consciência. 

Me senti embriagada pela leitura, quase uma "revelação divina", pois me parecia ter encontrado ali as respostas aos porquês de tantas indagações que sempre fiz pela vida afora, as respostas para tantos paradigmas, tradições, contradições, conceitos morais, amorais e imorais (para mim, o único livro "revelador" que tinha lido até então tinha sido "O 2º sexo", de Simone de Beauvoir).

A leitura das famosas passagens da Bíblia (que li e reli quando menina) e que sempre me fascinavam e me intrigavam ao mesmo tempo estavam todas ali  meus pais compravam coleções ilustradas da "Bíblia Sagrada" com imensas e impressionantes (e impressionáveis) gravuras do Éden, Adão e Eva amaldiçoados por uma serpente, o mar Vermelho se abrindo para dar passagem aos hebreus em fuga, a mulher transformada em estátua de sal, etc.

E de repente, todas aquelas parábolas, agora revisitadas pelo rabino, sendo comparadas aos dias atuais, com a nossa atualidade, com o nosso dia a dia, nossos erros e acertos nos relacionamentos interpessoais, nossa alma totalmente desnudada, sem malícia e sem pudor. 

O bom e o correto, o mau e o errado... e de repente, o correto que nem sempre é bom, e o errado que nem sempre é mau... a traição à tradição, e a alma em sua proposta evolutiva que desobedece e transgride (por isso "imoral") e que, consequentemente, não se trai a si própria. 

Numa das parábolas, a dos judeus fugindo do exército egípcio (em busca da terra prometida, encurralados diante do mar Vermelho e atrás deles o exército), o autor compara esse episódio bíblico com os processos de mudança que ocorrem na nossa vida, o nosso corpo questiona a "sensatez" da alma, que por sua vez impõe uma "caminhada" que, para o corpo, parece ser um enfrentamento intolerável, com uma barreira aparentemente intransponível. 

O rabino explica: o Egito tinha sido "um lugar amplo", mas agora tinha se tornado um "lugar estreito", o povo judeu precisava se libertar e sair em busca da terra prometida, e agora o imenso mar os separava do futuro e o passado lá atrás já não era o melhor lugar. Segundo a Bíblia, o povo judeu, diante da incerteza, se dividiu em quatro acampamentos de acordo com suas escolhas: o primeiro quer voltar, o segundo quer lutar, o terceiro quer jogar-se ao mar e o quarto mobiliza-se em oração.

E qual a melhor escolha? Voltar pro Egito? (pro passado? aceitar ser escravo do lugar estreito?) Lutar contra os egípcios? (numa alusão de que o lugar estreito irá se ampliar à força?) Jogar-se ao mar? (desistir de tudo? do passado e do futuro?) Rezar? (para aceitar o lugar estreito, fingindo que ele tornou-se amplo?)

No livro, o rabino mostra que, também na nossa vida (sentimental, profissional, familiar, etc) tendemos a assumir um dos quatro "acampamentos", quando nossa alma anseia por sair de "algum lugar estreito" que um dia até foi amplo, mas que agora nos oprime.

Então qual a melhor escolha? Qual dos quatro "acampamentos" seria o mais adequado quando estamos, por exemplo, num relacionamento afetivo "estreito" que já não nos preenche a alma? Segundo o rabino, nenhum dos quatros acampamentos é a reposta certa, para a alma imoral, para o futuro. 

Ele explica isso através de outro acontecimento nesse episódio bíblico, quando Deus manda uma ordem para Moisés: "Diga a Israel que marche". Mas o povo receoso se dividiu nos tais acampamentos. Eis que, segundo o Talmud, um judeu que não sabia nadar, começou a adentrar as águas do mar, e só quando não dava mais pé, com a água já lhe alcançando as narinas, é que as águas do Mar Vermelho finalmente se abriram, no episódio conhecido por todos nós.

Numa alusão ao que acontece na nossa vida, o futuro só se desponta no horizonte, se acreditarmos nele; enquanto acharmos "que dá pé", ficamos estacionados num dos quatro "acampamentos" e não evoluímos: ou ficamos escravos (1° acampamento) de um relacionamento, ou tentamos "brigar" (2° acampamento) achando que vamos mudar nosso parceiro, ou então desistimos e "entregamos" os pontos (os suicidas) ou então apenas rezamos (como no "4° acampamento"), acreditando que vamos nos adaptar àquele relacionamento fracassado.

Segundo o rabino, o correto é partir, "marchar" sem olhar para trás  vai ter uma hora que parece que vamos nos afogar (tal o sofrimento após o rompimento da relação), com água já no nariz, mas se insistirmos na "caminhada", a alma, enfim liberta, nos guiará pelo caminho seco de uma margem a outra e o futuro se abrirá à nossa frente. 

O que não existia passa a existir e um novo lugar amplo se faz acessível. Esse profundo ato de confiança em si mesmo e no processo evolutivo da vida garante a passagem pelo aparente vazio que, magicamente, se concretiza em "chão" sob nossos pés.

"A alma imoral", um livro cujo texto amoral põe o mundo moral abaixo, ao expor a alma em sua forma transgressora e imoral. Necessário. Revelador.

Em tempo: abaixo crítica da peça teatral, de mesmo nome, adaptada pela atriz Clarice Niskier. A atriz está perfeita em cena, num monólogo despido de pudores, em que se apresenta totalmente nua (se cobre em vários momentos com apenas um pano preto transparente que lhe serve de vestimenta nos diversas passagens da história da humanidade), numa alusão de que o corpo é amoral, e imoral é a alma. 

Eu assisti a peça e ninguém resiste, todos sem exceção aplaudem de pé ao monólogo instigante e intrigante. Vale a pena assistir. Não perca, a atriz está circulando todo o Brasil com o monólogo, e deve retornar ao eixo Rio-São Paulo em breve.







domingo, 1 de novembro de 2009

"Os muito feios que me perdoem....."

Parodiando Vinícius de Moraes: "Os muito feios que me perdoem, mas beleza máscula é fundamental". Pois minha mais recente pesquisa do comportamento e "psiquê" humano se baseia no princípio já enraizado culturalmente entre os machos de que a mulher não é estimulada sexualmente pela visão do corpo masculino. Bulshit.

Esta filosofia barata machista funcionou como "lavagem cerebral" no tempo das nossas mães e avós (donas de casa "atrás de segurança"), mas nos dias de hoje, simplesmente não cola, porque em pleno século 21 com as novas balzaquianas (mulheres de 40 a 50 anos, com jovialidade e corpo de 30 anos, "donas de seu próprio nariz"), essa já não mais representa uma "verdade verdadeira" (prá desespero de muitos machos desprovidos de beleza física).

Claro que, como pro homem tem que ser uma visão de uma fêmea do tipo mulherão para estimulá-lo, o mesmo acontece com a mulher, a visão de um "espécime exemplar" é fundamental. E como no mundo animal, o que atualmente importa inicialmente no parceiro é a força e a beleza - no reino animal o pavão é o melhor exemplo disso, cuja cauda de penas coloridas são a versão de bíceps esculpidos, cabelos sedosos e barriguinha sarada, ou seja, "pavões com caudas mais vistosas atraem mais fêmeas que os sem tais apetrechos".

 Claro que o status é importante, mas não o financeiro, mas o "status quo" do sujeito na sociedade, ou seja, não adianta ser "bem apessoado" e ter apenas sex-appeal, se a seguir descobrimos que o fulano é um perfeito idiota, desprovido de cérebro, ou tem fama de cafajeste, de "pau-mandado", de babaca, ou de mau-caráter, o quesito beleza perde ponto na hora (infelizmente para muitos homens não funciona do mesmo jeito, algumas "belezuras" são totalmente lesadas e mesmo mau-caráter e o sujeito continua a desfilar com a fulana).

O que tenho percebido é que homens menos desprovidos de beleza (e principalmente descuidados com a aparência) acabam procurando garotas mais novas "prá dar um gás" na vida deles, mas que, não sabem eles, são essas que realmente estão atrás de "segurança", por isso ainda preferem homens mais velhos que elas (agora ninguém vai me convencer que elas não iriam ter mais tesão com um mais novo e mais sarado), daí eles correm o risco de estarem diante de verdadeiras interesseiras (a piada mais famosa de que mulher não gosta de sexo e sim de dinheiro, cabe só aqui pois, com certeza, o único atrativo nesses casos é a conta bancária do sujeito)  

ao contrário, homens mais bem resolvidos estão a procura de mulheres da mesma idade deles e que já tenham vida própria, e sorte nossa, são os que estão mais preocupados com a própria aparência (pois sabem que essas novas mulheres estão de olho no visual e não no dim-dim deles).

A verdade é que a beleza física é o principal atrativo à primeira vista, tanto pro homem quanto prá mulher, mas deveria ser, num segundo momento, secundário, para um verdadeiro relacionamento vingar, o que seria bom para todos, pois do contrário, os menos desprovidos de beleza (tanto homens quanto mulheres) ficariam a ver navios.

Só fico literalmente p... quando esse conceito de beleza é visto por machos como o único "predicado" importante na sua investida no sexo feminino, e se perceberem são os machos "endinheirados" (e muitos expõem isso como um troféu e depois não sabem porque só se envolvem com pistoleiras) mais babacas, mais cafajestes, mais ridículos, mais lesados (leia-se desprovidos de cérebro), mais fora de forma (com uma pança "respeitável" e peitinhos suplicando por um soutien) que querem nos convencer que "beleza no homem não é fundamental". Abaixo a tirania dos homens.




"Romantizar" a relação

Voltando a um dos temas do livro "O corpo fala" sobre a esfinge que representa o conjunto de bichos que forma o nosso "eu" - nós mulheres temos os nossos três bichos (águia, leão e boi) em eterno conflito, quando se trata de sexo, e eles (nossos bichos) precisam conviver harmonicamente para que um bom relacionamento com o parceiro dure (e perdure).

Os homens costumam dizer que nós "romantizamos" demais a relação. Pode ser, mas com toda a "lavagem cerebral" que nós mulheres recebemos, gerações após gerações, nossa parte águia (moralidade, preconceitos, virgindade) e nossa parte boi (sexual, carnal) estão sempre em eterno conflito.

Ao "romantizarmos", nós mulheres suprimos nossa parte leão (sentimentos, emoções) e então conseguimos sem culpa liberar nossa parte boi (com investidas mais picantes na cama, por exemplo) sem medo de sermos julgadas pela nossa parte águia.

Os homens deveriam agradecer, porque é essa romantização que mantém uma mulher fiel e que pode transformá-la numa máquina de sexo sem culpas, mas os homens não aprendem a estimular isso, ao contrário muitos relacionamentos se acabam porque caem numa rotina sem romantismo (o homem já conquistou seu "troféu" e não mais investe em renovar a conquista)

e fatalmente, como para a mulher o prazer (boi) está associado ao lado sentimental (leão) - não sei se isso é cultural, mas ainda é real nos dias de hoje - acaba não havendo mais prazer por parte da mulher e fatalmente afeta o casal como um todo, e muitos relacionamentos acabam fracassando por falhar justamente nessa tal romantização.

Se nossa parte leão estiver com um espinho cravado na pata (herança de um relacionamento doloroso do passado), como todo leão ele ruge e morde, está sofrido, mas se a parte leão (romântica) de um outro alguém nos tira delicadamente o espinho, os rebeldes boi e leão vão fatalmente dominar a nossa parte águia, mandando-a "às favas" e não mais "respondemos" por nossos atos.

Portanto, ativas teu lado leão, e romantizas a relação e terás para sempre dez mulheres em uma. Duvidas?







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