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domingo, 25 de julho de 2010

Trilhas sonoras "dançantes"

Como diz Frejat na música "Segredos", ao "começar a revelar os meus segredos", desnudei minha alma, admitindo que a inspiração para escrever me foge, quando estou feliz, só me restando o cinema como fonte de inspiração. "Não sou alegre, nem triste, sou poeta", dizia Cecília Meireles.

Assim, enquanto nada me incomodar o espírito, ao meu redor, no convívio com esse "mundo cão" (leia-se machismo, mau-caratismo e falta de ética) e, "adorável anarquista" que sou, enquanto nada me "assaltar" ou me "saltar os olhos", vou seguindo "pelo mundo e pela vida" dando dicas de cinema. 

E em "Amor prá recomeçar", o músico Frejat profeticamente também nos ensina que "quando você ficar triste, que seja por um dia, e não o ano inteiro" e "que você descubra que rir é bom, mas que rir de tudo é desespero", assim aprendi que a vida ora nos traz alegria, ora tristeza, e assim, atualmente feliz, por ter ultrapassado, mais uma vez, mais um obstáculo (até quando teremos que lutar tanto pela vida?).

E me preparando para me mudar para meu novo e definitivo apartamento, me envolvi com a alegre "missão" de preparar um belo "open house" - e claro que o cinema não podia deixar de me inspirar, pois está recheado de músicas dançantes, e assim, "repasso" essas dicas, que incluem muitos dos filmes que movimentaram as famosas discotecas dos anos 80. 

"Footloose" - o filme é dos anos 80. Depois de um trágico acidente envolvendo adolescentes após uma balada, instituiu-se uma lei proibindo festa, dança e música, e consequentemente toda a alegria dos jovens de uma cidadezinha  interiorana dos EUA, mas o personagem de Kevin Bacon, recém-chegado da cidade grande, vai enfrentar toda a moral rígida da conservadora cidadezinha. E com a música-tema "Footloose" (de Kenny Loggins) é impossível ficar com os pés parados. 



“Flashdance”, romance musical que fez sucesso nos anos 80, conta a história da garota (vivida pela atriz Jennifer Beals) que trabalha numa fábrica, que quer a todo custo realizar seu sonho de ser bailarina, e mistura a dança de rua com o balé clássico, e as músicas desse famoso filme embalaram muitas das discotecas da década de 80.


“Os embalos de sábado à noite” não precisa nem falar, virou ícone das baladas e discotecas, com as famosas meias "lurex" e cabelos "pigmaleão". John “Tony Manero” Travolta e os Bee Gees jamais serão esquecidos. Logo depois surgiu "Grease, nos tempos da brilhantina", consagrando para sempre John Travolta.


"Priscilla, a rainha do deserto" lançado na década de 90, esse divertido e irreverente filme australiano retrata a aventura de três drag queens que, por motivos diferentes, resolvem deixar o conforto da cidade de Sidney, para se embrenhar em pleno deserto australiano, em um ônibus bem ao estilo gay, todo em rosa pink (a “Priscilla” do título), numa turnê de shows performáticos.

Os atores que encaram essa investida no mundo gay são os machões Terence Stamp (considerado ícone sexual nos anos 60), Hugo Weaving (o chefe do esquadrão anti-vírus de “Matrix”) e Guy Pearce (do suspense “Amnésia”) que  incorporaram “di-vi-na-men-te” o papel. Eles estão ótimos e a trilha sonora não podia deixar de ser os famosos “hinos” gays, como “I will survive” (de Gloria Gaynor), “Finally”, “I Love the lightlife”, “Shake your groove thing”.


Saindo um pouco do estilo dançante:

“A cor púrpura” – a bela e triste história, dirigida por Steven Spielberg, da garota (Whoopi Golgberg) violentada e separada dos seus filhos, e escravizada pelo homem que se torna seu marido contra sua vontade, é suavizada pelas belas canções recheados de blues – a cantora americana Tata Vega “empresta” sua magnífica voz para a atriz Shug Avery, cantando “Miss Celli’s blues” para a sofredora Whoopi, e também no belo “duelo” de vozes potentes, ao som de “God is trying to tell you something”, e de quebra ainda temos a apresentadora/atriz Oprah Winfrey num papel surpreendente e convincente.


“O guarda-costas” – a cantora Withney Houston faz o papel de uma também cantora, que precisa de proteção para sua família, por estar sendo ameaçada anonimamente por um possível fã . É um romance policial bem estruturado, recheado de belas músicas, escritas exclusivamente para o filme, na voz potente da própria cantora... e não precisa dizer mais nada, pois um “guarda-costas” belo e charmoso como o Kevin Costner já vale o “ingresso”.


“Cidade dos anjos” nesse filme o “anjo” Nicolas Cage e a “médica” Meg Ryan vivem um romance surreal, ao som de belas músicas que entraram para as “paradas de sucesso”, como “Iris” de Goo goo dolls, “Invited” de Alanis Morrissete e “Angel” de Sarah Mclachlan.


E, como no vídeo “Suscreem”, um dos conselhos é "dance mesmo que para isso você só tenha a sua sala de estar" (eu sempre fiz isso desde a minha adolescência), é uma boa hora para seguir este conselho, nada como começar com as músicas dançantes destes ótimos filmes.


Como sempre, não dá prá falar de todas, mas acho que vão "valer as dicas". Já me perguntaram se eu não tinha medo da morte, já que lido com "ela" o tempo todo na minha profissão (cardiologista) realmente não tenho medo, mas me tirem o cinema, a dança e a música, e simplesmente não mais terei "uma razão prá viver" (de novo Frejat em "Segredos").




domingo, 18 de julho de 2010

O dia internacional do homem

No último dia 15 de julho, comemorou-se "o dia internacional do homem" (pasmem, esse dia já existe desde 1999, mas eu confesso que desconhecia, um amigo me contou, e comentou que eu deveria aproveitar e divulgar a data, num texto, no meu blog), assim, em homenagem ao "dia do homem", volto ao inesgotável tema "homem é tudo palhaço", pode parecer contraditório (mas até o fim do texto me explico), pois admito que não são todos os homens que se enquadram nessa categoria da "arte circense" (ainda bem),

mas como eles existem, resolvi voltar ao tema, porque nunca pensei que um dia me envolveria com um desses "ridículos", porque tenho o cuidado de checar "onde estou pisando", antes de me envolver com qualquer um que cruze o meu caminho, pois como sou frequentemente abordada por inúmeros galanteios masculinos no meu dia a dia (como já disse, aqui no blog, em janeiro de 2010, no meu texto sobre as bem-resolvidas "mulheres alfa"), não caio fácil em "conversa mole", mas parece que alguns "palhaços" são profissionais nessa "arte circense" e não é assim tão fácil descobri-los,

assim o "palhaço" em questão (que eu acabei me envolvendo, e que eu já conhecia há anos e jamais imaginaria estar diante de um "ridículo"), mesmo insistindo que "formávamos um belo par"(dizia isso "de graça", sem que eu nada exigisse), acabou confessando que tinha um "rolo" antigo (que só bem mais tarde, fui descobrir que era, na verdade, um rolo "compressor", tal o "bagulho" que tinha a tiracolo, e ao que parece, não vai conseguir se livrar nunca),

e quando percebeu que eu jamais aceitaria ficar "nos bastidores", "fora do palco", "longe dos holofotes", pois como já disse, dou (e exijo) exclusividade nas minhas relações (leia texto "Homem comprometido..., não rola" em abril de 2010), e que eu estava caindo fora daquela roubada, como todo "palhaço" que se despede do picadeiro, o "ridículo" usou os velhos clichês, "eu não sirvo prá você", e saiu com a máxima "foi bom enquanto durou", como quem descarta um papel de bala. Palhaçada típica de cafajeste. Tenho nojo só de me lembrar dessa época.

Assim, como nenhuma de nós (nem mesmo as mulheres-alfa) está livre dessas "palhaçadas circenses", volto ao tema, e aproveito para falar do "pé na bunda" mais famoso e divulgado do mundo, cuja protagonista da história ganhou fama e acabou sendo aclamada internacionalmente.

Quem não gostaria de, após levar um legítimo “pé na bunda”, tirar de letra, dar a volta por cima e ainda colocar outro no lugar do “bofe”? Quem não gostaria de usar o “fora” literalmente a seu favor? Pois essa foi a idéia genial de Sophie Calle. Já imaginou levar um “pé na bunda” por e-mail (o "palhaço" não teve coragem de encará-la), decidir “curtir a fossa” publicamente e ainda se dar bem?

Famosa pelas suas performáticas obras (as “loucas” e prá lá de irreverentes “Histórias reais” dela) – seja fotografia, performances ou livros – a artista plástica francesa (e escritora “nas horas vagas”) Sophie Calle  é autora e personagem de si mesma,  tem sempre  a sua própria vida retratada em suas muitas obras, não tem medo de se expor, a arte e a vida da artista se fundem numa só, sem nenhum pudor, suas obras (e sua vida) são “um livro aberto” ao público.

A vida (dela) imita a arte e vice-versa. Sophie Calle sempre se desnuda de preconceitos, de pudores, e literalmente de roupas, pois já se fingiu de "stripper", já passou uma noite numa "cama com estranhos" no alto da torre Eiffel, já enviou "cartas de amor" para si mesma, já “perseguiu” desconhecidos na rua (que gerou o ensaio “Suíte veneziana”), já contratou detetives para “persegui-la”( o ensaio “A perseguição”), tudo isso tendo como objetivo expor a vulnerabilidade humana (e a sua própria) e a sua curiosidade pelo outro (praticamente um "voyerismo" artístico).

Essa é Sophie Calle. Inusitada e irreverente como sempre, resolveu, a partir de um legítimo “pé na bunda” que levou através de um e-mail, pegou a dita cuja e transformou-a num best-seller, em que mais de 100 mulheres de diversas profissões (advogadas, médicas, cantoras, bailarinas, compositoras, etc),

algumas inclusive famosas (dentre elas a 1ª dama francesa Carla Bruni , a atriz espanhola Victoria Abril, a francesa Jeanne Moreau e a portuguesa Maria de Medeiros) lêem e  interpretam de mil maneiras diferentes a tal carta que termina com “Prenez Soin de Vous” (“Cuide de você”), a famosa frase em francês que dá título ao livro e ao vídeo.

Palavras de Sophie Calle:“Recebi uma carta de rompimento. E não soube respondê-la. Era como se ela não me fosse destinada. Ela terminava com as seguintes palavras “cuide de você”. Levei essa recomendação ao pé da letra. Convidei 107 mulheres, escolhidas de acordo com a profissão, para interpretar a carta. Analisá-la, comentá-la, dançá-la, cantá-la. Esgotá-la. Entendê- la em meu lugar. Responder por mim. Era uma maneira de ganhar tempo antes de romper. Uma maneira de cuidar de mim.”

Ela pediu que as tais mulheres lessem a carta (veja no final do texto), e então filmou as reações e expressões femininas diante daquele “fora” eletrônico, que acabou se transformando em uma obra de sucesso. A tal carta foi criticada por uma crítica literária, analisada por uma psicóloga, dançada por bailarinas, enfim, dissecada de todas as formas possíveis, e quem viu o vídeo garante que as vozes ecoam com um fundo musical penetrante, que vai pouco a pouco hipnotizando os ouvintes.

A polêmica sobre essa história é que o fulano que a “despachou”, é também um (não famoso como ela) escritor francês chamado Grégorie Boullier (ela dedica o livro “Histórias reais” a outro “Greg” que ela se envolveu após o "fora" do escritor) e os dois lançaram ao mesmo tempo seus livros (ironicamente ele lança um livro, “O convidado surpresa”, sobre como eles se conheceram, ele um novo desconhecido que ela, sempre irreverente, convidava para as suas festas de aniversário),

muitos dizem que tudo não passou de jogada de marketing dos dois escritores, pode até ser, mas como toda a obra dela (anterior a essa), sempre foi um “livro aberto”, ela nunca teve medo de se expor, sempre esteve na linha tênue que separa ficção e realidade, na fronteira entre a vida e a arte, provavelmente a jogada seja dela,

ou seja, ela reverteu literalmente o "pé na bunda" a seu favor, sendo aclamada como “uma das artistas mais interessantes do cenário artístico internacional”. Levou um fora e “deitou na cama” do sucesso internacional.  Grande sacada. Genial (abaixo, no final do texto, a exposição da francesa, e o texto falado do famoso, e prá lá de enigmático, "fora" eletrônico). 

No dia internacional do homem, cujo objetivo (segundo texto no wikipédia) é "melhorar a saúde dos homens, melhorar a relação e promover a igualdade entre gêneros, e destacar papéis positivos de homens como combater o sexismo (será???) e, ao mesmo tempo, celebrar suas conquistas e contribuições na comunidade, na família, no casamento e na criação dos filhos",

que isso sirva de lição, quem sabe sirva para ensinar aos "palhaços" que andam a solta por aí, que sentimentos não devem ser tratados como brincadeiras circenses em picadeiros alheios.

Mas termino com a música de Fagner, comemorando o dia internacional do homem, homenageando os merecidamente "não palhaços", aqueles seres humanos do sexo masculino que, antes do gênero, são como nós, mulheres, "humanos demasiadamente humanos", com sentimentos e sensibilidade.







quarta-feira, 14 de julho de 2010

Homem é tudo "clown"

Há pouco tempo vi uma entrevista no Jô Soares, com as "donas do circo" (leia-se autoras) do recém-lançado livro intitulado “Homem é tudo palhaço”, em que as mesmas discorrem sobre “as palhaçadas” que uns machos (que “se acham”) fazem, para se livrarem das mulheres que já não mais os interessam.

Uma telespectadora do Jô “entrega” um desses palhaços que passou pelo “picadeiro” dela, que teve a audácia de dar “de presente” de despedida da relação, pasmem, um pacote de biscoito “passatempo”. Palhaçada digna de um "Circo de Soleil".

Não pude deixar de me lembrar de uma grande amiga, que é um verdadeiro “chamariz” para esse tipo de “palhaçada” – o último “palhaço” que passou pela vida dela ficou conhecido entre nós, suas amigas, como “o ridículo”, pelas desculpas esfarrapadas que ele dava, mesmo sem ela nunca ter tido nada com ele, e nem mesmo cobrado nada dele,

e que, segundo as autoras do livro, o tal “ridículo” se encaixa no  apelido de “palhaço contatinho”, ou seja, é aquele que gosta de “manter contato”, que diz assim: “sabe que quase te liguei hoje?” quase te chamei prá sair?”, e prá variar, numa tirada perfeita, Jô Soares dá um outro apelido hilário ao tal “palhaço contatinho”(veja vídeos, no final do texto).

Quanto a mim, como não sou de levar qualquer um para o meu "picadeiro", das poucas vezes que caí numa dessas, foi porque jamais poderia imaginar que estava lidando com um "palhaço", pois já o conhecia há anos, e nunca poderia imaginar que o tal seria capaz de uma dessas  "palhaçadas".

O interessante é que, o que antes seria vexatório para essas mulheres, que literalmente levaram “um fora” homérico, agora virou motivo de pilhéria, para que as mesmas se vinguem desses “ridículos” – agora o “palhaço” é exposto em praça pública e “emoldurado”, prá conhecimento de todos e vingança futura, ou seja, o “palhaço” agora deve pensar duas vezes, antes de repetir a “palhaçada” com a próxima “dona do circo”.

A “ciência” (veja, no fim do texto, vídeo hilário sobre diferença entre homem x mulher) tenta explicar essas diferenças entre os sexos, mas a meu ver, é meramente cultural, o patriarcado que impera até hoje mundo afora, endeusa o homem e vangloria o machismo, e até muitas de nós, mulheres (eu não, não contem comigo, “tô” fora dessa), temos dificuldade de valorizar o nosso próprio sexo.

O “poder do falo” não nos foi dado, e o homem aproveita a lavagem cerebral de séculos, pois desde os grandes filósofos da antiguidade somos massacradas como “seres inferiores” (veja texto “O eterno preconceito contra a mulher” aqui no blog, em junho de 2010), para nos subjugar eternamente.

Mas já não mais queremos ser subjugadas como no passado – leia   também aqui no blog, texto “Afinal  o que querem (de nós) os homens?” em abril de 2010 – e para ilustrar (e confirmar) que esse “poder do falo” já não é mais o mesmo como antigamente, termino esse texto, com outro vídeo hilário, do Jô Soares  em “piada da namorada”.




 



 



domingo, 11 de julho de 2010

A justiça divina e a dos homens. Até quando esperar?

Na minha profissão (sou médica), deparo frequentemente com pessoas que simplesmente “entregaram os pontos”. Enquanto escrevo, me vem à lembrança o olhar de uma delas, uma moça de uns 30 anos, a sua voz ainda soa lúcida (e até serena) na minha mente, num semblante neutro de alguém que desistiu da luta, já não mais espera nada, nem da vida, nem de ninguém.

E o pior, se acomodou, não tem mais reações, nem de tristeza, nem de ódio, simplesmente não espera nada mais da justiça divina, muito menos da justiça dos homens,... e eu do outro lado, mesmo tendo que, eticamente, demovê-la dessa idéia mas, no meu íntimo, uma voz interior, dizia para mim mesma, “sim, ela tem razão, lutar para quê???”. Qual o sentido dessa vida, nesse mundo tão ingrato? As pessoas, para todo lado que se olha, não mais se doam, não pensam mais no próximo, não mais se colocam no lugar do outro.

Conformada, resignada, como alguém que aceita o seu destino, a sua sina, o seu carma, ela me disse que só persistia no tratamento da sua doença, por causa da filha pré-adolescente, mas que assim que a menina  estivesse “mais crescidinha”, ela iria desistir de lutar, e eu argumentei o erro que ela cometeria, pois em pouco tempo entraria em coma”, se abandonasse o tratamento, e ela apenas deu de ombros” como resposta, mostrando o quanto a vida pouco importava para ela.

Voltei para casa, mas os olhos vazios e vagos daquela moça não me abandonavam, e como sempre, durante o meu banho (é quando eu consigo me encontrar comigo mesma”, e reflito sobre o meu dia, e daí a inspiração brota fácil), angustiada pela sensação de impotência diante do drama da moça (a doença dela é grave, perdeu a chance de cura, mas tende a se arrastar por anos e anos até que um dia...), por não ter tido argumentos convincentes, nem mesmo para mim mesma, minha mente e minhas mãos ágeis colocaram no papel essas palavras e essas reflexões, que agora compartilho com quem sabe me queira ler.

E como tudo que vivencio me leva ao mundo do cinema, me lembrei do belo filme “Minha vida sem mim”, e também de “Mar adentro” (link*, no final do texto, sobre este último), em que os personagens, nesses dois filmes, estão convencidos de que a morte (assim como a moça que conheci) é o único caminho a seguir, e só resta a eles aceitar, e dar as mãos ao seu destino.

“Minha vida sem mim” é um filme delicado e sutil, e triste (sim, muito triste mas não é um dramalhão piegas e muito menos previsível). Depois de descobrir que um câncer lhe roubará a vida dentro de alguns meses, uma jovem de vinte e poucos anos (a atriz Sarah Polley protagonizando com Mark Rufallo), toma duas decisões importantes: ocultar a doença de todos e redigir uma lista das coisas que pretende fazer antes de morrer – e seus desejos incluem “fazer amor com outro homem” e “fazer alguém se apaixonar por ela”.

Nos dois filmes, os personagens condenados assumem uma postura um tanto quanto egoísta, não mais se importando com os seus à sua volta, mas... quem somos nós para julgar alguém na posição deles? Por que esperar atitude altruísta de quem tanto esperou de todos e nada recebeu?

O que, para nós, pode até parecer melancólico, triste, e “soar como depressivo”, para eles é apenas a constatação de que não vale a pena viver daquele jeito, que a vida perdeu o sentido (o tal sentido da vida que nem sabemos direito qual é), daí a serenidade e aparente paz de espírito pela difícil escolha (assista, no final do texto, trailer do filme e a bela música Sometime later, que faz parte do filme).

E, para terminar, no meio desse turbilhão de emoções, que sempre foi mais um dia na minha vida profissional, e como, além da minha profissão, minha vida sempre gira também em torno da música, lembrei-me de duas belas músicas que ilustram bem esse texto (“Everybody hurts” do R.E.M. e “You got a friend” de James Taylor)

“Everybody hurts” (R.E.M.)

Well everybody hurts,
sometimes, everybody cries,
And everybody hurts ...sometimes
But everybody hurts sometimes
So hold on, hold on, hold on,
Everybody hurts
You're not alone


“You got a friend” (James Taylor)

People can be so cold.
They'll hurt you and desert you.
Well they'll take your soul if you let them.
Oh yeah, but don't you let them.


 * http://rosemerynunescardoso.blogspot.com.br/2010/06/de-medico-e-louco.html









terça-feira, 6 de julho de 2010

Homem não chora

A vida, às vezes, nos prega peças que parece difícil suportar, mas a gente, sem nem saber direito como, supera (e se supera). Quando eu era garota, na minha cidade do interior, o solitário mar era meu eterno confidente, mas aqui na cidade grande falta a cumplicidade da solidão para se chegar a essa catarse a beira-mar.

E aí o que me resta é o aconchego solitário do meu chuveiro, e aqueles furinhos mágicos que brotam gotas de água morna são testemunhas de minhas lágrimas furtivas e do meu choro incontido, e me entrego de corpo e alma,  num banho lamuriante e reconfortante ao mesmo tempo.

Certa vez, Chico Buarque disse que “alegria não traz inspiração”, e que todo poeta vive atrás de um bom choro e de um bom sofrimento como fonte de inspiração, e o escritor Rubens Alves confirma isso quando diz que "ostra feliz não faz pérola".

E deve ser verdade, porque comigo também acontece o mesmo, toda vez que me sinto massacrada e injustiçada, me brota uma "chuva" de idéias, debaixo do chuveiro, para um novo texto, sempre voltado para o que me jogou no fundo do poço ( já quando estou feliz, a inspiração, às vezes, só acontece por conta da minha paixão pelo cinema).

E assim, após toda catarse, literalmente depois de “lavar a alma” debaixo do chuveiro, muitas vezes, a inspiração aparece, e as palavras brotam tão rápido que mal tenho tempo de me secar, molhando o papel, onde as capturo, com minhas mãos ágeis, mas não tanto quanto minha mente.

Mas já chorei no chuveiro também por fortes e boas emoções, tão intensas que culminam num soluçar desenfreado entre riso e choro, como quando descobri que estava grávida do meu primeiro anjinho, e depois já esperando meu segundo anjinho, ele resolve se mexer, pela primeira vez, feliz com a água a deslizar pelo meu ventre.

“Homem não chora”. Triste dos homens que são proibidos de chorar. O poder de purificação do choro é mágico. Mas Frejat, na música “Homem não chora”, disfarça bem o choro na frase “meu rosto vermelho e molhado é só dos olhos prá fora”. E o fotógrafo Sam Taylor Wood mostrou que "homem também chora" na exposição "Crying men" com grandes atores chorando diante da câmera.

Quem nunca chorou na chuva, com as lágrimas que brotam e se confundem com os grossos pingos da chuva, não sabe o que é redenção (veja abaixo, video com cenas do belo e comovente filme "Minha vida sem mim", ao som de "Crying in the rain" com Art Garfunkel e James Taylor). E Janis Joplin “suplica” divinamente cantando “Cry, baby”, enquanto Bob Marley implora “No woman, no cry” e eu, sem querer, nesse texto, me inspirei no que me dá inspiração.










sábado, 3 de julho de 2010

Os elefantes nunca esquecem

Um amigo, num papo recente, me disse que, por eu ter um senso de justiça muito forte e exacerbado, que eu acabo sofrendo muito, porque sou rigorosa demais nos meus julgamentos inclusive comigo mesma, e consequentemente, com todos ao meu redor, sempre esperando que as pessoas também assim o sejam, ou seja, que eu sempre espero que não façam comigo o que não desejem para si mesmos, assim como eu ajo com eles mas, segundo meu amigo, eu deveria aprender que não devo esperar que as pessoas pensem e ajam como eu gostaria, daí o meu eterno sofrimento. 

Realmente não aceito fácil ser traída, ou melhor, eu simplesmente não aceito ser traída em hipótese nenhuma (seja em relacionamentos afetivos com um parceiro, seja em relacionamentos de amizade, de trabalho, de negócio, ou qualquer outro tipo de relacionamento interpessoal), assim dificilmente eu consigo perdoar alguém que me magoe e me machuque emocionalmente.

Talvez porque, para perdoar verdadeiramente, é preciso esquecer o que nos magoou, e eu sou o protótipo do dito popular que diz que “as mulheres são como os elefantes, nunca esquecem jamais uma ofensa”; eu dificilmente consigo esquecer uma mágoa, fica chafurdada no fundo da minh'alma, remoendo e me corroendo, e então prefiro me afastar daquela pessoa para não mais sofrer. O poeta Mário Quintana disse: A indiferença é a maneira mais polida de se desprezar alguém (e há muito adotei essa frase como lema).

Não sou de “ir atrás de zodíaco”, mas já li que uma das características  da pisciana é “a sensibilidade e a doação nas amizades e perante a vida”,  e o principal defeito é a “tendência a fuga quando sofre”; nas poucas vezes que eu perdoei, o meu desafeto teve que me provar que eu poderia voltar a confiar nele, e isso só aconteceu por extrema insistência do mesmo, pois a minha tendência é não dar uma nova chance, pois ingênua que sou, tenho medo de me dar mal novamente, assim prefiro a fuga" a uma falsa reconciliação. 

Sempre fui “brigona”; aos 5-7 anos de idade, fiquei “de mal” com uma amiguinha, minha vizinha, e minha mãe contava que a briga foi porque eu a defendi de uma “acusação”, e no fim a tal amiguinha, mesmo assim, ficou contra mim, e eu, mesmo com tão pouca idade, nunca mais dirigi a palavra a ela, morávamos uma na frente da outra, e saí da minha cidade aos 20 anos, sem nunca mais me dirigir a palavra a ela, em todos esses anos. 

Já tive que brigar muito contra o machismo e hoje não tolero, em hipótese alguma, qualquer ranço de sexismo. Frequentemente vemos perseguições sexistas contra homossexuais que, em geral são, como todos nós héteros, cumpridores de seus deveres de cidadão, e ao contrário, assistimos marginais travestidos de atletas (vide vários jogadores de futebol), recebendo altos salários e mesmo assim sonegadores, desrespeitando leis e regras, como se fossem os donos do mundo.

Nessa hora em que os valores se invertem, aplaudindo-se atletas marginais e perseguindo-se cidadãos homossexuais cumpridores de seus deveres, me lembro do personagem do humorista Marcelo Mansfield do Terça insana que fica puto toda vez que se depara com um profissional incompetente e irrompe com a frase “eu fico puto” dizendo preferir ter um filho gay ao tal incompetente (assista no final do texto).

E para ilustrar, termino esses meus devaneios com o belo comercial do refrigerante sprite (ao som dos Bee Gees, com a música To love somebody) que mostra que, para ser homem, não precisa ser macho, basta ter sensibilidade (a diferença sutil, mas fundamental, entre ser homem e ser macho).







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