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quinta-feira, 21 de abril de 2011

Musicais imperdíveis

Como bem define o cineasta húngaro István Szabó (de "Sunshine, o despertar de um século" e "Mephisto"), o cinema é "a única de todas as artes que consegue captar e registrar para sempre, em imagens eternas, o rosto, os olhos e as expressões humanas,... é como escrever com a câmera". E o cinema, às vezes, através de musicais esplendorosos, também consegue transformar canções em preciosidades que ficam para sempre incrustadas na nossa memória, além de muitas vezes resgatar a história e a política de toda uma época.


“Tommy”, a famosa ópera-rock, que revolucionou os musicais no cinema, que até hoje é citada nos grandes filmes da atualidade. Um garoto (o Tommy do título, papel do vocalista Roger Daltrey, da banda britânica “The Who”) fica cego, surdo e mudo, depois de um trauma familiar, e começa então a “via crucis” da mãe (a atriz Ann Margret, que se sente culpada pelo drama do filho), para tentar recuperar os sentidos perdidos do filho.

E o menino cresce "passando de mão em mão", de curandeiros (a “rainha do ácido” Tina Turner e o “pastor” Eric Clapton) a médicos sádicos (Jack Nicholson, "prá variar", num papel louquíssimo) e que, mesmo sem recuperar os sentidos da visão e da audição, se torna um talento em jogos eletrônicos, especialmente em jogo de “pinball” (com o apoio do “mago do pinball” Elton John). Loucura total esse filme, uma verdadeira “viagem psicodélica”.
Também na lista dos famosos musicais estão “Cabaret” e “New York, New York”, ambos estrelados pela Liza Minelli nos anos 70, o primeiro com o ótimo Joey Gray e o segundo com Robert De Niro. O filme “Cabaret” foi coreografado e dirigido pelo dançarino Bob Fosse,

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Dicas para se livrar da mediocridade globalizada

Tempos atrás, saiu na revista Veja na seção “números”: custaram dois mil dólares a produção e a gravação do clipe, que os “desmiolados” pais da americana Rebecca Black, de 13 anos, tiveram que desembolsar com a música (música????) de nome "Friday".


Parafraseando o colunista Arthur Xexéo: “O que é” Rebecca Black? É, nada mais, nada menos, a mais nova “pagadora de mico” da internet, que quer, a qualquer custo, ser a mais nova concorrente (em chatice) do Justin Bieber. Com a tal pseudo-música, cuja letra prima pela “oligofrenia” generalizada (“It’s Friday, tomorow is Saturday, and Sunday comes afterwards – What??? Não, não me diga que depois de sexta, vem sábado e a seguir será domingo???? Que profundidade!!!!!), a “prá lá de” chata Rebecca conseguiu ser acessada, no site “youtube”, mais de 45 milhões de vezes, lucrando mais de 1 milhão de dólares (o site, a gravadora ou a pseudo-cantora?).


E a pergunta que não quer calar: quem é mais "oligóide" aqui? A tal Rebecca ou o internauta que a assiste e a divulga????? (se bem que, diferente do “fenômeno” Justin Bieber, o tiro saiu pela culatra, pois a maioria dos acessos é para ridicularizar a garota, tanto que parece que a dita cuja está sendo vítima de cyber-bullying).


Nenhuma novidade. Nós já temos a nossa (des)conhecidíssima brasileira “Stefhany” na internet. De novo, o que é “Stefhany absoluta”? (não, não está escrito errado, o nome é assim mesmo, com fh). Há muito tempo “na fila” em busca da fama, a dita cuja lançou um clipe na internet com a versão imbecil da música patricinha “A thousand miles” (no filme "As branquelas", a música original é  cantada pelo hilário ator Terry Crews) - depois do tal clipe, ninguém mais escapa de ser rotulado de brega ao dirigir um Cross Fox (“Eu sou Stefhany. Eu sou linda. Absoluta. No meu Cross Fox eu vou sair, me divertir”).


Nada mais me impressiona nessa vida. As pessoas estão se imbecilizando em velocidade gigabytes/seg. Perde-se tempo em assistir a “Big Brothers da vida”, uma exposição de pretendentes a “celebridades”(??) que primam pela vulgaridade explícita. Assiste-se a uma profusão de duplas sertanejas, inventadas da noite para o dia, com músicas de corno “chatérrimas”. Novelas globais com atores medíocres (muitos saíram direto do BBB sem nenhum preparo teatral), recheadas de temas de adultério, gente calhorda e mau-caratismo explícito. Isso sem falar nos velhos e asquerosos programas domingueiros de sempre (Sílvio Santos, Faustão e  “companhias limitadas”).


Mas, pelo menos tem gente que, como eu, não aguenta mais tanta mediocridade, e aproveita, em tom de zombaria, para zoar toda essa exploração comercial e “imbecilização” globalizada – é o caso do comediante canadense Jon Lajoie que “pegou carona” nesse filão da internet, e foi na contramão da maioria, e lançou o clipe “Everyday normal guy”, uma crítica irônica aos rappers típicos (que em geral posam sempre de “fodões”) mostrando, ao contrário, a sua medíocre vidinha diária e pacífica (veja vídeo no final do texto).


Outro clipe muito divertido do sujeito é “Pop song”, cuja letra é um deboche mordaz aos pseudo-músicos “bonitinhos, mas ordinários” (leia-se Justin Bieber, Victor e Léo, e tantos outros), que grandes empresários da indústria fonográfica lançam no mercado essas “belezuras”, para impressionar adolescentes carentes, com suas “musiquinhas” pseudo-românticas – um exemplo típico: dá prá acreditar que os almofadinhas Victor e Léo cantam “de coração e peito aberto” a música prá lá de brega “Fada”? (“fada querida, vejo sua vara de condão tocando meu coração, minha fada do amor”, ora, me poupe, breguice tem limite, eu teria ânsia de vômitos se alguém ousasse se declarar para mim com essa frase ridícula, no mínimo eu ia achar que o fulano está zoando com a minha cara). E dou minha “cara a tapa” se, nos bastidores, eles não debochem da tal música, mas aceitaram “o teatro” para fazer sucesso fácil, ganhando uma grana preta em showzinhos para adolescentes carentes e sedentas por romantismo barato.



O canadense Lajoie não deixa por menos – lançou também “Radio friendly song”, uma sátira a certos "artistas", esses tipo "ostentação" com suas musiquinhas com letras chinfrins e acordes medíocres, aquelas típicas de cantor de um único sucesso (??), que invadem as rádios e grudam no nosso sistema auditivo, e que por mais que a gente deteste, sem perceber, a gente memoriza e passa a repetir exaustivamente o refrão medíocre (“Não faz isso comigo, sai da minha vida, Bruno e Marrone, pelo amor de Deus, meu ouvido não é pinico”).




“Tá de saco cheio” de tanta imbecilidade circulante? Quer diversão com qualidade? Humor inteligente? Entrevistas e notícias relevantes? Então siga as dicas tanto na TV a cabo ou mesmo pela internet, como também na TV aberta ou locadoras (saindo um pouco do universo do cinema):

Na internet, você pode acessar os melhores momentos do programa "Pretinho básico" da rádio Atlântida (do sul) - o humorista Pedro Smaniotto imitando o técnico Joel Santana dando aulas de "ingRês" é imperdível.



O sitcom americano “Seinfeld” (na verdade reprises, pois a série já está extinta há anos, mas ainda é sucesso absoluto) – é a série sobre o “nada”, isso mesmo, sobre “absolutamente nada” – quatro amigos começam sempre o dia sem exatamente nada inusitado para fazer, e do nada surgem as mais impressionantes histórias do dia a dia, com os quatro “topando” com os mais diversos tipos, transeuntes de uma cidade totalmente cosmopolita como é Nova York (veja no final do texto).


Jerry Seinfeld é um conhecido comediante nova-iorquino que, na série, faz o papel dele mesmo (a fama veio, na verdade, com o sucesso da série). George Constanza é o amigo mal resolvido, algo depressivo, gordinho, que odeia ser careca, sem uma profissão definida (queria ser arquiteto) e um mentiroso contumaz. Kramer é o amigo e vizinho algo desequilibrado, com “um parafuso a menos”, e que (não tão) inocentemente sempre se mete em algum pequeno negócio escuso. Elaine é a única mulher do grupo de amigos, é descolada e acaba sempre se envolvendo com as aventuras inicialmente não programadas dos seus amigos.




Programa “Saia Justa” – o programa ainda continua sob o comando da jornalista Mônica Waldvogel (e que agora conta com a atriz Christine Fernandes e a jornalista Tetê Ribeiro), mas agora não é mais um “Clube da Luluzinha”, já que a “panelinha” feminina está agora em companhia dos atores Du Moscovis, Dan Stulbach, do músico Léo Jaime e do divertido jornalista Xico Sá (com X mesmo), e eles se revezam em programas semanais debatendo, também do ponto de vista masculino, temas diversos como relacionamentos e o universo feminino.


“Manhattan Connection” traz variedades e informações de qualidade, na área econômica, política e cultural (do Brasil e do mundo), com os jornalistas Lucas Mendes, Caio Blinder, o ótimo Pedro Andrade e o economista Ricardo Amorim (excluí, por conta própria, o dispensável "mala sem alça" e pseudo-intelectual Diogo Mainardi).


Algumas séries brasileiras, de vez em quando, tira do marasmo a TV não paga. E o “Programa do Jô” continua de bom gosto, trazendo boas entrevistas que fazem a diferença na sempre medíocre programação da TV aberta – a entrevista do “menestrel de causos”, o poeta nordestino Jessier Quirino sobre a “arte de contar filmes no sertão” é uma delas (veja no final do texto, a divertida história do matuto que conta, para a matutada do sertão, “em detalhes” hilários, o filme estrangeiro que assistiu na “capitar”, típico “enlatado” que não precisa nem de legenda para se entender o óbvio).


Para ilustrar (e recordar), fique também com o grupo britânico “Monthy Python” (desfeito na década de 70/80) com sua comédia “non-sense” ("Monty Phython's Flying Circus"), prá lá de surreal, que influenciou inúmeros programas de comédias, como os americanos “South Park” e “Saturday Night Live”(veja cena hilária com participação da cantora Taylor Swift), o português “Gato fedorento” (esquetes divertidas no final do texto) e inclusive os brasileiros “Asdrúbal trouxe o trombone”, “TV pirata”, “Casseta e Planeta” e agora o “Cilada” do Bruno Mazzeo.


Como curiosidade, o famoso grupo britânico foi, indiretamente, o criador do termo “SPAM” na internet, tamanha influência do grupo até os dias de hoje – veja no final do texto o vídeo original, com um dos textos (non-sense) do grupo, nos anos 70, de onde saiu a palavra SPAM, que significa “spice ham” (presunto temperado) e que, no episódio da série, vikings repetem exaustivamente a palavra que, por analogia, esse nome agora foi utilizado na internet, como “qualquer coisa chata que é, literalmente, empurrada para você”.




PS: recuso-me a postar os vídeos com as breguices citadas no texto. Quem ainda não teve o desprazer de assistir aos “clipes” bregas que mencionei, é só colocar no youtube: “Justin Bieber”, “Rebecca Black Friday”, Victor e Leo “Fada”, Bruno e Marrone “Não faz isso comigo” e “Stefhany absoluta” (e ainda tem as zoações, como “Eu sou o Eric, no meu Cross Fox”). 

















domingo, 3 de abril de 2011

O cinema e os grandes nomes da música

Um amigo músico me mandou um excelente vídeo, de uma cantora adolescente espanhola, de nome Andrea Motis, nascida em Barcelona, cuja voz é tão envolvente quanto à da grande diva Billie Holiday, interpretando a bela música “Basin Street blues” (que ficou famosa no vozeirão do grande Louis Armstrong).



Ouvindo a bela voz adolescente, me lembrei da primeira vez que escutei, ainda menina, o primeiro blues da minha vida, e tão apaixonada fiquei por aquele som, que desde então comecei a “devorar” (com os olhos e os ouvidos) tudo que encontrava sobre jazz e blues, os grandes trompetistas, saxofonistas, guitarristas, as grandes divas - Dizzy Gillespie, Miles Davis, Charlie Parker, John Coltrane, Buddy Guy, Eric Clapton, Muddy Walters, Billie Holiday, Ella Fitzgerald, Etta James e tantos outros.

E, certa vez, lendo sobre o nascimento do jazz e do blues, nunca me esqueci de uma frase de um autor, ao explicar de onde surgiu o belo gênero musical. A frase resume tudo que esse gênero musical representa, referindo-se aos negros, escravos americanos, catadores de algodão do Mississipi, feridos na carne (pela coleta do algodão espinhento) e na alma (pela saudade da pátria africana deixada para trás): “o blues é a transformação da dor sentida em dor cantada”.

E cinéfila que sou, não pude deixar de me lembrar de grandes biografias, principalmente do mundo da música, magistralmente cinematografadas por grandes diretores e atores (mas, pena, não dá prá falar de todas).

“Bird” – o ator, e aqui diretor, Clint Eastwood, fã incondicional de jazz, dirigiu o ator Forest Whitaker, na década de 80, no papel do grande saxofonista Charlie Parker. Parker foi, junto com o virtuoso trompetista Dizzy Gillespie, um dos criadores do bebop, o jazz moderno e sofisticado feito “para ouvir” dos dias de hoje, substituindo o jazz dançante dos anos 30, que havia sido a marca das big bands, na era do swing, como as de Glenn Miller.

Parker, cujo apelido era Yardbird (que mais tarde foi encurtado para apenas "Bird") morreu com 30 e poucos anos de idade, com uma aparência física do dobro da idade, consumido pelo álcool e drogas pesadas. No filme, o ator Samuel E. Wright vive o papel do grande Dizzy Gillespie que era um grande instrumentista e um improvisador nato, e a sua forma de tocar (com as bochechas extremamente infladas) com o seu trompete recurvo (uma característica só dele) e a sua personalidade alegre.



“Piaf, um hino ao amor” – Edith Piaf, cujo apelido era “La Môme Piaf” (pequeno pardal), foi uma famosa cantora francesa nos anos 30. O filme é estrelado pela excelente atriz Marion Cotillard, que incorpora a cantora com tal veracidade, numa interpretação quase visceral tanto na aparência quanto na força da personagem, que parece que estamos diante da grande cantora ressuscitada, sentindo na própria pele o seu sofrimento e sua obsessão pela música.

Piaf era intensa, e mesmo com sua fragilidade física (causada por problemas reumatológicos e agravada pelo álcool e pelas drogas) manteve até o fim de sua vida uma presença de palco, e uma emoção que transpassava na sua voz potente e que marcou toda uma época.

Não há como não se emocionar (mesmo sem ser piegas, o filme consegue nos deixar com os olhos marejados) com as belas (e obrigatórias) músicas “La vie em Rose” e “Non, Je ne regrette rien” (veja trailer no final do texto), com interpretações da própria Edith Piaf (algumas músicas foram interpretadas com a voz da própria atriz Marina Cottilard) e a bela interpretação da jovem atriz Pauline Burllet, que faz o papel da pequena Piaf adolescente, cantando divinamente, nas ruas da Paris dos anos 30, o belo hino nacional francês “A Marselhesa”.




O ótimo Cadillac records conta a história real do nascimento da gravadora "Chess records" nos anos 40, com sede em Chicago, com os seus ícones do blues e sua influência no surgimento do rock and roll - no elenco estão o ator Adrien Brody (que vive o papel do dono da gravadora Leonard Chess), Jeffrey Wright (como Muddy Watters), o ator e compositor Mos Def (como Chuck Berry) e a cantora Beyoncé no papel de Etta James.



E para quem quiser ficar mesmo por dentro desse envolvente gênero musical, recomendo a coletânea The blues, do grande diretor americano Martin Scorsese, que é o mentor e produtor executivo dessa magnífica empreitada musical. 

A coletânea é composta de oito filmes, dirigidos por grandes nomes do cinema mundial (todos eles apaixonados pelo jazz e pelo blues) que, com suas câmeras, captam a essência de toda a musicalidade dos negros escravos africanos catadores de algodão na terra americana - um dos DVDs leva o título Feel like going home (em português virou De regresso a casa) dirigido pelo próprio Scorsese, em busca das raízes do blues.

Um outro DVD é do diretor alemão Win Wenders que parte em busca da mistura do sagrado com o profano, ao dirigir A alma de uma homem (Wenders já tinha usado o belo "lamento da guitarra e da voz de Blind Willie Johnson, no seu cult Paris, Texas). Também o ator/diretor Clint Eastwood dirige um dos documentários, intitulado Piano Blues.

São, ao todo, oito filmes/documentários (o último DVD é, na verdade, um show ao vivo, em que Scorsese reúne grandes nomes da música da atualidade, na Radio City Hall de Nova York, para um memorável concerto de celebração do blues) com raros arquivos, com atuações de grandes nomes do jazz e do blues.



Como não dá para falar de todos, veja parte do filme New Orleansem preto e branco, dos anos 50, com a participação da diva Billie Holiday e o grande músico Louis Armstrong, numa época em que ainda havia muito preconceito, entre os brancos, com a bela música negra americana. 



E assista abaixo a crítica de Marcelo Janot sobre o filme “Mais e melhores blues”, do inovador cineasta Spike Lee. 



E fique também com o trailer do também belo filme “Por volta da meia-noite”, sobre a história de um jazzista solitário e alcoólatra pelas ruas de Paris (uma homenagem do cinema a dois grandes nomes do jazz, Lester Young e Bud Powell).



E termino este texto, de novo com Andrea Motis, cantando No more blues, a versão em inglês da nossa clássica "Chega de saudade, da saudosa dupla Tom Jobim e Vinicius de Moraes.


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