Saudade não tem idade. Fui comemorar o Natal com
meus familiares na minha cidade natal, no interior do estado do Rio de Janeiro,
e por conta dos mais de vinte anos morando fora, a confraternização sempre se
estende aos amigos de infância, de escola e vizinhos mais chegados.
Conversa vai, conversa vem, relembrando os velhos tempos, de repente o papo começou a
girar em torno dos seriados de TV dos anos 60-70-80 e, nem um pouco surpresa
(pois já tinha, há muito, pensado em escrever sobre isso), ao mostrar um vídeo
do youtube (abaixo) com dicas das músicas de abertura dessas famosas séries (respostas abaixo do vídeo), eu percebi a animação e a alegre agitação dos amigos e familiares
(sob os olhares curiosos dos pimpolhos que tentavam, em vão, participar), todos
tentando adivinhar o nome desses tais seriados, que fizeram parte do cotidiano de uma legião de admiradores de várias gerações de adolescentes, num passado não muito distante.
1-A feiticeira 2-Bonanza 3-A família Adams 4-Jeannie é um gênio 5-Daniel Boone 6-Agente 86 7-Havaí 5.0 8-Os monkees 9-Jornada nas estrelas 10- Batman 11-Missão impossível 12-Perdidos no espaço 13-Viagem ao fundo do mar 14-Túnel do tempo 15-A família buscapé 16-Os monstros 17-James West 18-Terra de gigantes 19-Thunderbirds 20-Chaparral 21-Guerra,sombra e água fresca
As séries até hoje fazem sucesso. A cantora brasileira Denise Reis, e seu famoso "trompete vocal", mostra sua performance, no Jô Soares, cantando os temas de alguns desses famosos seriados.
1-A feiticeira 2-Bonanza 3-A família Adams 4-Jeannie é um gênio 5-Daniel Boone 6-Agente 86 7-Havaí 5.0 8-Os monkees 9-Jornada nas estrelas 10- Batman 11-Missão impossível 12-Perdidos no espaço 13-Viagem ao fundo do mar 14-Túnel do tempo 15-A família buscapé 16-Os monstros 17-James West 18-Terra de gigantes 19-Thunderbirds 20-Chaparral 21-Guerra,sombra e água fresca
As séries até hoje fazem sucesso. A cantora brasileira Denise Reis, e seu famoso "trompete vocal", mostra sua performance, no Jô Soares, cantando os temas de alguns desses famosos seriados.
Antes
do advento da internet (e do hoje obsoleto vídeo-cassete, do DVD e do Blu-Ray)
ficávamos nós, da (pré e pós) “geração coca-cola”, a mercê das emissoras de TV, cuja programação, em plena ditadura militar, era modulada pela censura
rígida, que rotulava quase tudo ligado a arte (inclusive o cinema) como subversivo. E a rede
“plim-plim” (leia-se rede Globo) foi, aos poucos, monopolizando a agenda
cultural (leia-se o empobrecimento cultural) do povo brasileiro, e ficávamos ao
bel-prazer da programação desta emissora.
A
ditadura militar estimulava toda forma de autoritarismo da direita reinante na
época e a Globo acatava (e infelizmente ainda acata nos dias de hoje), e nós,
pobres mortais, tínhamos que nos contentar com o que era então produzido na
América capitalista, em oposição ao comunismo (a chamada guerra fria), e assim
os seriados americanos eram os nossos passatempos preferidos (não havia melhor
escolha, já que só nos restavam as repetitivas novelas brasileiras e os
intragáveis “enlatados” americanos).
E
foram várias as gerações que passaram a infância e a adolescência curtindo
esses famosos seriados em reprises e mais reprises, pois a ditadura militar
durou de 1964 a
1985, exatos 21 anos ininterruptos (e a ditadura da Globo dura até hoje). São
hoje quarentões, cinquentões e sessentões (e boa parte também dos trintões),
por conta das reprises que duraram décadas que, saudosos, relembram com
nostalgia os velhos e bons seriados da época.
“Os
Waltons”, a história de uma família rural americana às voltas com as
dificuldades para criar seus sete filhos após a grande Depressão americana.
Quantos de nós não dormíamos só depois do famoso boa noite da família Walton? (“Boa
noite, Mary Ellen... Boa noite, John Boy”).
“Jeannie é um gênio” contava a história de uma sensual e atrapalhada “gênia” da lâmpada, apaixonada por seu amo. “A
feiticeira” foi recentemente cinematografada, com a atriz Nicole Kidman no
papel da bela bruxa tentando se adaptar ao mundo dos mortais. Tom Cruise voltou a encarar na telona a sua terceira "Missão impossível".
O divertido “Agente 86” também foi levado
recentemente para o telão, com o ator Steve Carell (“O virgem de 40 anos”) na
pele do trapalhão Maxwell Smart (papel, na série, do falecido ator Dom Adams), um
agente de uma organização secreta de nome C.O.N.T.R.O.L.E., que tinha como
missão combater uma agência criminosa de espionagem, a K.A.O.S., cujo chefe tinha sotaque
nazista (história criada pelo humorista Mel Brooks, numa alusão a C.I.A.
americana versus a K.G.B. soviética).
Às voltas com mirabolantes equipamentos “especiais”, de fazer “inveja” ao super agente 007 James Bond (e eu, cinéfila que sou, no meu
“ambiente de trabalho”, em minha casa, tenho várias fotos antológicas do cinema,
em preto e branco, e uma delas é o agente Smart e o seu famoso sapato-fone),
nos divertíamos com o impagável “cone do silêncio” da organização, uma
geringonça que era usada para conversas sigilosas com o seu chefe, mas que em
geral não funcionava, ou melhor, funcionava sempre às avessas, raramente se ouvia um
ao outro e, ao contrário, todos ao redor muitas vezes podiam ouvi-los.
Impagáveis também eram as tiradas sempre apatetadas
do agente secreto Smart, como as do tipo “o velho truque...”, ou então “não me diga
que...“ e quando alguém dizia a tal contestação dele, respondia na lata “eu
pedi para não me dizer isso”. Ou quando ameaçava que “um exército de policiais
estaria cercando o local”, e ao ser desacreditado pelo seu algoz, saía com a máxima perguntando se o fulano "acreditaria se fosse uns dez homens e um cachorro” e a cada
contestação ele ia diminuindo o número de homens do cerco, tentando convencer (inutilmente) o inimigo
que este estaria sem saída.
Com uma ingenuidade nata, seu jeito desastrado e
total falta de atenção, o agente 86 (ironicamente chamado “Smart”), apesar dos
pesares, conseguia ser engenhoso, perspicaz e com uma grande dose de sorte se
saía bem no seu ofício, divertindo a todos nas soluções sempre esdrúxulas dos
casos de espionagem.
Os
heróis japoneses representados principalmente pelo “National Kid”, uma
verdadeira “febre” entre a garotada da época (a gurizada “levava” as séries
para a escola, em brincadeiras no recreio, “teatralizando” seus super-heróis
prediletos, e “National Kid” era um dos preferidos). Tinha também “Jaspion”,
“Ultraman”, e os mais recentes “Dragon Ball Z” e “Power Rangers”.
Surgiram então os heróis latinos, como o até hoje mega-sucesso “Chapolim” e “Chaves”. No Brasil, surgiu na década de 60, o primeiro
seriado genuinamente brasileiro, “O vigilante rodoviário” com seu fiel cão, de
nome Lobo, que combatia o crime nas rodovias do país, a bordo de uma
Harley-Davidson dos anos 50.
E
não parava de aparecer mais e mais séries – “Bonanza”, “Daniel Boone”, “Bat
Masterson”, “Túnel do tempo”, “Terra de gigantes”, "The monkees" “Perdidos no espaço”,
“Flipper”, “O incrível Hulk”.
E
a série “That ‘70s show” (os atualmente famosos atores Ashton Kutscher e Mila
Kunis, começaram suas carreiras na hoje extinta série), criada nos anos 90, confirma
a relevância da década de 70, ao retratar a história de seis jovens amigos
adolescentes às voltas com as mudanças radicais das novas gerações, que
aprendiam a se virar num novíssimo contexto social, com a recente “igualdade” dos
sexos, o rock and roll, a iminente liberdade sexual e a entrada ainda sutil das
ervas ilícitas nos lares americanos. Reprises da série ainda podem ser vistas
na TV a cabo (Sky) pelo canal Sonyspin.
Realmente saudade não tem idade, e relembrar os revolucionários anos 60/70 é primordial para as atuais gerações tomarem conhecimento da grande contribuição da então juventude daquela época, pois foi a primeira geração a conquistar o direito de ser jovem, a chamada "juventude libertária" que tomou as ruas, os centros acadêmicos e os grandes festivais de música, e desde então a juventude nunca mais seria a mesma (assista abaixo o vídeo "We all want to be young" e finalizo o texto comemorando o novo ano, com o vídeo "feliz 2012").