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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Seriados antigos - saudade não tem idade


        Saudade não tem idade. Fui comemorar o Natal com meus familiares na minha cidade natal, no interior do estado do Rio de Janeiro, e por conta dos mais de vinte anos morando fora, a confraternização sempre se estende aos amigos de infância, de escola e vizinhos mais chegados.

         Conversa vai, conversa vem, relembrando os velhos tempos, de repente o papo começou a girar em torno dos seriados de TV dos anos 60-70-80 e, nem um pouco surpresa (pois já tinha, há muito, pensado em escrever sobre isso), ao mostrar um vídeo do youtube (abaixo) com dicas das músicas de abertura dessas famosas séries (respostas abaixo do vídeo), eu percebi a animação e a alegre agitação dos amigos e familiares (sob os olhares curiosos dos pimpolhos que tentavam, em vão, participar), todos tentando adivinhar o nome desses tais seriados, que fizeram parte do cotidiano de uma legião de admiradores de várias gerações de adolescentes, num passado não muito distante.

1-A feiticeira 2-Bonanza 3-A família Adams 4-Jeannie é um gênio 5-Daniel Boone 6-Agente 86  7-Havaí 5.0  8-Os monkees 9-Jornada nas estrelas 10- Batman 11-Missão impossível 12-Perdidos no espaço 13-Viagem ao fundo do mar 14-Túnel do tempo 15-A família buscapé 16-Os monstros 17-James West 18-Terra de gigantes 19-Thunderbirds 20-Chaparral 21-Guerra,sombra e água fresca

As séries até hoje fazem sucesso. A cantora brasileira Denise Reis, e seu famoso "trompete vocal", mostra sua performance, no Jô Soares, cantando os temas de alguns desses famosos seriados.
Antes do advento da internet (e do hoje obsoleto vídeo-cassete, do DVD e do Blu-Ray) ficávamos nós, da (pré e pós) “geração coca-cola”, a mercê das emissoras de TV, cuja programação, em plena ditadura militar, era modulada pela censura rígida, que rotulava quase tudo ligado a arte (inclusive o cinema) como subversivo. E a rede “plim-plim” (leia-se rede Globo) foi, aos poucos, monopolizando a agenda cultural (leia-se o empobrecimento cultural) do povo brasileiro, e ficávamos ao bel-prazer da programação desta emissora.

A ditadura militar estimulava toda forma de autoritarismo da direita reinante na época e a Globo acatava (e infelizmente ainda acata nos dias de hoje), e nós, pobres mortais, tínhamos que nos contentar com o que era então produzido na América capitalista, em oposição ao comunismo (a chamada guerra fria), e assim os seriados americanos eram os nossos passatempos preferidos (não havia melhor escolha, já que só nos restavam as repetitivas novelas brasileiras e os intragáveis “enlatados” americanos).

E foram várias as gerações que passaram a infância e a adolescência curtindo esses famosos seriados em reprises e mais reprises, pois a ditadura militar durou de 1964 a 1985, exatos 21 anos ininterruptos (e a ditadura da Globo dura até hoje). São hoje quarentões, cinquentões e sessentões (e boa parte também dos trintões), por conta das reprises que duraram décadas que, saudosos, relembram com nostalgia os velhos e bons seriados da época.

“Os Waltons”, a história de uma família rural americana às voltas com as dificuldades para criar seus sete filhos após a grande Depressão americana. Quantos de nós não dormíamos só depois do famoso boa noite da família Walton? (“Boa noite, Mary Ellen... Boa noite, John Boy”).

“Jeannie é um gênio” contava a história de uma sensual e atrapalhada “gênia” da lâmpada, apaixonada por seu amo. “A feiticeira” foi recentemente cinematografada, com a atriz Nicole Kidman no papel da bela bruxa tentando se adaptar ao mundo dos mortais. Tom Cruise voltou a encarar na telona a sua terceira "Missão impossível". 

O divertido “Agente 86” também foi levado recentemente para o telão, com o ator Steve Carell (“O virgem de 40 anos”) na pele do trapalhão Maxwell Smart (papel, na série, do falecido ator Dom Adams), um agente de uma organização secreta de nome C.O.N.T.R.O.L.E., que tinha como missão combater uma agência criminosa de espionagem, a K.A.O.S., cujo chefe tinha sotaque nazista (história criada pelo humorista Mel Brooks, numa alusão a C.I.A. americana versus a K.G.B. soviética).

Às voltas com mirabolantes equipamentos “especiais”, de fazer “inveja” ao super agente 007 James Bond (e eu, cinéfila que sou, no meu “ambiente de trabalho”, em minha casa, tenho várias fotos antológicas do cinema, em preto e branco, e uma delas é o agente Smart e o seu famoso sapato-fone), nos divertíamos com o impagável “cone do silêncio” da organização, uma geringonça que era usada para conversas sigilosas com o seu chefe, mas que em geral não funcionava, ou melhor, funcionava sempre às avessas, raramente se ouvia um ao outro e, ao contrário, todos ao redor muitas vezes podiam ouvi-los.

Impagáveis também eram as tiradas sempre apatetadas do agente secreto Smart, como as do tipo “o velho truque...”, ou então “não me diga que...“ e quando alguém dizia a tal contestação dele, respondia na lata “eu pedi para não me dizer isso”. Ou quando ameaçava que “um exército de policiais estaria cercando o local”, e ao ser desacreditado pelo seu algoz, saía com a máxima perguntando se o fulano "acreditaria se fosse uns dez homens e um cachorro” e a cada contestação ele ia diminuindo o número de homens do cerco, tentando convencer (inutilmente) o inimigo que este estaria sem saída.

Com uma ingenuidade nata, seu jeito desastrado e total falta de atenção, o agente 86 (ironicamente chamado “Smart”), apesar dos pesares, conseguia ser engenhoso, perspicaz e com uma grande dose de sorte se saía bem no seu ofício, divertindo a todos nas soluções sempre esdrúxulas dos casos de espionagem.

Os heróis japoneses representados principalmente pelo “National Kid”, uma verdadeira “febre” entre a garotada da época (a gurizada “levava” as séries para a escola, em brincadeiras no recreio, “teatralizando” seus super-heróis prediletos, e “National Kid” era um dos preferidos). Tinha também “Jaspion”, “Ultraman”, e os mais recentes “Dragon Ball Z” e “Power Rangers”.

Surgiram então os heróis latinos, como o até hoje mega-sucesso “Chapolim” e “Chaves”. No Brasil, surgiu na década de 60, o primeiro seriado genuinamente brasileiro, “O vigilante rodoviário” com seu fiel cão, de nome Lobo, que combatia o crime nas rodovias do país, a bordo de uma Harley-Davidson dos anos 50.

E não parava de aparecer mais e mais séries – “Bonanza”, “Daniel Boone”, “Bat Masterson”, “Túnel do tempo”, “Terra de gigantes”, "The monkees" “Perdidos no espaço”, “Flipper”, “O incrível Hulk”. 

E a série “That ‘70s show” (os atualmente famosos atores Ashton Kutscher e Mila Kunis, começaram suas carreiras na hoje extinta série), criada nos anos 90, confirma a relevância da década de 70, ao retratar a história de seis jovens amigos adolescentes às voltas com as mudanças radicais das novas gerações, que aprendiam a se virar num novíssimo contexto social, com a recente “igualdade” dos sexos, o rock and roll, a iminente liberdade sexual e a entrada ainda sutil das ervas ilícitas nos lares americanos. Reprises da série ainda podem ser vistas na TV a cabo (Sky) pelo canal Sonyspin. 

Realmente saudade não tem idade, e relembrar os revolucionários anos 60/70 é primordial para as atuais gerações tomarem conhecimento da grande contribuição da então juventude daquela época, pois foi a primeira geração a conquistar o direito de ser jovem, a chamada "juventude libertária" que tomou as ruas, os centros acadêmicos e os grandes festivais de música, e desde então a juventude nunca mais seria a mesma (assista abaixo o vídeo "We all want to be young" e finalizo o texto comemorando o novo ano, com o vídeo "feliz 2012").




































sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O Natal (o amor) está no ar

A chegada do Natal, por mais piegas que possa ser, invariavelmente, traz sempre um espírito de esperança por dias melhores. E eu, como pisciana que sou (se é que realmente somos regidos por algum signo solar), gosto dessa ilusão natalina, de sonhar, de viver meio no mundo da lua, de achar que dias melhores virão, pois ainda acredito no altruísmo do ser humano (apesar de  bem mais descrente, com o atual caminhar da humanidade) e assim aproveito para compartilhar e confraternizar os votos de boas festas.

E como boa pisciana que vive no mundo dos sonhos, o cinema costuma ser meu portal para esse mundo. E recomendo para entrar nesse universo, em total clima natalino, o filme “Simplesmente amor” (“Love actually”). 
Emotiva e divertida comédia romântica, que se passa às vésperas do Natal londrino (numa contagem regressiva até a noite natalina), o filme fala do amor, de toda e qualquer forma de amor, seja entre pais e filhos, entre amigos, entre casais, entre familiares próximos ou distantes.

E, finalmente, fala do amor universal que deveria haver entre as pessoas, independente de raças, crenças ou nacionalidades, e que no filme é magistralmente representada pela bela cena de abertura (que se repete no final do filme) das chegadas nos aeroportos, em um grande mosaico de abraços e beijos de saudades de quem esteve longe dos olhos, mas não distante do coração.

Não há como não se emocionar com a expressão de surpresa e encantamento da atriz Kira Knightley, quando descobre, sem querer, a paixão platônica e secreta que o melhor amigo do seu companheiro nutre por ela, sob o olhar constrangido e desesperado do mesmo, na pele do ator Andrew Lincoln. 

E também, temos o nosso ótimo ator brasileiro Rodrigo Santoro, aqui fazendo par romântico com a atriz americana Laura Linney, e também grandes atores como Alan Rickman, Lian Neeson, e uma ponta hilária com o “Mister Bean”.

E não dá prá deixar de comentar o charmoso sotaque britânico do belo ator Hugh Grant, que encarna o papel de um primeiro ministro inglês bem descontraído com sua  ótima performance dançante.

Com uma trilha sonora excelente, o filme mostra vários personagens com histórias que se entrelaçam e, além dos encontros amorosos, mostra também a dor dos desencontros e das traições, nos olhos marejados da atriz Emma Thompson, ao descobrir a traição do parceiro, numa interpretação magistral, que nos leva a sofrer junto com ela, ao som da bela música  “Both sides now“de Joni Mitchel  ou no recolhimento e desconfiança (diante de um novo amor) do ator Colin Firth após flagrar o irmão com a sua namorada (ah, a dor da traição, sempre dolorosa para quem é traído, tanto para o homem como para a mulher).

Em tempo: apesar de ser considerada uma comédia "light", há cenas "algo picantes" (como a do casal de atores de filme pornô que acaba de se conhecer durante um ensaio de uma cena de sexo, e de maneira hilária nos diverte com uma timidez extrema, inimaginável no contexto), assim aconselho aos pais assistir antes e decidir se os pimpolhos devem ou não ter acesso à película.

Outras dicas de filmes sobre o Natal para curtir, com a família, o ótimo feriado vindouro: "

E falando em Joni Mitchell (compositora e cantora canadense, famosa na década de 60-70), deixo a  a bela canção bela música da compositora,intitulada “River” (aqui, na bela voz de Sarah Mclachlan) como votos de um Feliz Natal (“It’s coming on Christmas, they”re cutting down trees... and singing songs of joy and peace...I wish I had a river, I could skate away on... I would teach my feet to fly”). 














  






sábado, 17 de dezembro de 2011

Ageless - naturalmente de corpo e alma

Quantos anos você tem? Quantos anos você aparenta ter? Há pouco tempo ganhei um novo “rótulo”. Recentemente uma amiga, que não via há um bom tempo, me rotulou como uma pessoa “ageless” (sem idade, pessoa que não se consegue definir a idade).

Como me pegou de surpresa, devo ter feito uma cara questionadora (esse é o problema do corpo, que nos denuncia, mesmo quando tentamos disfarçar um sentimento, é o “corpo que fala” o que a alma tenta esconder - para entender melhor, leia o texto “O corpo fala”, aqui no blog, na “lista de textos”), talvez eu tenha feito uma cara de espanto, pois ainda estava “digerindo” a frase, sem saber se considerava um elogio ou não. Ao que a amiga, ao perceber minha provável oscilação facial, emendou: “Você é uma pessoa naturalmente “ageless” de corpo e alma. Você se mantém naturalmente jovem por dentro e por fora”.

E minha amiga discursou sobre a minha pouca mudança física desde que me conhece (nem tanto, pois disfarço bem as madeixas brancas que cismam em aparecer ano após ano), minha eterna disposição e meu vigor físico (yoga faz a diferença, me deixa sem nenhuma das famosas dores articulares fatídicas, que tanto ouço reclamarem ao meu redor), e sobre minha desenvoltura e meu trânsito fácil, tanto pelo universo da turma dos 20 como dos “jovens” senhores de 80 anos, percebido por ela no evidente agrado pela leitura do meu blog por essas tão variadas faixas etárias (mas aí tem explicação, argumentei, cinema é universal e não tem idade). 

Apesar de lisonjeada com a conclusão final da amiga, fiquei “matutando” o tema. “Ageless”. Minha primeira reação foi defensiva, pois frequentemente vemos na mídia pessoas que querem, na marra, a todo (e qualquer) custo, parecer mais jovens, e artificialmente investem em plásticas, silicones, botox e mil exageros que mais deformam que rejuvenescem (por isso minha dúvida inicial se era ou não um elogio, apesar de eu nunca ter investido nesse universo fake, no máximo faço peeling com cremes para suavizar a pele facial).

O termo “ageless” surgiu com a contemporaneidade e a longevidade que hoje está ao alcance de todos. A curta expectativa de vida na metade do século XX fazia com que um indivíduo de 50 anos fosse visto (e se sentisse) como um senhor de idade, prestes a se aposentar, com seus chinelos e pijama em frente à TV, apenas aguardando a hora de ser “ceifado” pela “dona morte” com sua gadanha implacável. Ou seja, não havia mais tempo para se questionar relacionamento ou profissão, muito menos sentimentos e desejos.

Hoje tudo mudou. O mercado da moda, dos cosméticos e consumos em geral, teve que ser reestruturado para entender (e atender) esse novo mercado de velhos jovens de 40-50-60 anos. Daí surgiu o termo “ageless”, que inicialmente denominava os “baby boomers”, os nascidos no pós- guerra (quando aconteceu uma “explosão de bebês” na 2ª guerra mundial). Acadêmicos explicam que o ser humano possui essa característica de aumentar a reprodução quando se sente ameaçado ou em perigo, e dividiram os “baby boomers” em dois grupos de gerações distintas: a primeira engloba os nascidos entre 1946 e 1954, e a segunda geração os nascidos entre 1955 e 1964. Eu pertenço ao final da segunda geração.



O mercado foi atrás do “ageless style” para angariar esse novo grupo de consumidores, que aposentaram sim, mas o pijama e os chinelos, e adiaram (e muito) o encontro com a “ceifadora”. Descobriu-se que essa geração possui renda mais consolidada, tem um padrão de vida estável, prefere qualidade a quantidade, sofre pouca influência de marcas, não vê o preço como obstáculo para perseguir um desejo, é firme e maduro nas suas decisões e não se influencia facilmente por outras pessoas.

E a famosa balzaquiana de 30 anos de Honoré de Balzac já não existe mais, nem mesmo as mulheres de 40-50-60 anos podem (nem querem) hoje ocupar o lugar das antigas balzaquianas, pois até elas estão refazendo suas vidas, amorosas e profissionais, e o termo ficou obsoleto, podendo mesmo ser extinto nos dias de hoje.

A geração “ageless” se comporta tanto física como mentalmente com mais jovialidade, e independentes têm o pensamento jovem e atual, chamado “fora da caixa”, ou seja, não é possível enquadrá-los na “caixa dos 30 anos”, nem na “caixa dos 40 ou 50 ou 60 anos”. A nova forma de ver (e viver) a vida, fez com que essa geração “ageless” não mais se importasse com a contagem do seu aniversário, pouco importando (e não mais escondendo) o nº de velinhas que vão acima do bolo.

Ser “ageless” fisicamente é manter a vitalidade dos 20-30 anos mesmo num corpo de 40-50-60 anos (respeitando, é claro, a evidente limitação do organismo), mantendo uma alimentação saudável, mas ainda prazerosa e atividades físicas regulares, mas sem exageros. É vestir-se com modernidade, respeitando-se os limites do próprio corpo, sem exageros.

Ser “ageless” mentalmente é transitar com a mesma leveza pelo universo dos 18 aos 80 anos (talvez o meu blog seja a prova mais contundente da conclusão da minha amiga), questionando os próprios relacionamentos, a profissão, o papel da família, da sociedade.

O verdadeiro “estilo ageless de ser” é saber envelhecer dignamente, sem perder o estilo e a beleza que cabem na própria idade cronológica, sem exageros, pois cada idade tem sua própria beleza. Recorrer a plásticas excessivas para parecer eternamente jovem é “over”. Quer pior que isso? Existe aquele grupo de pessoas que aparentam física e mentalmente uma idade ainda maior que a da carteira de identidade, com visual ultrapassado, pessoas que não sonham mais, que vivem se lamuriando pelos cantos, com dores na coluna que mais refletem as "dores da alma", pois chafurdaram em relacionamentos e casamentos falidos, sem entusiasmo no trabalho e sem paixão pela vida , são exatamente o oposto dos "ageless" (seriam os "out of date", fora da validade?)

Para ilustrar o texto, recomendo o filme “O curioso caso de Benjamin Button”, baseado num conto de um livro homônimo, em que o belo ator Brad Pitt vive o fascinante personagem do bebê que nasce no corpo de um velho e que, com o passar dos anos, adquire a sabedoria de um velho num corpo de um menino. É a inversão do ciclo da vida que todos nós um dia já sonhamos (ter a sabedoria dos 50 num corpinho de 20), mas adiantaria se  isso só acontecesse conosco, como vemos no filme? (enquanto Benjamin rejuvenesce, os demais personagens do filme vão naturalmente envelhecendo)

A graça da vida é o ciclo em que todos seguimos juntos, vamos envelhecer junto com nosso companheiro (ou com um segundo ou um terceiro), com nossos amigos, com nossos colegas de trabalho, e a sabedoria vai nos mostrar que o ciclo da vida se repete sim, nos nossos filhos, nos nossos netos e bisnetos.

E como minha vida, além do cinema, gira também em torno da música, deixo também como ilustração as músicas “Não vou me adaptar” e “Epitáfio” dos Titãs (aliás, o grupo também é “ageless”, fui recentemente ao show deles aqui em Niterói, e do meu lado, curtindo o som da banda, estavam jovens dos 15 aos 60 anos, repetindo em coro as letras, e todos vibrando com o mesmo vigor).

Ainda não aprendi totalmente, pois quando olho no espelho minhas ruguinhas aparecendo mais e mais a cada primavera, surge um misto de aceitação e negação, que depende do meu dia de TPM ou não (“eu não caibo mais nas roupas que eu cabia,...no espelho, essa cara já não é minha, ... não vou me adaptar”), mas dizem que quando se chega aos 60-70 anos, a sabedoria nos ensina a aceitar tudo e a todos, inclusive as marcas do tempo e as mazelas da vida (“queria ter aceitado as pessoas como elas são,...cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração”). Eternamente (ageless) Titãs.










quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Efeitos especiais - "making of" no cinema

Quem é cinéfilo, não se contenta apenas em assistir a um filme. Cinéfilo que se preza, quer saber tudo o que rolou por trás dos bastidores das gravações, como foi montada esta ou aquela cena – câmera na mão ou gruas, os efeitos especiais (sonoros por mixagem de som ou produzidos digitalmente, visuais por computação gráfica, mecânicos ou físicos como maquiagens e outros), os jogos de câmera ou de luzes e sombras.

A fotografia, os enquadramentos, a câmera em zoom, em close, em "slow-motion" ou "stop-motion", e as técnicas cinematográficas mais modernas como "time-lapse" e "bullet-time" (detalhes, sobre essas técnicas, mais adiante), enfim todos os detalhes que fazem a diferença numa produção cinematográfica. A trilha sonora escolhida para criar toda a atmosfera do filme. Para tanto, vale grandes produções hollywoodianas, curtas-metragens ou mesmo vídeos promocionais de propaganda.

O vídeo "Sunscreem", por exemplo, foi divulgado via internet há alguns anos atrás, e é composto de vários "conselhos úteis", sob a forma de um discurso, que "caem como uma luva" como uma lição de vida, nos dias de hoje. 

Cinéfila que sou, curiosa, fui atrás da história desse vídeo, do "making of" da produção, desde o texto até a escalação da trilha sonora que compõem o belo vídeo. 



O tal "discurso", que se acreditava ser de um orador direcionado a uma turma de formandos, na verdade era um ensaio de uma escritora (apenas foi escrita na forma de um discurso para chamar a atenção dos leitores) de uma coluna de um jornal de Chicago  o título original era "Advice, like youth, probably just wasted on the young" (instigante, não?), e que acabou ficando famoso nas mãos do diretor australiano Baz Luhrmann (diretor do também ótimo “Moulin Rouge”, que já comentei aqui no blog, em "Musicais imperdíveis").

Luhrmann chamou um ator australiano, chamado Lee Perry, para ler o discurso. A voz do ator é envolvente e extremamente convincente. Ao contrário, a versão tupiniquim do Pedro Bial chega a ser esdrúxula, pois (o mala do) Bial literalmente “detonou” o vídeo – a fala do apresentador brasileiro soa em tom debochado em vários trechos, querendo parecer “meio malandro”, que nada tem a ver com a temática do texto, e a tradução é péssima, por exemplo, a palavra "floss", que no discurso tem sentido de "relaxe", o retardado do Pedro Bial traduz como “use fio dental”. Nada a ver, simplesmente horrível, o mala conseguiu estragar completamente o vídeo (também, o que esperar de um apresentador do intragável "Big Brother"?).

A parte musical do vídeo é composta pela música "Everybody’s free" (música original de uma cantora africana chamada Rozalla) que Luhrmann já havia incluído em seu filme "Romeo+Juliet" (já comentei sobre esse filme, no texto anterior sobre Shakespeare), com a voz de um jovem cantor afro-americano (uma voz maravilhosa, diga-se de passagem) chamado Quindom Tarver, e aproveitou e colocou-a também no vídeo (veja, no final do texto, uma pequena parte do "making of" do filme "Romeo and Juliet", com o diretor Luhrmann e o cantor adolescente ensaiando no set de filmagens). 

Abaixo, alguns dos trechos, dos tais "conselhos", que mais gosto:

"Don't be reckless with other people's hearts, don't put up with people who are reckless with you" (que pode ser traduzido como: "Não trate os sentimentos alheios de forma irresponsável, não tolere aqueles que agem de forma irresponsável em relação a você")  esse eu sigo à risca, é o meu lema atualmente.

"Remember the compliments you receive, forget the insults; if you succeed in doing this, tell me how" ("Lembre-se dos elogios que recebe, esqueça os insultos; se conseguir fazer isso, diga-me como")  eu também gostaria de aprender como fazer para esquecer os insultos (hoje, reajo aos insultos tratando meus desafetos com indiferença, mas esquecer, ainda me é impossível).

"Dance...even if you have nowhere to do it but in your own living room" ("Dance...mesmo que o único lugar que você tenha para dançar seja sua sala de estar")  isso eu sempre fiz desde a adolescência (e continuo fazendo até hoje).

"Do not read beauty magazines, they will only make you feel ugly" ("Não leia revistas de beleza, elas só farão você se sentir feio")  essa é realmente uma verdade. 

"Do one thing every day that scare you" ("Todos os dias faça alguma coisa que seja assustadora") – acho que escolhi ser cardiologista/ecocardiografista emergencista por isso, meu dia a dia no trabalho é sempre desafiador, pois estou sempre no limite entre a vida e a morte, e no lazer também (de vez em quando estou em pleno ar saltando com meu filhote pára-quedista). 

E voltando ao "making of", assista no final do texto, como são criados os efeitos especiais e as diversas técnicas de fotografia e movimento (que tornam um filme uma verdadeira obra de arte), que cito, abaixo, algumas delas:

"Stop motion" é a técnica usada para animação de objetos inanimados, técnica esta muito utilizada em desenhos animados com massinhas; já a câmera em "slow motion" é a técnica que "desdobra", em câmera lentíssima, os mínimos detalhes de uma cena rápida que normalmente não pode ser bem detalhada a olho nu.

"Time lapse" é uma técnica cinematográfica em que a câmera registra uma imagem numa velocidade lentíssima, num período bem maior do que o que será mostrado na tela, fazendo parecer que o tempo "passou depressa", dando a impressão de "saltos" no tempo (lapsing). No filme "Brilho eterno de uma mente sem lembranças", além de vários efeitos de câmera, a técnica de "time lapse" foi também muito usada (veja trailer abaixo, e leia sobre esse belíssimo, intrigante e instigante filme, aqui no blog, na "lista de filmes").

Já na técnica "bullet-time" acrescenta-se um efeito especial à câmera lenta, em que a cena é registrada, inicialmente, em movimento ultra-lento, e ao mesmo tempo várias câmeras, ao redor do objeto focado, registram a cena em vários ângulos, numa espiral de até 360º. O efeito especial ficou famoso no filme “Matrix”, na cena em que a personagem Trinity (da atriz Carrie-Anne Moss) fica "congelada" no ar, quando perseguida por dois policiais, e também foi usada na cena em que Neo (personagem de Keannu Reeves) escapa de uma rajada de tiros, também quase totalmente "congelado", numa cena de 360º –  veja as cenas no final do texto, e leia sobre esse ótimo filme ("Matrix" e as Midiatrix brasileiras) na "lista de filmes" aqui no blog.

O gaúcho (nascido em Bagé, depois radicado em Porto Alegre) Rodrigo Teixeira é um expert em efeitos especiais, e se mandou prá América em busca de seu sonho e, depois de muita persistência, se tornou um dos diretores técnicos de efeitos especiais mais requisitados na "terra do tio Sam", tendo participado diretamente dos efeitos de diversos filmes famosos, como "Alice" de Tim Burton, "Sin City, a cidade do pecado", "2012" e "O dia depois de amanhã" (assista entrevista com o mesmo, no final do texto, falando sobre a "destruição" das cidades em "2012", que ficou para ele a incumbência da "destruição" de Los Angeles e de Las Vegas, se "inocentando" de não ter sido ele a "destruir" o Rio de Janeiro).

A série de televisão "The walking dead" (baseada numa série em quadrinhos, de mesmo nome), faz sucesso nos EUA, e agora também no Brasil (veiculada aqui pela TV paga Fox - veja no final do texto), com os inúmeros efeitos especiais de maquiagem, com uma profusão de zumbis em cena, que fazem a "alegria" dos amantes do "horror show". A série é envolvente, deixando um gostinho de "quero mais" no espectador, mesmo naqueles que não curtem muito esse tipo de história surreal (uma misteriosa doença transforma a maior parte da população do planeta em zumbis, restando aos poucos sobreviventes lutar por suas próprias vidas, fugindo dos ataques dos mortos-vivos).

E como "a propaganda é a alma do negócio", a indústria cinematográfica usa e abusa de todos os artifícios para atrair o espectador. O canal de televisão TNT, numa jogada prá lá de original, criou um comercial para divulgar os filmes da sua programação. Lançando mão de efeitos especiais e de câmera, o "espectador" passa a figurar entre o elenco da película em questão, estimulando o público a participar ativamente dos filmes, em especial daqueles que "não se deve deixar de ver antes de morrer" – veja no final do texto, as cenas montadas com as partes mais famosas dos filmes "O iluminado", "Juventude transviada", "Os intocáveis", "Máquina mortífera" ("Lethal wepon") e "Poltersgeist".


























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