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sexta-feira, 25 de abril de 2014

A grande pensadora popozuda da pornografia

Praticamente todo mundo (ou pelo menos a maioria dos mortais, com um mínimo de inteligência e cultura), sintonizado com a linguagem coloquial do nosso cotidiano, entende o famoso sinal “entre aspas”. Ou seja, na língua falada, as aspas significam ou que estamos reproduzindo, na íntegra, a fala de outrem (fulano disse: abre aspas ...blá blá blá... fecha aspas) ou então, através da famosa forma gesticulada com dois dedos (o indicador e o dedo médio) de ambas as mãos levantadas, quando estamos querendo dizer exatamente o contrário do que estamos falando (significando que estamos, por exemplo, ironizando um adjetivo que acabamos de dar a uma determinada pessoa).

Já na forma escrita, usamos as aspas (simples ou duplas) quando queremos ressaltar gírias, neologismos, estrangeirismos ou quaisquer palavras que não pertençam ao nosso próprio vernáculo. Usamos também as aspas nas citações da fala de outrem (do mesmo jeito que na forma falada), nos títulos de livros, jornais, revistas e filmes e, óbvio, usamos aspas também quando queremos usar palavras ou expressões irônicas, em sentido figurado, do mesmo jeito que na língua falada (nos meus textos, eu uso muito as aspas visando estes diversos objetivos).

Aproveito o cinema para exemplificar o tal gesto na prática. Na escrachada comédia “Austin Powers”, o personagem de nome Dr Evil frequentemente usa essa linguagem, do famoso sinal mundialmente conhecido, gesticulando as tais aspas com os dedos das mãos (abaixo).
Agora, onde quero chegar com “tanto rodeio”? Pois bem, se “praticamente toda a torcida do Flamengo e do Corinthians” sabe o significado das aspas, então aí vai a pergunta que não quer calar: por que, cargas d’água, uma questão de prova de filosofia (do terceiro ano do ensino médio de uma escola do Distrito Federal) não veio acompanhada das tais aspas, ao se referir à cantora Valeska Popozuda como uma “grande pensadora contemporânea” (as aspas aqui são minhas), já que se tratava de “uma brincadeira”, segundo o professor que elaborou a questão? Se nem mesmo os alunos entenderam como uma brincadeira, já que um deles, abismado com a inusitada pergunta, escreveu: “é sério isso?!” (veja abaixo).


A tal frase da prova faz parte de uma musiquinha ridícula chamada Beijinho no ombro que, além de ser de muito mau gosto, incentiva a rivalidade entre as classes sociais, estimulando provocações e violência, como podemos perceber na resposta correta” (se bater de frente é só tiro, porrada e bomba) além de vangloriar sentimentos menos nobres ainda, tais como inveja, recalques e ressentimentos. 

E a tal “pensadora” não sabe nem cantar, muito menos conjugar um verbo decentemente, pois a retardada canta assim um dos versinhos chulos: “prá que elas veja cada dia mais nossa vitória”. E fala sério, e quem é que vai ter inveja e recalque de uma Valeska Popozuda? Só gente escrota e pobre de espírito pode ter inveja e recalque de uma sirigaita como essa tal Popozuda toda recauchutada e artificial, ou seja, só outra igual a ela (no caso, a tal funkeira Anitta, que parece que é o que rola nos bastidores do submundo fonográfico de merda que é o funk).

Se ainda fosse uma grande modelo tipo Gisele Bündchen, ou uma bela atriz como Angelina Jolie, ou então uma grande e sensual cantora como Marisa Monte ou Vanessa da Mata (vídeos abaixo e no final do texto), vá lá..., mas inveja e recalque de uma Valeska Popozuda?? Ora, me poupe. Tem gente que não se enxerga. Alguém, por favor, mande um espelho para o camarote da tal recauchutada, descerebrada e sem noção.
E o tal professor deveria procurar saber quem é a tal Valeska Popozuda antes de citá-la nas suas provinhas. Ou melhor, parafraseando Arthur Xexéo, o tal professor deveria procurar saber “o que é Valeska Popozuda, antes de dar destaque, nas suas aulas de filosofia, a qualquer coisa referente à tal. A pergunta “o que é” (ao invés de quem é” ) Valeska Popozuda é uma alusão de que se trata de uma coisa qualquer”, ou seja, de gentalha” sem nenhuma relevância. Tive que, literalmente, me chafurdar na web, para descobrir algo sobre a tal (o que o tal professorzinho deveria ter feito), tentando achar outros “grandes pensamentos” da Popozuda, e adivinha o que encontrei?

Além da ridícula e recalcada musiquinha de merda “Beijinho no ombro”, pasmem, a tal tem outras “músicas”, cujos títulos dão uma “vaga” idéia da quão “grande pensadora” ela é (obviamente, buscando ressaltar a minha ironia, escrevo sempre entre aspas, as tais aspas que o professorzinho simplesmente esqueceu de colocar na tal provinha de merda). Fiquei pasma, incrédula, só em checar os títulos das tais “músicas”, imagina as letras das baixarias. Títulos como “Agora virei puta”, “Comece a me chupar”, “Um otário pra bancar”, “Beijando o seu marido”, “A foda tá liberada”, “Fiel é o caralho”, “Segura esse chifre”, Tô com o c. pegando fogo”, “A porra da b..... é minha” (tive que colocar alguns títulos com as palavras incompletas, pois as mesmas são totalmente impublicáveis) são só alguns “singelos” exemplos da extensa obra da grande pensadora” Popozuda.

O tal professor de filosofia, em momento algum, se desculpou na mídia, pela ausência das aspas na sua prova, pois talvez se assim o fizesse, ele tivesse convencido a todos nós de que se tratava realmente de “uma brincadeira” (mesmo que de muito mau gosto, diga-se de passagem) entre ele e os alunos da sua turma, e que “queria chamar a atenção da turma e provocar a imprensa” ao colocar tal questão na prova. Tenho minhas dúvidas se o tal professor espertamente assim não o fez (a tal provocação da mídia”, segundo ele) para chamar a atenção, na verdade, para si mesmo, e conseguir ter assim direito aos seus famigerados (premeditados e bem calculados) cinco segundos de fama (como sempre digo, Andy Warhol só errou no tempo ao citar a célebre frase “Um dia todos terão direito a quinze minutos de fama”).

O que me irrita não é a tal Valeska Popozuda, acho até que ela tem o direito de ganhar a vida do jeito que ela bem entende, e quem quiser consumir a porcaria que ela produz que faça bom proveito” (se é que se aproveita alguma coisa dessa baixaria explícita)O que me deixa possessa, indignada mesmo, é o escárnio em volta desta polêmica, tanto da mídia como de pessoas que deveriam ter no mínimo o papel de formadores de opinião como é o que esperamos dos jornalistas e educadores em geral.

Pois parece que a mídia como sempre caiu feito um patinho, dando visibilidade e fama a quem não merece (tanto a pensadora quanto o tal professorzinho). Uma jornalista mineira totalmente sem noção teve a audácia de publicar um texto elogiando a funkeira e o professor. O texto da tal jornalista abre com o título “Fecho com a Valeska e com o bonde por um Brasil menos desigual”. Eu diria “por um Brasil mais pobre de espírito, de moral e de caráter”. Ou seja, a jornalista pede por um Brasil nivelado por baixo, cada vez mais rasteiro moral e culturalmente. Depois querem reclamar do estrangeiro que vem atrás de turismo sexual no Brasil, pois é essa a visão que a nossa mídia divulga lá fora.

O grande Gabito (o escritor colombiano Gabriel Garcia Marques) se foi, mas nos deixou a sua extensa obra literária (o belo romance “Cem anos de solidão” é uma delas), que lhe rendeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1982 pelo conjunto da sua obra. E é quase certo que os tais alunos da escola de Brasília não leram Gabo, no entanto devem saber de cor e salteado a letra do "Beijinho no ombro", incentivados pelo tal professorzinho e agora pela nossa famigerada, grande e inútil mídia.

Já a nossa Academia Brasileira de Letras tornou “imortais” nomes como Fernando Henrique Cardoso, José Sarney e Roberto Marinho (ou seja, “figuraças” nada literários) ao invés de aclamar nossos grandes e verdadeiros autores literários como Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Érico Veríssimo e tantos outros esquecidos pela tal entidade. Mas o Ronaldinho Gaúcho não foi esquecido pela nossa “estimada” Academia, o jogador já recebeu a medalha “Machado de Assis” (que deveria ser atribuída só aos grandes escritores). Deviam aproveitar e dar a medalha também a Valeska Popozuda pelo “conjunto da obra” pornográfica dela como um todo. A nossa mídia podre com certeza vai aplaudir.

“Aff...”. Descartes, desculpa o mau jeito, mas penso logo desisto”. E só me resta de novo apelar: “Pára o planeta, eu quero descer”.


domingo, 13 de abril de 2014

"Selfie" da bunda e o discurso ambíguo do sexo masculino

Pára o planeta que eu quero descer. Inacreditável. Difícil de acreditar. Pesquisa recente feita pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) estampa o quanto a sociedade brasileira é ainda sexista e altamente preconceituosa, e revela a enorme ambiguidade no discurso, principalmente, do sexo masculino. Segundo a tal pesquisa, uma faixa considerável da população masculina ainda concorda com “a velha e antiga máxima” de que “há mulheres feitas para casar e outras para levar para a cama”. E pensar que, em plena era da “inteligência artificial”, ainda estamos anos-luz aquém da evolução, em matéria de relacionamentos.

Em pleno século XXI, o homem ainda pensa, como no passado, em se casar “com a boazinha e a certinha”, que o ame de paixão (mesmo que a recíproca não seja verdadeira) e o venere sempre sem questionamentos, e que lhe sirva “cama, mesa e banho” (não necessariamente nesta ordem), aquela que está lá a espera, “na redoma”, submissa, aguardando pacientemente que ele a leve ao altar. 

Por isso muitos casamentos estão indo por água abaixo (no passado, só perduravam porque os tempos eram outros, o divórcio era uma condenação social para a mulher, agora não mais o é). Mas o verdadeiro relacionamento, aquele que realmente tem futuro nos dias de hoje, é aquele no qual respeita-se a individualidade um do outro, e os pontos vitais do relacionamento são discutidos previamente entre o casal e são igualmente respeitados (por exemplo, se a fidelidade mútua for importante para o casal, então isso deve com certeza ser levado em conta).
Igualmente importantes, para um relacionamento vingar, é saber se é possível tolerar os defeitos do outro (porque mesmo “a boazinha e certinha” tem defeitos) e que haja, entre o casal, muito mais afinidades do que desencontros (nos gostos, na profissão, no lazer, nos horários) e, óbvio, tem que ter tesão, muito tesão (o que, muitas vezes, não existe com a “boazinha e certinha”).

Porque com o tempo, o tesão diminui, e o que realmente mantém um casal junto é a tolerância aos defeitos (porque conviver com as qualidades é muito fácil) e as afinidades em comum, pois ninguém deveria esperar (ou tentar) mudar o outro (em relação a afinidades e defeitos), porque com o tempo um vai cobrar do outro a concessão feita.
É comum a mulher (ao invés do homem) ceder, em nome da “boa convivência do lar”. É a mulher que muda de nome (peça ao homem para fazer o mesmo, e ele vai ver a trabalheira que dá, e garanto que desiste fácil, fácil), muda de time, muda de partido político, muda o cabelo, muda a roupa (muitas são praticamente obrigadas ou “sutilmente convidadas” a dar adeus à minissaia e ao batom).

Pausa para reflexão: a mulher precisa aprender a ter vontade própria e escolher o que gosta, e não o que a sociedade impõe como sendo próprio (ou impróprio) para o seu sexo (e isso vale para os homens, também). A menininha do vídeo abaixo, mesmo na tenra idade que tem, já questiona o porquê de tantas regras para os meninos e as meninas.



Em suma, em muitos casos, a mulher perde a individualidade, e passa a ser uma sombra do seu homem, tudo para agradá-lo e, o que é pior, muitas delas se casam, achando que vão conseguir mudar o seu homem, que ele vai deixar o futebol semanal e a “cervejada” de fim de semana só com os amigos, que ele vai deixar de ser galinha, que vai deixar de olhar a bunda das mulheres na rua... santa ilusão. Se você o conheceu com estes “defeitos”, e não desistiu dele, deveria então aceitá-lo do jeito que ele é (e vice-versa).

E por que esse meu desabafo inflamado inicial??!! Já me explico. É que a pesquisa do IPEA pode ser confirmada, no nosso dia a dia, mesmo nas camadas socioculturais elevadas, e inclusive entre jovens da novíssima geração; agora imagina na população masculina com QI rasante!!!

Quando, na tal festa de jovens universitários (que mencionei no texto anterior), me recusei a dançar musiquinhas pornô-eróticas, os jovens colegas homens me questionaram, dizendo que “não têm preconceitos” e que “não julgam a mulher que dança funk”, insistindo que eles (os homens da novíssima geração) não rotulam a mulher que dança funk como “vadia ou coisa parecida” (como em geral, aconteceria num passado recente).

Mas, independente de eu achar que estaria (ou não) sendo rotulada, sou “da antiga” e também feminista, apenas não gosto da exposição da mulher como objeto de consumo sexual ao bel prazer dos machos e, além disso, acho a tal dança horrorosa, sem sensualidade nenhuma e de um mau gosto ímpar, por isso nunca ninguém me verá dançando essa dancinha chula e vulgar, pouco me importando a opinião (contra ou a favor) dos machos.
Mas, se assim o fosse, como dizem os colegas que alegam não rotularem a mulher como “vadia ou algo do gênero” (então tá, “conta outra, porque esta piada é velha”), então, por favor, alguém me esclareça, por que, cargas d’água, quando eu, imediatamente os interpelei, perguntando se deixariam “a mulher que eles levariam para o altar” participarem daquela dancinha vulgar, por que será que eles emudeceram, fizeram cara de muxoxo e se recusaram a responder???

Ou seja, para relacionamentos do tipo “ficantes” (coisa que, na verdade, até hoje, não consigo entender como uma mulher se presta a isso) é claro que a tal dancinha chula das mulheres é muito bem-vinda para esses jovens rapazes do século XXI, mas quando se trata da futura mãe dos filhos deles... “aí o buraco é mais embaixo???”.
O que eu presenciei na tal festa, na conversa com os jovens colegas do sexo masculino, é nada mais nada menos que o reflexo da nossa sociedade que, em pleno século XXI, apesar de fingir que não, continua extremamente machista e preconceituosa. E, pior ainda, muitas das declarações vêm também de mulheres extremamente machistas e preconceituosas.

Pausa para reflexão –  certa vez, um colega comentou comigo, em “off”, sobre um novo casal “na praça” (leia-se “no nosso ambiente de trabalho”), dizendo: “coitado do fulano, a beltrana não é mulher prá casar”. Ao que eu, imediatamente, revidei “na bucha”: “e quanto a ele? me diga sinceramente, você acha que alguma mulher decente quer casar com esse dejeto humano?”.

Ou seja, a beltrana era realmente uma “vagaranha” (mistura de vagabunda com piranha), mas o tal fulano, mesmo sendo um “ordilinha” (mistura de ordinário com galinha) é, mesmo assim, visto pelos colegas machos, como merecedor de uma mulher decente???!!! Ora, me poupe!!! E “apunhalei” de volta: “na verdade, eu acho mesmo é que eles se merecem sim, pois são dois merdas que se completam”.

E voltando à tal pesquisa do IPEA: o mais grave da pesquisa foi o expressivo número de entrevistados que concordaram com a frase “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”(foi divulgado inicialmente o número absurdo de 65%, mas parece que houve um equívoco, e que na verdade era 26%, mas de qualquer maneira ainda é um número absurdo, em pleno século XXI).

E, pasmem, mais de 50% declararam que “se as mulheres se comportassem melhor, evitariam casos de violência”, deixando claro, para os entrevistadores, a forte tendência do brasileiro em culpar a mulher nos casos de violência sexual. E não precisa ir muito longe para encontrar esse tipo de pensamento, até entre artistas (que aparentemente deveriam ser pessoas extremamente esclarecidas e liberais), como foi a declaração recente de um jovem ator global, que disse que “um pouco de machismo na relação faz bem, senão vira bagunça”.
E é óbvio que as tais dancinhas e musiquinhas chulas pornô-eróticas (leia-se “funk e as sertanejas” com suas letras de baixo calão e cunho sexual, instigando traição e sexo fácil) são um prato cheio para essa visão sexista e do também discurso ambíguo dos meus colegas jovens universitários. Imaginem a opinião de pessoas incultas, então.

O que se pode concluir é que os homens continuam imaturos e ambíguos em seus conceitos e preconceitos. Quando o assunto é relacionamento, deveriam ser mais coerentes e menos inseguros. Deveriam agir como diante de um semáforo (onde não é seguro ter dúvidas): “sinal verde” segue-se em frente com a relação, e dado o “sinal vermelho” deveriam parar; mas os homens ainda continuam insistindo “no sinal amarelo” nos relacionamentos.
Sinal amarelo no trânsito costuma confundir, e diante da indecisão de seguir ou parar, alguém pode acabar se machucando em algum momento. Se isso vale no trânsito, imagina num relacionamento. O melhor a fazer é romper, mesmo que o outro não tenha coragem, óbvio que sofre-se sim, mas nos liberta para seguir em frente (e buscar alguém que queira realmente somar e não acorrentar almas).

O “sinal amarelo” pode acabar machucando um por conta da indecisão do outro. Por isso, quando eu gosto e estou a fim, mando logo “um sinal verde”, e se for o contrário, eu lanço mão do “sinal vermelho” e dou logo um basta, antes que o outro se machuque mais ainda, iludido quanto a mim. Mas tem homem que fica “no sinal amarelo”, cultuando e estimulando o sentimento da mulher, então faz que vai cair fora, mas depois novamente volta com desculpas esfarrapadas, e então vai protelando indefinidamente o sofrimento alheio (mas, às vezes, é a própria mulher que continua protelando o fim do relacionamento, mesmo percebendo que o homem dá sinais evidentes que quer cair fora).
No passado, o homem então compromissado dava um “sinal amarelo” e ficava jogando com o sentimento da mulher, que ingenuamente caía no famoso “conto do vigário”, como nas muitas “histórias da carochinha” que crescemos ouvindo (sempre de alguém muito próximo a nós, já que era tão comum), em que o canalha garantia que ia largar “a matriz” para ficar com “a filial”, e aí a então pobre coitada, a eterna “filial”, esperava, esperava, e esperava pacientemente, acreditando piamente no infeliz, e nada...

Na maioria das vezes, nada mudava, e “a filial” ficava “chupando o dedo”, tinha que se contentar e aceitar continuar “nos bastidores”, virar a “outra”, a “amante”, e muitas vezes numa relação escondida até dos amigos do fulano, inclusive (o que, para a mulher dos dias atuais, isto é imperdoável).

O cinema está repleto destas cenas melancólicas, sobre  o triste fim desses relacionamentos furtivos com alguém comprometido, infelizmente ainda tão comuns na vida real, no cotidiano das pessoas (principalmente das mulheres), nas grandes e nas pequenas cidades, entre ricos e pobres, entre cultos e incultos. Uma destas cenas que mais me marcou (e que tem tudo a ver com o tema deste texto) foi a do filme "Almost famous" (*link, para detalhes do filme, no final do texto), por conta do sofrimento da personagem da atriz Kate Hudson (que se deixa envolver com um cara compromissado, se apaixonando pela pessoa errada, numa relação fadada ao fracasso), ao som da bela música "Mona Lisa and Mad Hatters" do Elton John (abaixo).



E, infelizmente, por conta disso, as mulheres nos dias de hoje, estão dando o troco na mesma moeda dos homens. E da pior maneira possível. Nos tempos modernos, a mulher não mais espera submissa, quer estar “sob holofotes”, e deixou de posar de ingênua (como acontecia no passado), mas ainda assim, infelizmente, continua se envolvendo com homens comprometidos.

Mas, então, o que fazem? Nos dias de hoje, antes que sejam passadas para trás, sob o risco de ficar “nos bastidores”, essas mulheres trocam de parceiro da noite para o dia, e ainda desfilam na frente do dito cujo com outro a tiracolo, desafiando-os, como quem diz: “Viu? Achou que eu ia ficar chorando, esperando sua decisão de se separar “da matriz”? A fila andou...”. A mulher se liberou e até que enfim reagiu, mas não acho que a mulher respondeu a altura, pois sempre condenou a traição masculina, e agora paga na mesma moeda, traindo e desrespeitando, do mesmo jeito que sempre condenou o sexo masculino.

A melhor conduta seria não mais se envolver com homens comprometidos. Espertos são os homens que raramente aceitam se envolver com mulheres compromissadas (a não ser “os galinhas” que nada querem de sério com nenhuma mulher e, ao contrário, até convêm a eles este tipo de relacionamento já que, muitas vezes são também comprometidos, e ambos os lados tendem a se calar, protegendo-se mutuamente de um possível vazamento da relação extraconjugal). A mulher deveria exigir que o homem primeiramente se posicionasse publicamente em relação ao relacionamento anterior, e só depois então se deixaria envolver com o dito cujo.

Esta é a minha postura, eu só me envolvo com homens sabidamente descompromissados (brinco, inclusive, dizendo que “para mim, homem comprometido é como gay, não rola...”), ou seja, caso queiram se envolver comigo, que resolvam primeiro “seus rolos” (oficiais ou não), do contrário vão ficar “chupando dedo” em relação a mim, pois prezo exclusividade mútua na relação, e como gosto muito de mim e sou a pessoa mais importante da minha vida, não vou sofrer por quem não me merece e não me exibe publicamente, “sob holofotes”, como sua única eleita, assim como eu também o faço.

E como estamos na era dos celulares descartáveis e dos “ficantes”, facilmente, nos dias de hoje, também se descartam pessoas e sentimentos, via redes sociais. É a era do “selfie”, com todos expondo-se, sem pudores e sem limites, em contrassenso com uma sociedade hipócrita, reacionária e machista. Teve "selfie" até no Oscar deste ano, e até o presidente Barak Obama entrou nessa, na polêmica imagem televisada, ao lado de uma Michele com cara de "poucos amigos" (veja no final do texto).

“Selfie”, para quem ainda não está familiarizado com o termo, é o “auto-retrato” tirado com o celular e postado nas redes sociais; é a foto que você faz de si mesmo (com o braço levantado, fazendo “cara de pato ou beicinho”, malhando, fingindo que foi pego de surpresa por você mesmo, fingindo que está dormindo e tirando a própria foto!!!) expondo sua “vida incrível” e sua “beleza acachapante” (que só você acha, afinal, voltado para o próprio casulo, só se olha o próprio umbigo).

O “selfie” é um fenômeno muito estranho, onde o fotógrafo que faz a foto é também o objeto da própria foto. E pior, agora é a vez das “butt selfies” (“selfie” da própria bunda) e a tal dancinha de “cachorra no cio” (das “popozudas” do funk, com suas celulites e seus silicones “bundáveis”) é o protótipo desta exposição desenfreada e maciça da mulher (cada vez mais) objeto. A garota do vídeo abaixo, debocha do fenômeno, dando uma  “aula” de como fazer um “selfie” de bunda.



O fenômeno “selfie” pode ir muito além de uma auto-apresentação (como na campanha da Dove, vídeo no final do texto, que sugere aos adolescentes uma auto-crítica sem exageros) e representar “um narcisismo digital sem controle, que pode provocar percepções de auto-indulgência ou uma dependência social em busca irrefreada por atenção, para compensar uma muito baixa autoestima”.
É o que conclui a psicóloga Pamela Rutledge, em “Psychology today”, em seu artigo original em inglês (que saiu recentemente na “Times”) intitulado “Damned-if-you-do and damned-if-you-don't spectre” (que seria algo do tipo “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”). E “parabéns” a todos nós, pois já não precisamos mais nos conhecer na vida real, pois conseguimos “algoritmizar” todas as etapas das nossas relações interpessoais no mundo virtual, ao ponto de especialistas estarem chamando o fenômeno de “gamificação“, ou seja, as relações passaram a ser “aplicatizáveis”, numa espécie de jogo (daí o termo “gamificação”, do inglês “game”) entre internautas.
Tem aplicativos, via web, para todos os gostos: “app” para “ficantes” em busca apenas de sexo casual, “app” para traçar futuro do casal recém-formado (via “app” para arranjar namorado, que tem aos montes na web), “app” para desmanchar namoro, “app” para reconciliação, “app” para avaliar empenho (inclusive sexual masculino, e agora estão lançando o feminino, como uma revanche), “app” para avaliar até a relação de outrem.

Aff... Inacreditável!!!  E quanto a mim, só me resta apelar mais uma vez: “Pára o planeta, eu quero descer”.

Em tempo: *link citado no texto
*http://rosemerynunescardoso.blogspot.com.br/2009/12/o-filme-quase-famosos.html





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