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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

"O trem da vida"

O "Trem da vida" conta a história surreal de uma aldeia de judeus, em um vilarejo do leste europeu, em plena era nazista que, temerosos em ser deportados para algum campo de concentração, resolvem por iniciativa do "louco da vila" comprar e forjar um trem nazista e assim simularem, antes que os verdadeiros nazistas apareçam, a própria deportação (metade da vila fingiria ser alemão como maquinistas e soldados e  a outra metade fingiria ser prisioneiros judeus) e com isso tentariam atravessar o país e chegar aos seus aliados soviéticos sãos e salvos.

A partir daí, estaremos diante de diversas piadas sutis e inteligentes, de cunho religioso, político, racial, uma verdadeira brincadeira com alemães, judeus, comunistas e afins. É um filme divertido (mas não a ponto de provocar gargalhadas) que sutilmente, num tom jocoso, mostra como o poder pode transformar as pessoas,

por exemplo, no início ninguém queria assumir o papel de "alemão", pois seria um "pecado", um "sacrilégio", mas quando optam pelo papel, o sentimento de poder "sobe a cabeça" de alguns judeus, tornando-se "nazistas" autoritários e controladores, enquanto os "deportados" também incorporam seu papel e começam a tramar uma rebelião contra seus  falsos algozes. 

"Trem da vida" sutilmente brinca com o poder, com a religião, com a política, e até com o holocausto, de uma maneira leve e até bem humorada. Alguns ortodoxos acham que o holocausto deve ser sempre tratado com austeridade, e que o cinema nunca deveria retratá-lo de maneira fantasiosa, sob o risco de banalizar o holocausto, a ponto de negarem sua existência como acontece de vez em quando na mídia, 

mas o cinema já mostrou os horrores do holocausto em diversos filmes como "A lista de Schindler", O pianista", "Sunshine, o despertar de um século" e muitos outros, e nesse filme "O trem da vida" não há desrespeito, ao contrário, ele dá uma lição de vida, mostrando os pecados e virtudes do ser humano, nossos conceitos e preconceitos (e pré-conceitos), as grandezas e misérias humanas (veja no final do texto o discurso do "louco da vila" sobre Deus e os homens - para pensar e refletir).

Um excelente filme, divertido, surpreendente na sutileza ao satirizar o nazismo e em mostrar como o poder transforma as pessoas. 


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