Afinal, o capitalismo está com os dias contados? Para muitos cientistas políticos, a resposta é sim. No mínimo, o neoliberalismo está em xeque. A crise européia, o declínio da hegemonia americana, os movimentos anti-capitalistas tais como o "Occupy Wall Street" (e similares, em outros países como Inglaterra e Canadá)) com seu slogan "nós somos os 99% (contra os 1% mais ricos dos EUA), todos esses acontecimentos denunciam a decadência e a insatisfação geral com o sistema.
Há algo novo no ar, novos ventos anunciando novos tempos. Mudanças acontecendo lentamente; se "para o bem ou para o mal" ainda não sabemos, mas enfim... mudanças. O povo nas ruas exigindo igualdade e justiça social, conscientizando a sociedade para a realidade do mundo que estamos vivendo. Da primavera árabe às manifestações na Grécia, na Inglaterra, na Espanha, no Egito e agora também no Brasil, a insatisfação com o "status quo" é geral.
E a "anarquia" se espalhou por todo o planeta. O povo em busca do bem-estar coletivo denuncia interesses de minorias dominantes (tanto política como economicamente). Mas para quem não entende de anarquismo, a palavra traduziria apenas a desordem nas ruas e o vandalismo de uns poucos no meio da insatisfação ordeira de muitos.
Na verdade, o anarquismo não tem nada a ver com vandalismo ou desordem. A palavra “anarquia” é originária do grego, uma mistura da palavra “an” (que significa “sem”) com a palavra “arckhê” (que significa “governante”), ou seja, “anarquia = sem governante”. Enfim, “anarquia” significa “sem governo, sem poder estabelecido”.
Há algo novo no ar, novos ventos anunciando novos tempos. Mudanças acontecendo lentamente; se "para o bem ou para o mal" ainda não sabemos, mas enfim... mudanças. O povo nas ruas exigindo igualdade e justiça social, conscientizando a sociedade para a realidade do mundo que estamos vivendo. Da primavera árabe às manifestações na Grécia, na Inglaterra, na Espanha, no Egito e agora também no Brasil, a insatisfação com o "status quo" é geral.
E a "anarquia" se espalhou por todo o planeta. O povo em busca do bem-estar coletivo denuncia interesses de minorias dominantes (tanto política como economicamente). Mas para quem não entende de anarquismo, a palavra traduziria apenas a desordem nas ruas e o vandalismo de uns poucos no meio da insatisfação ordeira de muitos.
Na verdade, o anarquismo não tem nada a ver com vandalismo ou desordem. A palavra “anarquia” é originária do grego, uma mistura da palavra “an” (que significa “sem”) com a palavra “arckhê” (que significa “governante”), ou seja, “anarquia = sem governante”. Enfim, “anarquia” significa “sem governo, sem poder estabelecido”.
O anarquismo
defendia a extinção da propriedade e também do Estado e, claro, era uma
filosofia ferrenha contra o capitalismo; pregava uma nova ordem social, em que o
homem respeitaria o seu próximo sem a necessidade de leis para tal intento.
Pierre-Joseph
Proudhon, filósofo francês que viveu no século XIX e considerado um dos mais
influentes teóricos do anarquismo, em seu livro mais famoso intitulado "A propriedade é um roubo", dizia que o único dono legítimo da propriedade é o trabalhador que ara e cultiva a terra, seria assim o único detentor
legítimo da propriedade. Ou seja, o poder sobre uma propriedade só teria legitimidade para
aquele que cultivasse e vivesse do fruto da terra; os grandes
latifundiários não mais teriam os tais "podres poderes" e o Estado também não mais
existiria.
Um grande
discípulo de Proudhon foi o teórico político russo Mikhail Bakunin, um dos
principais expoentes do anarquismo dos meados do século XIX. Sabe-se hoje que o anarquismo é
uma filosofia quase utópica porque depende da ética do ser humano, e o homem é egoísta e ambicioso.
Bakunin dizia que a classe trabalhadora só se posicionava como tal, enquanto classe trabalhadora, mas a partir do momento que essa mesma classe alcançasse o poder, cometeria todas as falhas do poder estabelecido (isso não nos lembra nada nos dias de hoje?), por isso ele pregava a ausência do poder coercitivo, pois o poder corrompe. E completava, "quem não acredita nisso, não conhece a natureza humana".
Já no século XX, o escritor canadense George Woodcock escreveu sobre anarquismo em "Idéias libertárias e o movimento anarquista" que pregava uma nova ordem social, longe do socialismo autoritário e do capitalismo selvagem (da polarização do meado do século XX entre a extinta URSS e os EUA).
Tanto Proudhon como Bakunin e Woodcock condenariam o anarquismo violento dos dias de hoje, como o movimento dos "black blocs" (que ficaram internacionalmente conhecidos desde a "batalha de Seattle" no final dos anos 90 e se espalharam pelo mundo, inclusive nos últimos protestos aqui no Brasil) com seus protestos violentos em repúdio aos símbolos capitalistas.
Na verdade, o movimento dos "black blocs" não é exclusivamente de anarquistas nem é de cunho politico, são em sua maioria jovens descontentes com a própria exclusão social que o capitalismo impõe a eles, diante do consumismo que a sociedade estimula mas que a renda de muitos não permite, gerando insatisfação e revolta, principalmente em jovens pobres da periferia.
Mas também é certo que, às vezes, não se consegue mudanças por métodos não violentos. Mesmo não se declarando anarquista, o pacifista Gandhi usou a desobediência civil contra a tirania dos ingleses, na "Marcha do sal", nos anos 30, com centenas de pessoas presas no protesto, inclusive o próprio líder indiano. Também Nélson Mandela, depois do massacre de Shaperville, se viu forçado a desistir da não-violência, que inicialmente pregava contra o apartheid. Só Martin Luther King conseguiu manter firme a ideologia da não-violência, mas também "pagou" caro por isso.
Uma utopia, o anarquismo? É preciso maturidade moral para tal intento, daí a utopia. A sociedade, como um todo, tem que evoluir muito para aceitar um sistema assim tão humanitário e igualitário. É muito difícil, até para mim, que me considero uma simpatizante do movimento anarquista pacifista (daí meu apelido "adorável anarquista"), com filhos jovens, não ceder aos apelos consumistas da sociedade capitalista.
Bakunin dizia que a classe trabalhadora só se posicionava como tal, enquanto classe trabalhadora, mas a partir do momento que essa mesma classe alcançasse o poder, cometeria todas as falhas do poder estabelecido (isso não nos lembra nada nos dias de hoje?), por isso ele pregava a ausência do poder coercitivo, pois o poder corrompe. E completava, "quem não acredita nisso, não conhece a natureza humana".
Já no século XX, o escritor canadense George Woodcock escreveu sobre anarquismo em "Idéias libertárias e o movimento anarquista" que pregava uma nova ordem social, longe do socialismo autoritário e do capitalismo selvagem (da polarização do meado do século XX entre a extinta URSS e os EUA).
Tanto Proudhon como Bakunin e Woodcock condenariam o anarquismo violento dos dias de hoje, como o movimento dos "black blocs" (que ficaram internacionalmente conhecidos desde a "batalha de Seattle" no final dos anos 90 e se espalharam pelo mundo, inclusive nos últimos protestos aqui no Brasil) com seus protestos violentos em repúdio aos símbolos capitalistas.
Na verdade, o movimento dos "black blocs" não é exclusivamente de anarquistas nem é de cunho politico, são em sua maioria jovens descontentes com a própria exclusão social que o capitalismo impõe a eles, diante do consumismo que a sociedade estimula mas que a renda de muitos não permite, gerando insatisfação e revolta, principalmente em jovens pobres da periferia.
Mas também é certo que, às vezes, não se consegue mudanças por métodos não violentos. Mesmo não se declarando anarquista, o pacifista Gandhi usou a desobediência civil contra a tirania dos ingleses, na "Marcha do sal", nos anos 30, com centenas de pessoas presas no protesto, inclusive o próprio líder indiano. Também Nélson Mandela, depois do massacre de Shaperville, se viu forçado a desistir da não-violência, que inicialmente pregava contra o apartheid. Só Martin Luther King conseguiu manter firme a ideologia da não-violência, mas também "pagou" caro por isso.
Uma utopia, o anarquismo? É preciso maturidade moral para tal intento, daí a utopia. A sociedade, como um todo, tem que evoluir muito para aceitar um sistema assim tão humanitário e igualitário. É muito difícil, até para mim, que me considero uma simpatizante do movimento anarquista pacifista (daí meu apelido "adorável anarquista"), com filhos jovens, não ceder aos apelos consumistas da sociedade capitalista.
O anarquismo
coletivista defende um mutualismo entre os indivíduos, seria um socialismo
libertário (não confundir com o liberalismo da sociedade capitalista), numa
sociedade igualitária com liberdade, sem o poder opressor do Estado e da
sociedade como um todo (seja ela política, econômica ou social).
No Brasil, o que mais se aproxima de uma sociedade libertária e igualitária, como prega o anarquismo puro, é a comunidade “Noiva de Cordeiro” (um vilarejo na zona rural da cidade de Belo Vale, a cerca de 100 km de Belo Horizonte, em Minas Gerais) que, por razões libertárias se viu obrigada a se isolar das comunidades vizinhas (devido a um ranço preconceituoso ancestral, que transpassou de um século a outro, de geração em geração, numa discriminação sem igual que se estendeu por quatro gerações, em pleno século XX), e criaram uma maneira inusitada de se viver, longe do nosso famigerado capitalismo selvagem – assista, no final do texto, documentário sobre a saga da família e o surgimento da comunidade.
Hoje, o
vilarejo lembra o que o anarquismo primitivista prega – é uma comunidade de auto-ajuda
comunitária, onde o mutualismo é a razão de ser do vilarejo e atual sobrevivência da
comunidade, que é composta na sua grande maioria por mulheres (cerca de 250 mulheres
com suas famílias) que cultivam a terra, aram, ceivam, colhem o que plantam em
conjunto e dividem fraternalmente por todo o vilarejo (a grande maioria dos homens
trabalham na capital mineira). E a liberdade na comunidade se estendeu da economia para o âmbito social, não se aceitando preceitos religiosos, matrimoniais e qualquer forma de opressão à liberdade do indivíduo.
E, ao
contrário, a “Ilha das Flores” (ilha que fica em Belém Novo, bairro de Porto Alegre, no
Rio Grande do Sul) – “flores” só no nome, restou apenas lixo e porcos na ilha – é o
protótipo, o exemplo fiel, que define o nosso tão famigerado capitalismo selvagem, que prega o
individualismo e o liberalismo que levam a toda a sorte de desigualdade social
e econômica.
O
documentário “Ilha das Flores”, curta-metragem de Jorge Furtado, gravado na
década de 80/90, mostra catadores de lixo que sobreviviam do alimento que os
donos dos porcos rejeitavam para alimentar seus animais, ou seja, na “Ilha das
Flores” o ser humano estaria abaixo dos porcos na prioridade da escolha de alimentos, uma
degradação extrema da dignidade humana.
O
curta-metragem “Ilha das Flores” ainda continua atual nos dias de hoje, pois mostra
uma realidade no sul do Brasil que reflete o que acontece em várias outras
regiões do nosso e de tantos outros países, onde a desigualdade social e a ausência de um mínimo de dignidade humana é o cerne da questão liberal capitalista.
E termino esse texto com a frase emblemática do documentário, para reflexão de todos: "o ser humano é um bípede que possui telencéfalo altamente desenvolvido e polegar opositor, e que deveria saber o verdadeiro significado da palavra liberdade, uma palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda".
E termino esse texto com a frase emblemática do documentário, para reflexão de todos: "o ser humano é um bípede que possui telencéfalo altamente desenvolvido e polegar opositor, e que deveria saber o verdadeiro significado da palavra liberdade, uma palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda".