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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

"Deuses gregos" e "Don Juans" da vida


No filme “Don Juan de Marco”, o personagem principal, vivido pelo belo (e irresistível) “camaleão” Johnny Depp, é portador da “síndrome de Don Juanismo”, uma espécie de “compulsão por sedução”, transtorno psiquiátrico associado ao mito Don Juan ( lendário sedutor espanhol, “cantado em verso e prosa” em inúmeros contos literários e peças teatrais, desde o século XVII).

"Sedutor" compulsivo, o protagonista, durante seu delírio de amante contumaz, se “apaixona” pela única mulher que não se dobrou às suas “investidas” e, romântico ao extremo, decide suicidar-se, ou se deixar ser morto pelo seu “rival”.

O “psiquiatra” Marlon Brando ( o ator já na fase obesa, mas talentoso como sempre) esbarra na figura do seu paciente que, vestido a caráter como o lendário Don Juan (de máscara, chapéu, capa e luvas de couro), mesmo louco ou não, fascina a todos (inclusive o psiquiatra) com sua maneira, mais do que especial, de tratar uma mulher.

Diferente do “Don Juan” da literatura espanhola (personagem fictício caracterizado como “sedutor e aproveitador”, “símbolo da libertinagem”, “destruidor de corações e almas femininas”), o “Don Juan” de Johnny Depp
(produção de Francis Ford Coppola, de 1995), ao contrário, é apaixonado pela figura da mulher, considera-a um ser especial, forte e frágil ao mesmo tempo, merecedora de toda atenção e cuidado.

A grande capacidade de sonhar do personagem, com sua forma romântica de enxergar a vida, desperta em nós, espectadores (e também no “psiquiatra” Marlon Brando), o melhor que temos dentro de nós. E, sem pudores, tomamos para nós os sonhos, as dores e agruras do personagem que, na verdade, esconde por trás da aparente e frágil “sedução”, traumas familiares (traição e morte) que o fazem viver num mundo de fantasia, acreditando piamente que poderia sobreviver forjando um mundo perfeito que tinha criado para si mesmo, fechando os olhos para a realidade, nua e crua, do mundo “lá fora” (fora da sua mente).

Através do ponto de vista do rapaz, o médico começa a rever os seus próprios conceitos de vida, percebendo pela primeira vez sua atitude egoísta em relação as mulheres, principalmente a sua própria esposa (papel da atriz Faye Dunaway).

E o filme, pura fantasia, vai nos envolvendo, e a letra da romântica música “Have you ever really loved a woman?” cantada por Bryan Adams (veja no final do texto), cai como uma luva, quando diz, numa das estrofes: “Para amar verdadeiramente uma mulher, você precisa conhecê-la profundamente por dentro, ouvir cada pensamento, cada sonho, e dar-lhe asas para que ela possa voar”.

Se eu fosse psicóloga e/ou psiquiatra, teria uma “penca” de comentários para discorrer sobre a mente (esquizofrenia? paranóia?) e o comportamento humano, baseado nesse filme. Mas para mim ( que sou cardiologista), o que realmente me chamou a atenção no filme (saindo do universo da medicina, e mulher feminista que sou), foi justamente a mudança no comportamento (até então egoísta) do médico, em relação às mulheres, ao amor perdido no tempo, ao romantismo até então abandonado pelo personagem do Marlon Brando.

Os homens, hoje em dia, em sua grande maioria, se comportam também como “sedutores contumazes”– a velha desculpa esfarrapada de que “olhar a bunda” da mulher alheia é "instintivo", muitos inclusive dirão "não dá prá evitar", e espertamente alegam “fazer parte da natureza do homem”. Egoisticamente, se esquecem do emocional das mulheres, querem apenas satisfazer seus próprios desejos e “instintos”, olham só para o "seu próprio umbigo" e não param para pensar o quanto machucam as suas mulheres com esse comportamento animal e primitivo,

pois se somos racionais e aprendemos a conter nossos impulsos pelo bem de uma vida em sociedade (do contrário, roubaríamos comida quando tivéssemos fome, ou mesmo transaríamos na rua, ávidos por sexo, aplacando nossos desejos, como cães no cio), por que nós mulheres (a maioria de nós, pelo menos), mais sensíveis, somos incapazes de tal indelicadeza na frente dos mesmos homens, quando passa por nós um legítimo “deus grego”?

Ou mesmo resistimos, em respeito aos nossos homens, a muitos “Don Juans” que cismam em cruzar nosso caminho no dia a dia, e eles, ao contrário, colocam a culpa da traição na velha desculpa de que a  “carne é fraca". Sem essa que mulher é diferente do homem em desejo e tesão, a diferença é que aprendemos (ou nos impuseram) a reprimir os nossos impulsos diante de um “deus grego” e de “don juans”, e aos homens ao contrário foi ensinado “prenda suas cabras que meu bode está a solta”.

Mas... quer saber o que pensa uma mulher que tem auto-estima elevada, sobre o homem descompromissado que, ao seu lado, fica confidenciando com outros amigos sobre a “louraça” que acaba de passar? “Esse aí está fora da jogada, jamais daria uma chance a esse, pois prefere olhar a louraça a me dar atenção, pois se tivesse consideração e respeito pela minha pessoa, jamais olharia ou cantaria outra mulher na minha frente”.

E agora olhe como, a mesma mulher acima, enxerga o homem compromissado que, também na sua frente, fica confidenciando com outros homens sobre a mesma “louraça” que acaba de passar: “esse aí deve ser um pobre diabo, com certeza tem um bagulho como mulher em casa, pois não conseguiu coisa melhor e por isso fica cobiçando “o gramado alheio”, ou então é um galinha ridículo, que não respeita a mulher que tem em casa".

Pode até nem ser a verdade nenhum dos pensamentos, mas é isso que passa pela cabeça das mulheres que têm auto-estima, ou seja, os dois tipinhos são bem mal vistos por essas mulheres (e eu me incluo nesse grupo). A maioria dos homens, que age assim, acredita estar, diante das mulheres, se “posicionando” como um macho que “se garante”, mas o que fica é justamente o contrário, pois assim como nenhum homem gosta de se sentir menosprezado pelo sexo oposto, o mesmo acontece com as mulheres.

Ou seja, mulher que se gosta e se valoriza, quer ser exclusiva e única, (assim como todo homem, que se preze, quer também), como diz um dos versos da música do filme ("You tell her that she's the one'), portanto não aceita se sentir menosprezada, nem mesmo pelo amigo homem (que poderia vir a ser um futuro companheiro), nem aceita que o homem comprometido menospreze a companheira atual, que um dia poderia ser ela própria.

Portanto, se você quiser comentar sobre a “louraça” que acaba de passar, faça como nós, mulheres, quando vemos passar um “deus grego” (aliás, o Johnny Depp é o próprio “pedaço de mau caminho”, e o último vídeo, no final do texto, é exclusivo para o deleite de nós mulheres), nunca comentamos isso na presença de outro homem (mesmo que seja apenas um amigo), pois não é delicado, e para nós significa falta de respeito e de consideração com o sexo oposto.

E para ilustrar, veja no vídeo abaixo, o que pode acontecer quando você olha o "derrière" de uma mulher, na frente de outra (kkkkk).









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