No embalo da onda, dado o enfoque da Alemanha na mídia, por conta dos 20 anos da queda do muro de Berlim, aproveito e indico mais esse excelente filme alemão, que começa no período que antecede a derrocada do regime e mostra como a unificação "mexeu" com a vida dos berlinenses.
"Good bye, Lênin" (veja trailer no final do texto) conta a história de um filho que se sente culpado do (provável) infarto que a mãe sofreu (a mãe, uma fervorosa ativista e nacionalista da Alemanha Oriental) ao vê-lo participar de uma passeata anti-socialista.
Houve complicações e a mãe fica em coma por cerca de oito meses, tempo suficiente para acontecer a queda do muro e a Alemanha Oriental se adaptar ao capitalismo.
Ao se recuperar do coma, para poupar a frágil mãe, o filho resolve forjar a vitória da ideologia socialista, como se nada tivesse mudado naqueles oito meses, para isso vamos assistir a uma série de gags bem boladas e hilariantes.
O filme tem um pouco de tudo, tem momentos muito engraçados, outros dramáticos, tem homenagem ao cinema europeu (a estátua de Lênin carregada de helicóptero lembra a cena da abertura de "La dolce vita" de Fellini),
mas a grande sacada do filme é o questionamento que ele nos remete, quando percebe-se que a vida mudou pouco para as pessoas daquele local. Sabe-se hoje, 20 anos após a queda do muro, que muitos alemães que nasceram e cresceram do lado leste, a antiga Berlim Oriental,
sentem nostalgia dos velhos tempos - a chamada "ostalgie", nostalgia do leste - o filme retrata isso muito bem, com o filho tentando forjar o pepino em conserva, o feijão enlatado, produtos típicos que sumiram das prateleiras com a chegada dos "enlatados" americanos - a saída estratégica do filho prá explicar o anúncio da coca-cola é o máximo.
Há pouco tempo o país voltou a fabricar os velhos produtos pré-unificação (carros, refrigerantes, enlatados) e até camisas T-shirts com o brasão da DDR (sigla do "país extinto").
"Adeus, Lênin" mostra uma visão romântica e saudosista de uma ideologia diferente da nossa, mas no fundo a mensagem que fica é que, não importa se socialista, comunista ou capitalista, o que importa é que, o que todos nós desejamos, sem exceção, é um mundo melhor de se viver. O mundo precisa urgentemente de filmes como esse. Inesquecível.
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