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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Onde vivem os "nossos" monstros ?

Todos nós temos nossos monstros, monstros interiores que nos aterrorizam, a maioria deles escondidos e muito bem camuflados no nosso íntimo.

Na infância, no auge dos nossos temores pueris, em vão procuramos por eles, debaixo da cama, por baixo dos lençóis, dentro dos armários, atrás da porta. E, no entanto, já adultos, eles retornam, e quando menos esperamos, lá estão eles, chafurdados na nossa mente, prontos para nos assombrar e puxar pelos nossos pés.

Medo, inveja, ciúmes, mágoas, raiva, ressentimentos,... monstros que vivem e convivem conosco, escondidos no fundo de nossa alma, mesmo que, por vergonha, tendemos a não admitir sua existência (nem sempre pacífica) dentro de nós.

Às vezes, eles nos assombram nas madrugadas insones, em pesadelos, e pela manhã, de novo varremos essas monstruosidades “prá baixo do tapete” de nossa consciência, e “seguros” seguimos em frente pela vida afora.

Conseguir controlar essas feras dentro de nós, às vezes, é impossível, e esses monstros, sob a forma de sentimentos insolentes, afloram do nosso íntimo, e nos transfiguramos, nos transformamos em monstros inimagináveis, capazes de males como ódio, inveja e outros sentimentos não lá muito nobres.

Mas nem sempre deixar vir à tona essas nossas criaturas é assim tão ruim, às vezes é necessário, eu diria que, em certos momentos, é até vital, pois há monstros que, na verdade, nos protegem. A sociedade nos domestica, nos impõe regras de comportamento e muitas vezes “engolimos sapos” muitas vezes  indigestos demais, mas o fazemos para parecermos “politicamente corretos”.

Assim, de vez em quando, “abro a jaula e solto meus bichos” e percebo, impressionada (eu diria até orgulhosa), como eles são poderosos, e que, felizmente, meus monstros não são assim tão “feios”, ao contrário, graças a eles, adquiro forças prá enfrentar os obstáculos da vida,

porque há muito mais monstros por aí a espreita no meu caminho, bem mais “feios” que os meus (os psicopatas sociais cultivam os mais pavorosos, porque fingem-se de cordatos para, em seguida, com a vítima dominada, atacar impunemente), e para enfrentá-los só mesmo um outro monstro a altura, e é nessa hora que eu solto os meus.

E para provar que eles existem, “taí o mundo”, com sua maldade explícita, nas guerras “justificadas” por intolerância racial, religiosa, etc. Falta amor ao próximo, sobra intolerância, falta altruísmo, sobra mau-caratismo, falta comiseração, sobra ganância, falta humildade, sobra inveja.

“Onde vivem os monstros” (Where the wild thinds are) é o título do novo filme do diretor Spike Jonze (já conhecido pelos ótimos e também surrealistas “Quero ser John MalKovich” e “Adaptação”) que mostra exatamente esses nossos monstros interiores, numa abordagem aparentemente infantil (um menino rebelde e imaginativo que, após se desentender com sua família, se embrenha numa floresta cheia de monstros, cujas personalidades diversas refletem as emoções e aflições do menino, tais como raiva, isolamento, carência e tantas outras mais). 

O filme que mistura animação e live-action (atores contracenando com desenhos), infelizmente, foi (mal) divulgado como infantil” (por ter sido adaptado de um livro infantil), mas na verdade trata-se de um drama que assombra mais adultos que crianças, ao mostrar, mesmo fantasiosamente, que nossos monstros estão aí, soltos, a espreita, prontos para atacar (veja abaixo o trailer do filme).

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