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sábado, 28 de novembro de 2009

"Hora de voltar" ("Garden State")

"Hora de voltar" - esse filme "passou longe" do circuitão, circulou só nos festivais de cinema, agradando em cheio aos "cinéfilos de plantão" pelo seu estilo de comédia dramática "não hollywoodiana", e sua divulgação se deu no "boca a boca" entre os fissurados em cinema alternativo.

"Hora de voltar", mistura de drama com pitadas de um humor perspicaz e irreverente, conta a história de um rapaz depressivo, que se reveza em ser ator e garçom em Los Angeles, marcado por um trauma familiar na infância que, por causa do falecimento de sua mãe, se vê obrigado a voltar a sua cidade natal (em Nova Jersey, daí o título original do filme "Garden State") e ao seu passado deixado a força para trás.

O filme foi escrito, dirigido e estrelado pelo ator Zach Braff (do seriado americano "Scrubs") como o rapaz "deprê", dopado com antidepressivos, totalmente alheio a tudo e a todos - as cenas do seu corpo "tatuado" pelos amigos após uma festa regada a álcool e ecstasy são hilárias - e também conta com a atriz Natalie Portmann (dos também ótimos "Closer", "O profissional" e "V de vingança"), que está bem a vontade no papel de "maluquinha" e epiléptica.

A trilha sonora do filme é uma atração à parte - Coldplay (com a música "Don't panic"), Colin Hay e bandas desconhecidas para o grande público como The Shins, Remy Zero, Nick Drake, Zero 7 - músicas envolventes, muito bem escolhidas, compõem e marcam magistralmente as cenas: numa delas a "maluquinha" apresenta ao rapaz deprê o som do grupo "The Shins", com a música "New slang", enquanto ele tenta se livrar de um cão guia numa cena hilária, e no "velório" do seu hamster, ouve-se ao fundo Colin Hay com "I just don't think I'll ever get over you".

E há a cena transcendental e antológica do "guardião do abismo infinito" que diz pro personagem deprê: "good luck exploring the infinite abysm" numa alusão ao abismo da sua própria mente, e ao ouvir isso o personagem "liberta-se" com um grito no abismo, ao som de Simon and Garfunkel, com a música "The only living boy in New York" (veja a cena no final do texto).

"Hora de voltar" é um filme que dá vontade de "entrar no papo cabeça" dos seus personagens, por horas a fio, noite adentro, e gritar com toda a força à beira desse abismo que é a vida, afinal há sentido na vida? ou é melhor vivê-la como nos é possível viver, sem questioná-la? A protagonista conclui numa das belas cenas do filme em que o rapaz se surpreende com uma furtiva lágrima: "this is the life, sometimes hurts so much, but that is life, it's real".

















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