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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Os famosos clichês do cinema americano

O cinematógrafo, como comentei em outro texto, foi inventado na França, e assim nasceu o cinema, mas o “rebento” logo migrou para os EUA e lá se criou, viveu “a infância e a adolescência”, e já adulto o cinema partiu, “a passeio”, de volta para o continente europeu (e virou cult). Mas foi na América que o cinema proliferou e adquiriu “os vícios e maneirismos” americanos – e assim, por mais que a gigantesca produção estadunidense gere filmes esplêndidos, também produz muitos filmes médios (alguns “puro trash”), os chamados filmes comerciais (os famosos “enlatados”), e para produzi-los em larga escala, criaram-se “regrinhas”, verdadeiros chamarizes (ou não) de bilheteria – são os eternos clichês do cinema americano.

O lugar comum. Clichês podem botar abaixo um grande filme, pode fazer um livro sério virar uma verdadeira piada na telona e transformar uma interessante história em pura decepção. Existem situações que beiram o ridículo de tão batidas, num evidente flagrante de total falta de criatividade, comprometendo muitas vezes o contexto geral do filme. Vamos a alguns deles.

Já perceberam que, quando o mocinho finalmente vence o bandido, ele muitas  vezes deixa atrás de si um rastro de destruição, fogo e explosões, sai andando lentamente (câmera sempre em "slow motion") e jamais olha prá trás? Não perceberam? Pois Andy Samberg percebeu isso e fez “história” com esse clichê. O ator e comediante, do programa humorístico americano Saturday Night Live (SNL), é um dos integrantes de um grupo musical humorístico de hip hop chamado “The lonely island”. 

Em 2009, o comediante participou da entrega dos prêmios do “MTV movie awards” (o canal homenageia os melhores filmes, atores e produtores do ano, votados pelo público através do site oficial da emissora) e apresentou a hilária música “Cool guys don’t look at explosions” (abaixo, assista o vídeo, com as cenas explosivas de filmes famosos) ironizando o famoso clichê, junto com Will Ferrell “fantasiado” de Neil Diamond e também o produtor de cinema J.J. Abrams (um dos produtores da série “Lost”).



Já notaram que, com toda a tecnologia avançada dos americanos, os carros de lá sempre cismam em não funcionar nas horas mais críticas e angustiantes dos filmes de suspense e de terror? Já repararam que, em uma perseguição de carros, sempre tem uma feira para o carro passar por cima, com legumes voando prá todo lado? E as armas de fogo? São como lâminas de barbear descartáveis; se o cara fica sem balas, joga-se a arma fora e pronto. Já os elevadores sempre estão no andar certo, menos quando o herói está sendo perseguido. Coincidentemente, sempre que se liga a TV, o noticiário está exatamente na hora da notícia que mais interessa para a história.

Já perceberam que a língua oficial de qualquer civilização alienígena é sempre o inglês? E em toda catástrofe ou invasão extraterrestre, Nova York é sempre o alvo principal da tragédia. E não se sabe por que, mas todos os animais possuem alguma espécie de sexto sentido. Quando alguém decide dançar na rua, qualquer um que passe ao lado sempre conhece todos os passos da dança. Casas mal-assombradas nunca estão trancadas e a porta sempre fecha sozinha, atrás do curioso que acabou de transpassá-la.

Presidente americano texano imbecil? Jamais veremos um Bush retratado no “cinema clichê”. Um presidente americano é sempre um super-herói e imortal, pronto para defender seus cidadãos com a força dos próprios punhos, se assim for necessário. “Patriotada” também não falta nesses “filmes clichês”, como em “Independence Day”, e no filme “2012” cenários apocalípticos (nem o nosso Cristo Redentor escapou da destruição em massa) em que ridiculamente o herói sempre escapa, “por um fio”, de ser engolido ou soterrado (aliás, James Bond, o agente 007 é "hors-concours" nessa arte). E claro, não pode faltar a bandeirinha americana, sempre tremulando em algum canto do cenário. E por aí vai... clichês e mais clichês (veja no final do texto). 

Mas os clichês também não deixam de ser divertidos quando, propositadamente, são vistos em filmes de humor – na verdade, nesses casos, usa-se o clichê sarcasticamente. O programa humorístico SNL é especializado em satirizar políticos, artistas, acontecimentos históricos e todas as formas de artes em geral, aí incluindo, claro, também o cinema (veja, no final do texto, a paródia do nascimento de Cristo e o exterminador do futuro). O ator comediante Will Ferrell, cria antiga da casa, sempre é visto em seus filmes parodiando os eternos clichês do cinema americano, chamando a atenção para eles, e em geral ridicularizando-os (veja no final do texto).

Também o ator Leslie Nielsen (morto recentemente) era outro que nos divertia com os seus clichês escandalosamente explícitos. No filme “Apertem o cinto, o piloto sumiu”, o ator faz uma divertida paródia do batido clichê que aparece sempre em situações de pânico, quando alguém perde o controle e surta, e tem que ser contido por outro personagem (veja no final do texto). E em "Todo mundo em pânico" ele é um presidente pateta (aí sim, retrata-se um "Bush da vida").

Até os cartazes dos filmes são um eterno “lugar-comum” – nos filmes de comédias românticas vemos os casais de costas um para o outro, sempre sorrindo, com “aquele olhar 43” (“Uma linda mulher”, “Como perder um homem em 10 dias”, “O amor custa caro”). Já na comédia “The other guys”, o diretor brinca com esse clichê e cria um cartaz animado, satirizando o clássico cartaz do policial “fodão” (veja, no final do texto, Mark Walhlberg e Will Ferrell no divertido cartaz promocional do filme).

Da próxima vez que for assistir a um desses filmes comerciais bem ao “estilo blockbuster”, lembre-se dos clichês – procurar por eles (a lista é enorme, citei só alguns) já virou mania entre alguns fissurados em cinema, e realmente é uma diversão a parte, principalmente quando usados propositadamente e sarcasticamente. Divirta-se. É um verdadeiro “onde está Wally?” cinematográfico (ou, em inglês, “where’s Waldo?”).










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