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sábado, 29 de maio de 2010

"Fantasie" sua vida

Dizem que o amor é uma bobagem, uma fantasia, mas ninguém sobrevive sem ele. Eu, pelo menos, continuo a procurar uma "sessão da tarde" em minha vida. Já me disseram que sou sonhadora demais, que vivo no mundo da fantasia, pode ser, mas, se a realidade "lá fora" não tiver magia (do cinema, por exemplo), a vida fica insuportável, e se a vida (e o cinema) é uma eterna fantasia, quero morrer sonhando. E falando em fantasia no cinema, aí vão dicas “prá sonhar” porque, segundo Mário Quintana, “uma vida não basta ser vivida, ela precisa ser sonhada”.

“A noiva cadáver” – animação do famoso diretor Tim Burton, que mostra os dois possíveis mundos, dos vivos e dos “mortos” (cenas do "making of" do filme no final do texto). O mundo dos vivos é mostrado como um lugar sombrio, frio e úmido, enquanto o mundo dos “mortos”, ao contrário, é lúdico, colorido, com muita música e alegria, numa alusão de que “passar dessa para melhor” é melhor mesmo, e que deveríamos aprender que nada termina aqui, apenas um novo começo nos espera, e a noiva cadáver “se rende” e vai enfim ao encontro da “luz”. Uma graça esse filme, e de quebra uma lição de espiritualidade.

“Edward mãos de tesoura”,  um verdadeiro conto de fadas, com Johnny Depp como uma criação de um inventor, que deixa seu corpo incompleto com mãos de tesoura. Johnny Depp impressiona com sua performance, seu rosto pálido, marcado tanto pelas cicatrizes, provocadas pelas suas desajeitadas mãos de tesoura, como pela frustração de não poder ser totalmente humano em sua plenitude de corpo e alma (pela “mão” que não pode acariciar sua pretensa  amada Winona Ryder). Uma fábula tocante e sensível sobre as limitações e frustrações do ser humano diante da vida e do mundo real (cenas do filme no fim do texto).

“Feitiço do tempo” ("Groundhog day")– a fantasia desse filme é a contínua repetição de um mesmo dia, na vida do personagem do Bill Murray, que não é explicada em nenhum momento do filme – um motivo surreal é dispensável e tiraria talvez a graça do filme. Bill Murray (dos também ótimos “Encontros e desencontros” e “Flores partidas”) vive um mal-humorado “homem do tempo” de um canal de TV que, um belo dia acorda prá viver (e reviver) o mesmo dia entediante, numa cidadezinha pacata do interior; com o tempo ele começa a tirar proveito disso pois é o único que sabe o que vai acontecer naquele dia. O uso de  gags repetidas  tornam o filme uma comédia genial e inusitada. E no fim do texto, além do trailer, a música "I got you babe" (que toca toda manhã na rádio e faz o personagem de Bill Murray acordar todos os dias na mesma fatídica hora) no raro vídeo do ex-casal Cher e Sonny, nos anos 60.

“O tigre e o dragão” e “Herói” , filmes que retratam o universo das lutas marciais (na verdade, um maravilhoso balé em forma de lutas) o 1º dirigido por Ang Lee (diretor também dos  ótimos dramas “Razão e sensibilidade” e o “Segredo de Brokeback Mountain”) e o 2º dirigido por Zhang Yimou (do também ótimo “O clã das adagas voadoras” e do  maravilhoso drama  “Lanternas Vermelhas”)  – a fantasia e as fotografias lindíssimas, em cores vibrantes,  fazem desses filmes “em mandarim”, do cinema oriental, uma “viagem” pelo mundo da fantasia e da força mental (tão cultivada pelo oriente e tão incompreendida  pelo ocidente) as "lutas” são, em geral, mais do poder da mente do que da força física, com os atores literalmente flutuando sobre as águas e por entre as árvores. Imperdíveis. Pura fantasia em forma de arte.

“Ladyhawke, O Feitiço de Áquila”, apesar das cenas de espada serem “fraquinhas”, sem efeitos especiais (perdoável, o filme é antigo), a fotografia é lindíssima, e a proposta da fantasia é a estória envolvente do casal que "não se encontra nunca", por causa de um feitiço. O tal Áquila, um bispo da Idade Média, enfeitiça a Michelle Pfeiffer (de  “Ligações perigosas” e “A época da inocência”)– mais linda ainda nesse filme – transformando-a em falcão durante o dia e o Rutger Hauer (o “charmosérrimo” ator foi um dos andróides que Harrisson Ford tinha que destruir na excelente ficção “Blade Runner, o caçador de andróides”) é transformado em lobo durante a noite, e as imagens do falcão e do lobo num magnífico cenário repleto de neve são uma atração a parte, e também tem o ator Matthew Broderick (do também divertido “Curtindo a vida adoidado”) como o hilário Rato, unindo o casal no “sonho” (de dia e de noite) e na realidade. Lindo e divertido ao mesmo tempo.

"A vida em preto e branco" (com Tobey Maguire, o “Homem Aranha”) - o fictício seriado "Pleasantville" em preto e branco, dos anos 50  é o sonho de consumo americano, com suas famílias perfeitas, suas casas ajardinadas e seus rígidos valores morais. E num daqueles dias de conflito do personagem de Tobey Maguire, com sua família desmembrada, típica dos anos 90, ele recebe a estranha visita de um técnico de TV que lhe dá um estranho controle remoto que irá transportá-lo (junto com sua "irmã", a atriz Reese Witherspoon) para dentro da telinha, no cenário da fictícia cidadezinha, e assim começa a fantasia, inicialmente em cores monocromáticas, que vão aos poucos se colorindo de vida (veja cenas do filme, no fim do texto, com a voz de Etta James, ao fundo, cantando "At last"), a partir das emoções (prazerosas ou não) vividas pelos personagens da pacata cidadezinha fictícia, com efeitos especiais impressionantes e uma bela trilha sonora que tornam o filme ainda mais encantador.

Mais “fantasias” imperdíveis:
“A rosa púrpura do Cairo” (do Woody Allen), 
“Quero ser John Malkovich”,
“A viagem de Chihiro”,
“Uma cilada para Roger Rabbit”,
“As bicicletas de Belleville”,
“Toy Story”,
“Nanny McPhee, a babá encantada” (infantil, para "crianças" de 5 a 50 anos, com a fenomenal Emma Thompson – do também ótimo “Para o resto de nossas vidas” e de “Simplesmente amor”) 
"O labirinto"(infantil, com o cantor David Bowie e a atriz Jennifer Connelly ainda bem menina)
E o mais recente "Alice no país das maravilhas" de Tim Burton

E prá terminar, faço minhas as palavras do grande Fernando Pessoa: 

 “Tenho em mim todos os sonhos do mundo”.
 “Somos do tamanho dos nossos sonhos”.









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