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sábado, 6 de fevereiro de 2010

"O mundo de Andy" de Milos Forman

Milos Forman é um diretor e tanto, quanto mais filmes dirige, mais surpreende com sua performance, transforma biografias, que aparentemente não entusiasmaria o grande público, em verdadeiras preciosidades,

como é o caso de “Amadeus”, numa época como a nossa, em que a ópera não é o estilo musical de grande parte do público que lotaria as salas de cinema, o diretor empolga ao mostrar a vida do músico através dos olhos invejosos do seu principal adversário, o músico Salieri, num misto de amor e ódio por um Mozart hilário, rebelde e perdulário. Ótimo filme.

O premiado diretor continuou mostrando sua performance em “O estranho no ninho”, excelente filme que projetou Jack Nicholson para sempre no mundo hollywoodiano, focado na rebeldia e loucura do personagem principal, que viraria a marca registrada do ator.

E em “O povo contra Larry Flint”, o diretor mais uma vez surpreende ao contar a  verdadeira história, da glória à ruína, de um conhecido empresário da indústria do sexo dos EUA, que desafiou até a Suprema Corte daquele país, com sua revista de sexo explícito e sua boca ferina.

“Na época do ragtime” é outro filme do premiado diretor que conta a trajetória do racismo no início do século XX em várias tramas paralelas. E só prá recordar, Milos Forman foi também o diretor do não menos famoso musical hippie “Hair” dos anos 70.

Mas muitos desconhecem outro grande momento desse renomado diretor. Estou me referindo ao filme “O mundo de Andy” (título original “Man on the moon”), mais uma vez Forman surpreende com uma direção primorosa, ao contar a conturbada vida do comediante americano Andy Kaufman (praticamente desconhecido aqui no Brasil) que morreu de câncer, na década de 80, aos 35 anos de idade.

A vida de Kaufman era por si só uma verdadeira comédia do absurdo, ele virou uma lenda em seu país, ao “sacudir” a América e questionar a mesmice da época,  é considerado o único comediante americano “dadaísta” até os dias de hoje, tal a verdadeira “anarquia” que era os seus shows, considerado o mais excêntrico, inovador, enigmático e imprevisível dos humoristas de sua época.

Absurdo, ilógico, repleto de improvisos, um mestre em provocar o público, na verdade ele era um personagem incômodo demais para aquela América cheia de pudor e preconceitos, seus shows às vezes era seguido de um silêncio sepulcral, outras vezes  terminavam em gargalhadas, às vezes em pancadarias e até em lágrimas, pois não se sabia nunca se ele estava sendo ele mesmo, ou se a provocação seria parte do show, mais uma das muitas performances dele.

Desafiava a platéia, provocava as mulheres, lia livros chatíssimos no palco quando não gostava da platéia, tinha performances hilárias imitando pessimamente algum artista ou político, para logo a seguir surpreender a platéia com imitações magistrais de outro nome conhecido (a cena em que ele ridiculamente “imita” alguns presidentes americanos, seguida da imitação magistral do Elvis Presley é hilária).

O comediante criou um personagem que era o seu alter-ego, um cantor mal-humorado e rabugento de nome Tony Clifton, que se apresentava, independente do comediante, em bares e shows noturnos, como se tivesse vida própria. Numa das cenas, como Tony Clifton, ele cisma que só subiria ao palco, se a platéia  apagasse o cigarro, ordem cumprida, no entanto ele próprio aparece no palco fumando e soltando fumaça em círculos, provocando a ira da platéia. Ele também participava de luta livre e promovia lutas entre mulheres, provocando-as e muitas vezes lutando com elas.

O ator Jim Carrey está inspiradíssimo como Andy Kaufman, ele é a caricatura explícita do comediante, numa performance espetacular. E o filme conta também com a participação de Danny de Vito como o verdadeiro George Shapiro, famoso empresário descobridor de talentos, e também da não menos pirada Courtney Love (a polêmica  viúva de Kurt Cobain, do Nirvana) como a namorada do comediante.

Muitos ousam dizer que Jim Carrey não interpreta o comediante, ele “É” o próprio Kaufman, e realmente, quem quiser comparar, veja o verdadeiro comediante nos vídeos no final do texto  tem aparições dele no David Letterman, no Saturday Night Live, e também na pele do seu alter-ego Tony Clifton. No vídeo, Jim Carrey em “Man on the moon 1999”, compare com o verdadeiro “Andy Kaufman becomes Elvis 1977”, Jim Carrey em “Tony Clifton 4“ e o verdadeiro “Tony Clifton at Harrah's”.

A música-título “Man on the moon” foi feita pelo ótimo grupo R.E.M, exclusivamente para homenagear o comediante, e o filme termina com uma dúvida que persiste até hoje no mundo artístico da América, se realmente o comediante morreu ou se ele forjou sua própria morte para sair do mundo do show business, enquanto estava no auge da carreira. Mais uma peça que ele pregou no público? Não deixem de ver. Vale a dica (abaixo o trailer com a música do R.E.M. e outros filmes de Milos Forman)













































 









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