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sábado, 4 de junho de 2011

"Ladrão que rouba ladrão..."

“Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão” – o filme “Jogos, trapaças e dois canos fumegantes” (Inglaterra, 1998) brinca com a idéia de que roubar bandido não é crime, e quando o diretor inglês Guy Ritchie usa essa idéia de maneira divertida, mesmo com muita violência e sangue rolando, “tá garantido” o sucesso do filme.




Apesar de quase inverossímil, tal a profusão de tramas e histórias paralelas que se entremeiam e se cruzam, a história funciona por causa do clima de comédia por trás das cenas de violência estetizada, e a alta velocidade da ação não deixa espaço para que o espectador perceba como a coisa toda pode não ser assim tão verossímil.

O cineasta chegou a ser rotulado como “o Quentin Tarantino da Inglaterra”, com suas histórias também ambientadas no submundo do crime, seguindo o estilo “a la Tarantino”, com seus diálogos afiados e divertidos, recheados de gírias, e personagens sempre à margem da sociedade, sob um olhar pop inconfundível.

Acho difícil achar que alguém não conheça Quentim Tarantino, o cineasta norte-americano mais influente da década de 1990, mas em todo caso, vamos lá. A estréia cinematográfica de Quentim Tarantino foi o megasucesso “Cães de Aluguel” (seis homens apelidados com nomes de cores - Pink, Orange, White, Blue, Blonde e Brown - são contratados por um mafioso para roubar uma joalheria, mas o plano dá errado por causa de um traidor no grupo).

E todos os seus filmes seguintes se transformaram em sucesso de público e de crítica, seja como diretor, ator ou produtor: “Pulp Fiction”, “Jackie Brown”, o macabro e vampiresco “Um drink no inferno”, “Kill Bill”, “Sin City a cidade do pecado”, “Bastardos inglórios” (esses dois últimos, já comentados aqui no blog - veja na lista de filmes) - no final do texto, trailers desses ótimos e aclamados filmes, e uma entrevista do diretor, sobre "Bastardos inglórios", no talk show do David Letterman.

Voltando ao Guy Ritchie – o diretor ganhou notoriedade quando dirigiu (e escreveu), em 1998,  “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes” (título original “Lock, Stock and Two Smoking Barrels") e em 2000, lançou “Snatch - Porcos e Diamantes”(com Brad Pitt e Benício Del Toro no elenco), e no final desse mesmo ano ficou também conhecido como “o marido da Madonna” e ao que parece, enquanto esteve à sombra da cantora pop-star só produziu filmes médios sem muita repercussão, e só após ter se divorciado é que voltou à mídia, com “Sherlock Holmes” (com Robert Downey Jr e Jude Law) em 2009.

“Jogos, trapaças e dois canos fumegantes” conta a história de quatro rapazes londrinos que vivem de pequenos trambiques nos arredores da cidade. Interessados em ganhar dinheiro sem fazer força, reúnem 100 mil libras de suas “economias”, e mandam o mais talentoso deles (o ator Nick Moran) para a mesa de pôquer de um conhecido mafioso local, com a esperança de saírem ricos do lugar.

Mas o rapaz é “literalmente” depenado por uma armadilha preparada pelos capangas do dono do covil dos jogadores, e terá uma semana para pagar a dívida ou terá seus dedos arrancados um a um, e o bar do pai do dito cujo passará para as mãos do mafioso. Aqui o cantor Sting (ex “The Police”) faz uma ponta no papel do pai do rapaz. E o ex jogador de futebol Vinnie Jones é o capanga que leva seu filho em todos os “ajustes de contas” para o patrão mafioso.

As outras tramas envolvem uma dupla de meliantes despreparados, encarregados de roubar duas armas raras (os tais “canos fumegantes” do título) para um colecionador, e um grupo de viciados que planta maconha num apartamento no centro de Londres comandados por um traficante exibicionista (o ator negro Vas Blackwood, num papel ao mesmo tempo engraçado e violento, com gírias inglesas e um diálogo prá lá de afiado).

A “graça” do filme está na sua fotografia, mostrando a periferia de  Londres propositadamente amarelada e envelhecida, como se a história tivesse saído daqueles antigos filmes de bang-bang, mas aqui os mocinhos são gângsters e ladrões de calibres variados, com uma ótima trilha sonora, que vai de James Brow ("The big payback" e "The boss") à bandas desconhecidas como Ocean Colour scene (a música da abertura do filme) e homenageia o filme “Zorba, o grego” dos anos 60 com a música instrumental "Sirtaki"(veja no final do texto, em preto e branco, Anthony Quinn dançando ao som da música-tema). Não deixem de assistir, é diversão garantida.













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