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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

De repente, alma gêmea aos trinta?

Relacionamento é uma incógnita e casamento uma loteria, diz o dito popular (alguns ousam inclusive apostar um "bolão", tal a probabilidade do fracasso em certos casos). Decerto é uma loteria, mas apesar de não ser um jogo, algumas "regrinhas básicas" podem nos ajudar a não apostar tanto "no escuro".

Para dar certo, ou melhor dizendo, para tentar dar o mais certo possível, o ideal seria que fôssemos iguais, e ao mesmo tempo, diferentes do nosso parceiro. Como assim, iguais e diferentes??!! Explico melhor.

O temperamento pode (se possível deve) ser diferente, pois personalidades e temperamentos diferentes são sempre um estímulo para o outro, o calmo desacelera o explosivo, o devagar "quase parando" é atiçado pelo agitado parceiro, e as discussões são facilmente contornadas por temperamentos antagônicos.

Mas quanto aos objetivos e projetos de vida, esses têm que ser iguais, as afinidades têm que ser compatíveis, os dois têm que olhar sempre na mesma direção, têm que ter a mesma visão de mundo e os mesmos valores. Se não for assim, a chance de dar certo é remota, se não há afinidades nem objetivos em comum, cada um vai em uma direção e se perdem em estradas opostas.

Parece bobagem mas, por exemplo, até a afinidade na hora do futebol é importante (por isso evito me envolver com "fissurados" em futebol) pois vai haver conflito se o fulano gosta e quer ir pro jogo e você não. E você já parou prá pensar quantos campeonatos cabem em 365 dias do ano? Campeonato Carioca, Brasileiro, taça Guanabara, é campeonato que não acaba mais, e muitas vezes o fulano (principalmente se for flamenguista) não se contenta em assistir só o time dele, tem que assistir os times adversários prá preparar a "zoação" para com os amigos "rivais" no dia seguinte.

E então, se você não aderir, prepare-se prá ficar "de molho" o ano inteiro ( mas também aderir sem gostar, é falta de personalidade por isso seria melhor nem começar este tipo de relação. Eu, por exemplo, já tentei "unir-me ao inimigo" (já que não conseguimos vencê-lo), e só o que consegui foi entrar em transe, mais meditativo impossível, sonolência misturada a tédio total, com aquele bando de homens correndo prá lá e prá cá, atrás de uma bola e nada de gol (sou mais um vôlei). Na época da Copa, vá lá, tem o entusiasmo patriótico, sei lá, e os tais homenzinhos parecem que se empenham mais atrás da bola (já foi época em que havia o espírito esportivo, os atuais jogadores são, na maioria, mercenários do esporte). 

Assim, vai por mim, em minha opinião, melhor nem começar este tipo de relacionamento. Eu procuro conhecer pessoas que curtem coisas parecidas comigo, como meus livros, meus devaneios, minha fissuração por cinema (e afins), e daí sempre surge uma grande amizade, e às vezes daí brota uma grande paixão, um grande amor, sem ninguém precisar ceder nada. 

Mas... voltando a "loteria", será que pode dar certo, se não há afinidades? Até pode, mas a falta de afinidades pode gerar atritos, ou então fazer com que um dos parceiros ceda muito, e mais dia menos dia, vai cobrar por abrir mão de seus projetos e sonhos, por ter se tornado coadjuvante da vida do outro.

E o que vemos nos dias de hoje é que as pessoas não se deixam conhecer, vai chegando a idade fatídica dos 30-35 anos, época que a maioria já tem estabilidade profissional e financeira, e aí é um tal de papai, mamãe, vovó, o cachorro e até o papagaio da casa a te olhar enviesado - "o que é que houve que esse(a) menino(a) não desencalha? - se for homem, a pergunta que não quer calar: "será que é gay"? e se for mulher, o comentário fatídico: "vai acabar ficando prá titia".

E aí começa a corrida contra o tempo, contagem regressiva (principalmente as mulheres com o tal do relógio biológico, mas o homem também sofre pressão social, tem que "constituir uma família") - e de repente, a famigerada alma gêmea aparece exatamente nessa época, aos 30-35 anos de idade? Não é estranho? Haja coincidência que a maioria descubra a sua alma gêmea ao mesmo tempo, não?

Se o(a) fulano(a) chegou aos 30 anos, já com o seu provável grande amor (muitas vezes o relacionamento já chegou a exaustão, mas tem gente que ainda insiste em levar adiante...), então resolve que "tá na hora de juntar os trapos"... mas se não, ou seja, se o(a) fulano(a), no sufoco da pressão familiar, conhece alguém da noite pro dia, aí sim vira uma verdadeira loteria, pois não darão tempo de se conhecerem, qualquer paixonite vai virar "alma gêmea" nessa hora, só se enxerga qualidades naquela paixonite, mas os defeitos...

Ninguém reclama de qualidades, mas todos temos defeitos, mesmo aquela "belezura" e/ou aquele "deus grego", todos sem exceção temos defeitos. A dica para perceber se o relacionamento pode dar certo (nada é garantia, mas ajuda a beça) é saber se esses tais defeitos serão compatíveis com a vida a dois, e se serão toleráveis pelo parceiro, e para isso é preciso tempo e muita convivência, pois sem querer inventamos um personagem no início de uma relação, que não se sustenta por muito tempo, assim vamos aos poucos nos revelando para o outro, e o tempo nos ajudará a escolher melhor.

A pressão social é tanta que o sujeito não tem discernimento sobre quem acabou de conhecer, um perigo para os homens que, pressionados, se encantam  com a primeira voz meiga que lhes aparece (simplesmente não existe defeito, só qualidade) e só depois de casados (e o que é pior, muitas vezes com filhos a tiracolo) é que se vai conhecer realmente o parceiro e perceber que os tais defeitos são insuportáveis e superam as qualidades, e qeu nada têm em comum, aí não entendem porque os amigos apostam um "bolão" no provável fracasso daquela relação. Há exceções, como em toda a regra, mas na maioria desses casos, a sorte está lançada.


E termino este texto, para refletir, com as belas músicas "Esses moços" (do Lupicínio Rodrigues, cantada pelo Gilberto Gil), "Noturno", (do Fagner), e "Segredos" (do Frejat) que têm tudo a ver com o tema.





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