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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Cinema: uma lição de casa (e de vida)

O cinema sempre foi meu fiel companheiro (junto com o mar) desde a minha infância, por isso me identifico tanto com o filme “Cinema Paradiso” e o menino Totó. A sétima arte continuou me seguindo pela adolescência (na minha cidade do interior, eu também tinha o “meu” Cinema Paradiso, que ironicamente também foi demolido) e já adulta, continuou a ser meu universo, até durante a lição de casa dos meus meninos, pois nada melhor que uma boa história (de cinema) para contar a (nem sempre) bela História da humanidade.

O cinema é uma escola à parte, quando se trata de contar a História de séculos e séculos de nossa existência. Grandes filmes são ótimos para uma grande lição de História e de Geografia, e também "aulas particulares" de ciências políticas e socioeconômicas, e claro, principalmente, uma grande “lição” de vida.

“Unir o útil ao agradável” - estudar assim é “prá lá de bom”, meus filhotes nunca reclamaram. Assim, aqui vão algumas dicas para o “currículo escolar” - na verdade, vou dar uma pequena “pincelada”, impossível falar de todos (no fim do texto, trailers de alguns deles).

Mas antes de levar "a aula" da história da humanidade a sério, sempre tem o famoso "recreio, assim assista antes a "divertida aula" do professor de mitologia Aquiles Arquelau, antigo personagem do humorista Agildo Ribeiro e sua eterna paixão pela atriz Bruna Lombardi no extinto programa televisivo "O planeta dos homens" (vídeo abaixo que pode também ser assistido no youtube).

OBS: Prá quem quiser "adotar" o cinema como um currículo escolar "extra", aconselho assistir antes os filmes, para selecionar se as cenas dos mesmos são adequadas para a idade dos pimpolhos.

Gandhi”  - a história do anarquista pacifista, vivida pelo brilhante Ben kingsley (do também excelente “Casa de areia e névoa”) e sua “desobediência civil” (a marcha do sal), numa época em que a dominação imperialista britânica ainda reinava sobre a sociedade e cultura indiana. Uma “aula” imperdível sobre o povo hindu, seus costumes e seus conflitos.

Sunshine, o despertar de um século” (leia sobre esse excelente filme, aqui no blog, na lista de filmes) conta a saga de uma família judia húngara e nos coloca no “centro nervoso” da Europa durante os conflitos da 1ª e 2ª guerra e suas inúmeras revoluções civis por todo o século 20.

O último imperador” dirigido pelo grande cineasta italiano Bernardo Bertolucci (de “O último tango em Paris”, “La Luna”, “O céu que nos protege”, e o recente “Os sonhadores”) conta a verdadeira história do último imperador da China que, coroado ainda menino, “reinou enclausurado” enquanto lá fora, além dos muros do palácio, já “imperava” a república chinesa comunista. Uma "aula" da história da China, da 1ª década do século 20 até a 2ª guerra mundial. Lindíssima a fotografia do filme. Bertolucci é Bertolucci.

Todos os homens do presidente” (já falei sobre esse filme, aqui no blog, em “Heróis e vilões”) – o caso  “Watergate” envolvendo o presidente  Nixon, com Robert Redford e Dustin Hoffmann no papel dos jornalistas que denunciaram o escândalo sobre as escutas clandestinas no partido opositor.

Adeus, Lênin”  – já comentei aqui sobre esse maravilhoso e sensível filme, veja na lista de filmes, no blog)– a História da Alemanha Oriental e a queda do muro de Berlim como pano de fundo de uma relação de amor entre um filho e sua mãe.

"O nome da rosa" um ótimo suspense policial, ambientado em um mosteiro retrata uma Itália em plena Idade média, com seus costumes, seus conceitos, sua moral. Sean Conery é um monge intrigado com um mistério a ser desvendado (várias mortes ocorrrem nos que ousam "profanar" e ler os livros sagrados). Uma lição "de casa" sobre o poder da Igreja Católica através dos séculos e a instauração da Inquisição numa Itália medieval e renascentista.

Os países de cultura árabe, o tema do momento, estão em diversos filmes da atualidade tais como: “A caminho de kandahar” documentário sobre o Afeganistão e os talibãs, com todos os conflitos religiosos, políticos e culturais desse povo, “Paradise now” sobre o destino marcado dos homens-bomba; e o genial “Terra de ninguém”("no man's land") - filme sobre a (im)provável  solidariedade entre sérvios e bósnios quando os objetivos militares se perdem e entra em jogo a própria sobrevivência (muito mais que uma  lição de História, antes uma lição de vida esse filme).

Os incontáveis filmes sobre a guerra do Vietnã: em versão “light” como “Good morning, Vietnã” (Robin Willians como um irreverente e divertido radialista animando os pracinhas) e “Forrest Gump, o contador de histórias” (Tom Hanks, ótimo num papel de um “oligofrênico” com suas estórias surreais e divertidas); e em versões “hard, heavy” como “Platoon”, “Apocalipse now” e o também premiadíssimo “O franco atirador -The deer hunter" (Robert De Niro num papel instigante e enigmático em meio a dor e desespero dos amigos na volta da guerra).

O holocausto com seus diversos  e dolorosos “protagonistas” como em “A lista de Schindler” e “O pianista”. A 1ª guerra mundial com “Dr Jivago”. A 2ª guerra mundial com o  maravilhoso “Além da linha vermelha”, também “O resgate do soldado Ryan” e “A Queda - os últimos dias de Hitler”.

Sobre racismo e a Ku-Klux-Klan o ótimo “Mississipi em chamas” (veja aqui no blog, na lista de filmes, "O gênero policial no cinema") e sobre anti-semitismo o também ótimo “Código de Honra - School ties". 




















quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Heróis e vilões: o poder do mito

Herbert Viana na sua música "Ska" diz, numa das estrofes que "a vida não é filme", mas na minha opinião, acho que na verdade "a vida imita a arte, muito mais do que a arte imita a vida" (dizia o escritor irlandês Oscar Wilde). A sétima arte, por exemplo, já nos fez amar "de paixão" o mocinho, e às vezes, inverte esse papel, e numa atração quase mórbida, nos faz torcer pelo bandido ("amamos odiar" o vilão).

O antropólogo norte americano Joseph Campbell em seu livro "O poder do mito" mostra que o herói é aquele que reúne (ou absorve) a maior parte dos principais traços do comportamento humano. Servir, proteger, enfrentar sua natureza interior e transformar a vida representam o desejo de poder da pessoa comum (desejo esse em geral reprimido), rompendo com os limites impostos, combatendo a injustiça e defendendo "os fracos e oprimidos". Os heróis fazem o que gostaríamos de fazer - desafiar o mundo e as convenções. 


O problema é que, segundo o antropólogo, os heróis e os vilões têm normalmente a mesma origem; em um dado momento sugere direções opostas por incompatibilidades, crenças diferentes ou objetivos excludentes. O fato é que ambos estão em rota de colisão. O objetivo de um é acabar com o outro, o que os diferencia são as razões que os levam a isso. O herói defende aspectos superiores da natureza humana, enquanto o vilão defende os aspectos inferiores de sua natureza cada vez menos humana.

Assim, por conta de um fascínio que temos tanto pelo herói como pelo vilão, frequentemente "flertamos' ora com um, ora com o outro, e o cinema com sua linguagem universal envolvente pode nos colocar a favor ou contra um mito, seja ele do bem ou do mal. Há sempre uma linha tênue entre o bem e o mal.


"A vida imita a arte" - o cinema, por exemplo, já nos fez sonhar com o amor romântico e
inatingível de "Romeu e Julieta", e com a paixão proibida de Ingrid Bergman por Humphrey Bogart  em "Casablanca", já nos fez torcer pelo "mocinho pobre boxeador" Silvester Stallone em "Rock, um lutador", e o velho e bom cowboy John Wayne foi consagrado como o verdadeiro herói de todos os tempos. 

Como todo mundo já conhece o "herói" do filme "Tropa de elite", o capitão Nascimento, veja abaixo uma divertida sátira ao BOPE com o grupo (de comedy stand up) "Os melhores do mundo", fazendo piada do equívoco cometido pelo batalhão, ilustrando bem o papel do herói/anti-herói.
Glorificação de badboys, gângsters e bandidos fictícios também pode ser vista no cinema - torcemos por galãs como Paul Newman e Robert Redford, no papel dos bandidos "gente boa", no clássico "Butch Cassidy e Sundance Kid", já ficamos do lado (negro) da família italiana mafiosa em Nova York, na saga dos Corleone, na trilogia "O poderoso chefão", e as atrizes Geena Davis e Susan Sarandon, em "Thelma e Louise", foram "beatificadas" como heroínas transgressoras. E em "Bastardos inglórios", o nosso anti-herói "judeu" Brad Pitt é tão cruel quanto os nazistas, mas torcemos por ele "sem dó nem piedade" (veja texto sobre esse filme, aqui no blog, em maio de 2010).
 
Mas a arte também imita a vida - Robert Redford e Dustin Hoffmann viveram heróis da vida real em "Todos os homens do presidente"

sábado, 18 de dezembro de 2010

Filmes em 3D: ame-o ou deixe-o??!!

A revista Veja publicou, neste mês que se finda, uma reportagem do jornalista americano Roger Ebert (conceituado crítico de cinema, inclusive já agraciado com o Pulitzer Prize, e que hoje luta contra um câncer que deformou seu rosto e lhe roubou a fala). Na reportagem, intitulada "Por que eu odeio o 3D (e você também deveria odiar)", o crítico discursa sobre a nova tecnologia que, em sua opinião, "nada acrescenta à experiência de ver um bom filme no cinema".

Já na minha opinião, "nada contra nem a favor, muito pelo contrário", ou seja, sempre digo que, prá mim, o que importa é o conteúdo do filme, o quanto eu me envolvo e me emociono com o mesmo, assim tanto faz o tamanho da tela, a cor ou o som (desde que seja sempre na língua original), ou seja, se o filme é ruim, de nada adianta telão IMAX, som dolby estereo surround ou digital, 5 ou 6 canais, "technicolor" ou "kodakcromer" e agora o 3D - e ao contrário, um bom filme, eu curto até na "famosa" telinha de TV preto e branco dos "motoristas de táxi" (mas, claro que, se eu puder ter toda a tecnologia ao meu alcance para ver um bom filme, nada tenho contra).

Saudades dos antigos cinemas "pulgueiros" da minha adolescência, com suas projeções ocasionalmete fora de foco, que eram motivos de divertidos burburinhos no escurinho do cinema (ver e rever "Cinema Paradiso" é, para mim, simplesmente voltar no tempo). Recém formada em medicina, mas já cinéfila de carteirinha, vim morar em Niterói, e me dividia entre os livros de medicina e as sessões do cine-arte UFF, e "bebi muito dessa fonte", ouvindo os estudantes de teatro e cinema se esbaldando em conhecimentos cinéfilos nas mesas do Café do cinema da UFF.

Meu primeiro "debut" no cinema da UFF foi inesquecível - assisti ao filme "O baile" do cultuado diretor italiano Ettore Scola, que me marcou para sempre como cinéfila, e daí não parei mais, queria saber mais e mais sobre cinema, principalmente cinema europeu.

Em "O baile", Ettore Scola teve a "audácia" de realizar, em plena década de 80, um excelente filme, totalmente mudo, num cenário único (um grande salão de baile) em que o protagonista é principalmente a música, mas não é um musical, os atores não cantam, só gesticulam e dançam. Com o desenrolar do filme, o diretor (junto com o  movimento corporal dos excelentes atores) consegue a proeza de nos confundir, pois tem-se nitidamente a impressão de "ouvir" os atores em cena (mas na verdade eles permanecem mudos o tempo todo do filme).

"O baile" ("Le bal") começa na década de 30 e vamos nos situar com a ajuda das músicas referentes a cada década, até chegar ao "fim do baile" na década de 80. O "diálogo" corporal dos atores, junto com as músicas, é magnífico, sem uma única palavra vamos nos emocionar com a história da França desde os anos 30, passando pela ocupação nazista durante a 2ª guerra mundial, a posterior libertação pelas forças aliadas, a ascensão da classe trabalhadora e o movimento estudantil.



Ótimas são também as cenas com o revolucionário rock and roll ("Tutty frutti" do Elvis Presley) e com as famosas músicas das big bands (uma homenagem "a era do swing") como as de Glenn Miller ("In the Mood" e também "Moonlight Serenade" - ouça abaixo no fim do texto), e tem também mambo (a caliente música "El baion" orquestrada) e até "Aquarela do Brasil" de Ary Barroso, numa retrospectiva emotiva (e também muito divertida), imperdível por conta da genial "narrativa" do cineasta.

Aproveito a deixa para falar de outro excelente filme do diretor, "Nós que nos amávamos tanto" (são filmes que só se consegue em locadoras "cult" e às vezes passa no "telecine cult") - é um filme que "aproveita" a história de três amigos (que não se viam desde o fim da 2ª guerra mundial) para falar dos 30 anos da história da Itália após a guerra, na visão dos tais amigos que descobrem que eram, os três, apaixonados pela mesma mulher (ver trailer "Ceravamo tanto amati" no final do texto).

Nesse filme, metade em preto e branco (período da guerra) e depois colorido no reencontro dos amigos, o diretor traz a novidade do teatro para a telona, com suas luzes que focam os "pensamentos" dos personagens, enquanto o resto do "palco" fica na penumbra. Ettore Scola com esse filme homenageia principalmente o cinema italiano de Frederico Fellini e Vitorio de Sica, que têm uma participação especial no filme como eles mesmos (e também de Marcelo Mastroiani), com discussões filosóficas sobre os clássicos filmes desses renomados cineastas como "La dolce vida" e "Ladrões de bicicleta", e mostra como a 7ª arte é vital para a sua vida (e para a nossa também). 

E voltando ao tema 3D, o jornalista tem razão em vários aspectos, por exemplo, o recurso só funciona bem em (bons) filmes de ação (não cabe em dramas) - década de 90, vi pela primeira vez, na Disney, o cinema em terceira dimensão. Sentada na última fila de uma das salas de projeção do parque de diversões, me vi acuada contra a parede com o dedo "espada" do rival do Arnold Schwarzenegger, o exterminador do futuro 2 (assista trailer no final do texto), tentando virtualmente furar meus olhos (mas já tinha visto no Brasil sem o recurso, e achei genial do mesmo jeito).

As salas de cinema de hoje em dia estão concentradas nos grandes "shoppings da vida" (com raras exceções, como o majestoso Cine Odeon, com sua bela arquitetura ainda preservada), e são frias demais, nos dois sentidos, ar condicionado de gelar os ossos e um ambiente inóspito com espectadores alheios, impassíveis, diante da telona. A magia do cinema que encantava o menino Totó no filme "Cinema Paradiso" quase não se vê mais - quantos "Totós órfãos" não existem pelo mundo??!! (eu sou um deles).

Mas não sou contra a evolução, é apenas um saudosismo saudável, é como olhar, orgulhoso, o filho crescido, mas também relembrar, com carinho, o bebê que já tivemos nos braços. Quem ama o cinema vai ter sempre reservado um lugar especial para o cinema mudo em preto e branco dos anos 30, e deixar também o coração aberto para novas paixões como o 3D.

















sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Commedia all' italiana e cia ltda


Mario Monicelli acaba de falecer aos 95 anos de idade. Nenhuma surpresa, haja vista a idade avançada do cineasta italiano, mas fiquei pasma ao saber que ele se suicidou, se jogando da janela do hospital, onde se encontrava em tratamento de câncer avançado. E me vi, me perguntando: as dores físicas da doença o levaram a essa atitude (o que é incomum, ainda mais com os recursos analgésicos de hoje em dia) ou foram as dores da alma que o impulsionaram a tal desfecho???

Monicelli, nos seus filmes, flertava entre o trágico e o cômico, e esperar passivamente por uma morte natural talvez não fosse o perfil do cultuado cineasta, diretor e produtor de mais de 60 filmes do cinema italiano - entre eles o clássico "O incrível exército de Brancaleone" dos anos 60 e, um dos últimos, o ótimo "Parente é serpente" na década de 90.

O cineasta era um incorrigível sonhador e um incansável socialista, seus filmes eram uma mistura de humor inocente e melancólico (mas também ácido) embutido de intensa crítica social, sempre preocupado com lutas de classe e injustiça social, vivenciada pela sociedade italiana, desde o fascismo da 2ª guerra mundial.

Ainda menina, na década de 70, na minha cidade do interior, novata no universo da telona (sem perceber, eu já tinha pretensões a cinéfila), eu já me deliciava, com as constantes reprises dos filmes em preto e branco dos anos 40/50, com o comediante italiano Totó, dirigido pelo experiente e ainda jovem cineasta.

O clássico "Os eternos desconhecidos"("I soliti ignoti") do premiado diretor, com Marcelo Mastroianni, Claudia Cardinalli e também Totó, da década de 50, é um dos favoritos do Woody Allen, e foi praticamente "copiado" pelo cineasta nova-iorquino em seu filme "Os trapaceiros". 

Também o cineasta italiano Giuseppe Tornatori rendeu-lhe homenagem, em seu filme "Cinema Paradiso", na cena em que a película pega fogo na praça da fictícia cidadezinha italiana, com a imagem do humorista Totó num dos seus inúmeros filmes, sob a batuta do cineasta agora morto.

Aproveito a deixa, cinéfila que sou, para falar de outros grandes mestres do humor, que até hoje são "copiados" pelos comediantes da atualidade. Quando ainda pré-adolescente, "cinéfila estreante" no mundo do cinema, eu confundia fisicamente Totó com outro comediante o francês Jacques Tati e o seu personagem, o Sr Hulot de "As férias do Sr Hulot"(compreensível, eu era menina, e os filmes, quando não eram mudos, eram dublados).

Na minha memória de menina, ficou o filme "Meu tio" ("Mon oncle") com o impressionante humor visual e estético desse excelente humorista francês - o filme é dos anos 60, uma crítica contundente ao modernismo (qualquer semelhança com os "Tempos modernos" de Chaplin não é mera coincidência) e aos consumismos do capitalismo europeu em ascensão.

"Mon oncle" continua muito atual, ao mostrar o simplório Hulot (convidado para cuidar do sobrinho) tentando se adaptar a uma moderníssima residência futurista, cheia de objetos mirabolantes (muitos deles inúteis) e utensílios automatizados (o que gera uma série de gags divertidas, protagonizadas pelo comediante) que "enchia os olhos" da moderna sociedade capitalista, prevendo a escalada crescente do consumismo e antevendo o nosso presente com "os IPods e Ipads da vida".

Não muito conhecido pelo público brasileiro, o "rival" do Charles Chaplin, o comediante americano Buster Keaton, também é um dos precursores da comédia da atualidade - o humorista se destacou no cinema mudo, pelo seu personagem que tinha sempre uma expressão impassível, diferenciando-se do Carlitos (Chaplin imprimiu um tipo carismático para o vagabundo, que comovia a platéia) diante das cenas mais inusitadas (cheia de gags, tombos, fugas e corridas), era sempre a mesma feição inexpressiva, que o levou a ser apelidado pelos críticos da época de "o grande cara de pedra".

Me surpreendi com o comediante Eduardo Sterblitch (o "Fred Mercury prateado" do "Pânico na TV") numa entrevista no Jô Soares, que aparentemente passa a imagem de "apenas mais um qualquer" com o tal papel na TV, mas ao contrário, ele é um perito em Buster Keaton e tem "conhecimento de causa" do chamado teatro do absurdo (discorreu sobre Beckett e Ionesco com naturalidade) e o comediante é muito mais engraçado na pele do próprio Eduardo (veja abaixo no Jô Soares e também vídeo do humorista imitando também o Michael Jackson, no programa da "Gabri Herpes").

P.S. Aqui não citei "Os irmãos Marx" pois já dediquei um texto, aqui no blog, só para esses sensacionais comediantes dos anos 30 (link abaixo).
http://rosemerynunescardoso.blogspot.com.br/2010/02/coisas-pra-fazer-antes-de-morrer.html






quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Kinsey - o cientista que só pensava naquilo

Por ser contestadora, "anarquista" e, segundo um grande amigo, "a mais feminina das feministas",  vivo sendo assediada (sexualmente) por machinhos predadores (vulgo "pegadores"), mas também por machinhos enrustidos (aqui, óbvio, o assédio é moral e não sexual).

Os machinhos pegadores, heteros (???), me abordam "como quem não quer nada", dizendo "ainda vou conseguir pegar você de jeito", com um sutil jeito "brincalhão" para me desarmar e não "levar a mal" a cantada troglodita, fraca e sem graça - será que esses otários não percebem que eu jamais vou me envolver com machos que nos tratam como mercadoria de supermercado - "peguei? comi?" - vai pegar a mãe, ô mané.


Já o macho enrustido, aquele que finge ser muito macho, e que a-do-ra futebol de paixão, parece brincadeira, mas esses literalmente "me perseguem".

Pausa para reflexão - será que é por que o meu viadômetro não falha nunca, tem selo de garantia e eu consigo detectar esses seres estranhos com mais facilidade que as outras mulheres a minha volta?? E sentindo-se ameaçados por mim, com medo que eu revele que eles estão "mais para Jane (ou Chita) que para Tarzan", por isso eles resolvem me hostilizar e me assediar moralmente????

Antes de continuar, uma pausa para ilustrar - abaixo, para quem ainda não conhece, apresento-lhes o enrustido Saraiva, do ótimo grupo comediante "Os melhores do mundo, pois todo enrustido tem, no fundo, um Saraiva no seu íntimo.

Convivo há anos com muitos desses enrustidos e os respeito - até onde me respeitam, é óbvio (pois se "baixam o nível", não respondo mais por mim) - tenho pena deles por viverem num falso mundo, com relacionamentos de fachada e certamente não devem ser felizes no seu íntimo, mas não tenho nada com isso, cada um é dono de sua própria vida e do seu próprio nariz. 

O problema é que, com o tempo, sem perceberem, eles começam a se "trair" com algumas desmunhecadinhas básicas sutis, e se vêem assim ameaçados em seu segredo, então passam
paradoxalmente a se mostrar falsamente homofóbicos, e começam  a hostilizar gratuitamente também a nós mulheres, principalmente colegas de trabalho, e quando estão para ser descobertos, eles rapidamente arranjam um relacionamento hetero, da noite para o dia (em geral se casam com todas as pompas, de preferência com um rebento a caminho), numa tentativa infrutífera de esconder sua verdadeira tendência homossexual,

e claro que esse relacionamento, mesmo antes de começar, já está com os dias contados, dá até prá fazer um "bolão", apostando quanto tempo irá durar - o pior é que o fim desses relacionamentos é sempre trágico (eles em geral arranjam situações "insustentáveis" para por fim ao relacionamento), pois envolvem mulheres desenganadas e desiludidas, e pior ainda, filhos gerados da necessidade de autopreservar, para a sociedade, a imagem de macho garanhão que o enrustido bem sabe que não é.

Tenho pena desses seres estranhos, tanto dos machos pegadores como dos enrustidos, pois vivem em eterno conflito, não se apegam a ninguém, e querem provar o que não são, vivem atrás de uma próxima caça (no caso dos pegadores) ou vítima (no caso dos enrustidos), e nunca terão a sensação e a emoção de viverem um relacionamento sincero, sem preconceitos, em toda a sua plenitude, pois essa é a verdadeira graça da vida.

Aproveitando a deixa, recomendo o filme "Kinsey - vamos falar de sexo" (trailer no final do texto) baseado na verdadeira história de Alfred kinsey (com Liam Neeson no papel do protagonista, além de Laura Linney e Chris O'Donell), reconhecido por muitos como o "Pai da Sexologia moderna" pelo seu polêmico estudo sobre sexo, nos idos dos anos 40

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