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domingo, 13 de dezembro de 2009

"Sunshine - o despertar de um século"

"Sunshine - o despertar de um século" (atenção ao subtítulo, pois há outros filmes com o mesmo título) - do diretor húngaro István Szabó, o mesmo de "Mephisto" - o filme conta a saga de uma família judia na Hungria, que começa no início do século 20 e atravessa as duas grandes guerras e as revoluções populares e comunistas da Europa (veja o trailer no final do texto)

O ator Ralph Fiennes ( de "A lista de Schindler e "O paciente inglês") interpreta três papéis: ele é o avô narrador da 1ª geração, depois na 2ª geração ele é o pai esgrimista, medalha de ouro nos jogos olímpicos na Alemanha de Hitler, e na 3ª geração é o filho "massacrado" pelas humilhações nos campos de concentração.

O ator, considerado um "pedaço de mau caminho", aparece nu numa das cenas, totalmente nu (e nu frontal) mas atenção, homens, não precisam ficar constrangidos nem desistam do filme (tem nu frontal feminino também), e vocês, mulheres, também não se empolguem, porque não dá nem prá dizer "uau",  porque é uma das cenas de morte mais impactante e sinistra (e mais bem filmada) que já vi em toda minha história de "cinéfila".

A história é longa e lenta (são quase 3 horas de filme, mas nem um pouco maçante) e as gerações são vividas e entrelaçadas por uma personagem-chave, a avó que atravessa as 3 gerações "sustentando" as dores e aflições dos que vão nascendo e crescendo, numa era de incertezas, numa Europa falida e destruída pelas guerras.

Prá curtir o filme é recomendável estar descansado e com tempo - prá não se perder, vale a pena dar uma "paradinha" a cada geração (em média leva 1 hora cada geração) prá não ficar cansativo, mas volto a dizer, vale a pena, é uma aula de história dentro de uma história comovente.

O diretor húngaro usa todas as histórias da sua infância, que ouvia de sua família à mesa de jantar, e mostra no decorrer do século 20 como a Europa (e o mundo) "decaiu" nos seus costumes, na linguagem, na mentalidade e até nas relações entre as pessoas - no início (na 1ª e ainda na 2ª geração) temos a "época de ouro" da Europa Central com seus famosos cafés, pessoas cultas e envolvimento emocional entre as pessoas que, com as guerras e a perda do poder econômico, deram lugar (na 3ª geração) aos "self-services", ao linguajar quase vulgar e aos relacionamentos superficiais, interesseiros e hedonistas.

A pergunta que sempre me intrigou na história do holocausto é justamente a mesma indagação que faz a avó judia, questionadora e revolucionária, num dado momento do filme: "Por que, se vocês eram milhares no campo de concentração, não reagiam diante das poucas centenas de soldados armados nazistas?" Nessa hora me vem a lembrança a famosa frase de Einstein: "Somente duas coisas são infinitas: o Universo e a estupidez humana, e eu não estou tão seguro quanto ao primeiro".

Mas o filme termina com uma ponta de esperança, com o neto (sob o eterno "ombro" da avó) assumindo suas raízes e sua pátria. Um belíssimo filme - vale as três horas. Uma lição de vida, e de quebra serve para "meditar" sobre comodismo e subserviência.

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