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quinta-feira, 15 de abril de 2010

Afinal, o que querem (de nós) os homens?

Freud morreu sem conseguir elucidar o dilema “o que querem as mulheres”, mas e os homens? O que querem esses seres “aparentemente” fáceis de agradar? Eles dizem que só querem sexo, mas na prática eles exigem dedicação exclusiva de nós mulheres. "SÓ"?? Mas "SÓ" isso????? E é claro que não podemos esquecer que antes temos de respeitar os horários das atividades favoritas deles, seja a leitura do jornal da manhã de domingo (será que não percebem que é o dia das mais pobres e medíocres notícias, que é a memisce e a sucata de sempre?), o horário do jogo de futebol (a pelada semanal com os amigos e o jogo na TV ou no estádio), e o bate-papo com os amigos no bar. E claro, sem jamais interrompê-los, em hipótese alguma.

Ah, claro, ia me esquecendo, assim que chegarem  em casa (e ai de você, mulher, se questionar a hora ou com quem eles estavam) querem que você esteja a disposição deles. Ou seja, nós não podemos aporrinhá-los nas atividades favoritas deles, mas devemos largar todas as nossas atividades favoritas (também temos as nossas, ou vocês não sabiam?), para ficar a disposição deles (enquanto eles mesmos nunca cedem, nem se dançarmos nuas, na frente da TV, na hora do futebol deles) para lhes servir a mesa, o jantar, à cama. "Fácil", não? Muito "fácil" contentá-los, não?

O escritor Mário Prata disse certa vez que, para o homem, o casamento significa “botar uma mulher dentro de casa para ele poder sair para a rua” e ao voltar encontrá-la pronta para satisfazê-lo (quando solicitada, claro). Os homens gostam e se acostumaram a nos subjugar, mas se esqueceram de perguntar se nós, mulheres, queremos atendê-los nesses seus desmandos, portanto Freud formulou equivocadamente a pergunta, o correto seria: por que as mulheres não querem o que os homens querem delas?

Os homens querem de nós o que nós não queremos deles. Na verdade o que nós queremos é o mesmo que eles querem e já têm, ou seja, poder, mas não necessariamente o substantivo poder, mas sim o verbo poder - poder ter uma profissão, poder ter independência financeira, poder participar de congressos, poder fazer pós doutorado, poder sair, poder se divertir, poder dançar, poder ter cultura, poder viver enfim.

E poder ter o que vocês homens já conquistaram (e não abrem mão), ou seja, nós também queremos poder sair do trabalho e “emendar” num happy-hour com as amigas, e quando chegarmos em casa (também não queremos interrogatórios tipo “onde e com quem estávamos”) queremos poder tirar os nossos sapatos (nossos muitos pares de sapatos, diga-se de passagem) e também colocar os pés pra cima a espera da mesa pronta e do jantar servido (afinal, a batalha da rua é tão árdua quanto a de vocês, ou vocês não sabiam?) - veja abaixo vídeo com as "diferenças" (muitas delas impostas culturalmente) entre homem x mulher.

E queremos poder também ter nosso dia da semana pra "jogar" com as amigas – já que em geral não curtimos “uma pelada”, pode ser “jogar conversa fora” ou mesmo “bater pernas” no shopping, pra fazer valer “nosso suor” gasto no trabalho – umas comprinhas extras, mais uns sapatos, e quem sabe, bolsas “pra combinar”.

Poder nos vestir bem, sem ninguém questionar "por que esse ou aquele vestido, por que o novo corte de cabelo, etc - já notaram que os homens só percebem a roupa ou o novo corte de cabelo da parceira (e "implicam", mas elogiar que é bom, jamais) quando cismam que "vamos chamar atenção" do sexo oposto? 

O comentário mais comum é de que voltamos a nos cuidar só depois de separadas dos antigos parceiros (um amigo ao me ver bem vestida e bem produzida, chegou ao cúmulo de dizer que "ia se separar prá ver se a mulher dele se arrume melhor") - não nos vestimos bem porque estamos atrás de um novo parceiro (se pintar um que valha a pena, ótimo), apenas gostamos de nos cuidar e voltamos a poder fazer isso sem a implicância e a cobrança de antes.

E poder chegar em casa e poder curtir nossos programas favoritos sem sermos  interrompidas – como somos evoluídas, nossos programas favoritos passam longe de “novelinhas das 6, 7 ou 8 horas” (é bem verdade que, como tem homens vidrados na chatice do futebol, ainda tem mulheres também fissuradas nas “chatérrimas” novelas), são documentários, filmes “cabeça” e programas culturais e políticos tipo “Saia Justa" e "Manhattan Conection" (dispensa-se aqui apenas o pseudo intelectual e mal-amado Diogo Mainardi).

E quanto aos nossos “brinquedinhos” não queremos mais ser acachapadas, quando gastamos nosso dinheiro (do suor do nosso trabalho, diga-se de passagem) com mais uma coleção de sapatos e bolsas, pois saibam que os “brinquedinhos” de vocês costumam ser bem mais dispendiosos que os nossos, e nem por isso “enchemos o saco” de vocês – afinal, saibam, carro é apenas um meio de transporte, portanto, não precisa, pra vocês se exibirem, de som e DVD de última geração, de farol shenon (que até está proibido, se não for de fábrica), e muito menos de câmbio automático.

O escritor Marcelo Rubens Paiva, ao constatar que nós, mulheres, nos recusamos a nos casar pela 2ª vez (veja, no final do texto, uma das hilárias porém fatídicas razões), diz no seu texto "E daí que acaba", que "não aguenta mais ouvir uma voz feminina afirmar, com amargura e rancor, que não quer mais se casar de novo" e um tanto “desesperado” apelou:

  ”Trégua. Que venham os clichês. Cá está o ombro para o choro da mudança de humor inexplicável e inesperada. Quer que eu apague a luz na enxaqueca? Explico com toda a paciência a regra do impedimento.....  Fique na cama na TPM. Trarei uma bolsa de água quente e o jantar.......Sim, vamos comprar sapatos. Eu espero. Levo um livro, enquanto você experimenta a loja...... Adorei a cor do esmalte, o corte do cabelo. Batom vermelho te deixa mais bonita. Não, a calcinha não está marcando.... Ah, põe o tubinho preto, se bem que gosto quando você coloca aquele vestidinho colorido... Não, o sutiã não está aparecendo.....Eu ligo para o despachante, faço um rodízio nos pneus, troco a bateria, “reconfiguro” seu computador, mando lavar o tapete, o forro do sofá, “também adoro ele com almofadas indianas em cima”. Cuido de você na velhice, não te trocarei por uma adolescente que cheira a tutti-frutti, nem pela secretária vulgar da firma..... E tomaremos vinho tinto todas as noites. Prefere branco?... Celulite? Que celulite? .....Mas a maioria de vocês agora já conhecem as teclas atalhos, a pressão nos pneus,  sabem chamar o seguro para uma pane elétrica, e sabem que “carrinho por trás” dá cartão vermelho. Tornaram-se independentes.”

É, Marcelo, tornamo-nos independentes, e não é nos agradando com a realização desses famosos clichês que vocês nos farão felizes, pois o que na verdade queremos é essa liberdade que vocês já têm, e só vocês sabem como ela é vital para a realização plena do ser humano (por isso vocês não abrem mão dela).

E nós, mulheres, só estamos conquistando isso depois que voltamos a ficar solteiras, por isso é difícil abrir mão em prol de um novo casamento. Pagar prá ver? Na prática não tem funcionado ainda, depende muito mais de vocês homens do que de nós. Não estamos contra o homem, nem contra o relacionamento a dois, estamos contra esse padrão de casamento "do tempo da vovó".

Vocês, homens, precisam entender que “o tempo da vovó já era”, acordem, nossas mães e avós é que eram donas de casa (por falta de opção, diga-se de passagem), e precisavam de vocês como protetores e provedores, enquanto nós mulheres do século XXI trabalhamos fora (e adoramos, e não vamos abrir mão disso) e não gostamos de ser subjugadas, só precisamos de vocês para sexo, e claro, gostaríamos sim, de ter a mesma liberdade e dedicação exclusiva, do mesmo jeito que vocês querem e exigem de nós mulheres.

Se quer a mulher na cozinha, vá pra lá, junto com ela, se quer ir bater papo com amigos, leve-a junto (se não, iremos sozinhas mesmo). Se quiserem café na cama, façam o mesmo por nós (mas não só no dia dos namorados, no dia internacional da mulher ou no nosso aniversário).

Na verdade é SÓ isso que nós mulheres queremos, um companheiro não só na cama, mas também na cozinha, na mesa do bar, na troca de fraldas, nas tarefas escolares, na pia da cozinha, no teatro, no cinema, na boate, e se for o caso (não é o meu) também dividir o mesmo gosto e respeito pelo futebol (irc) e pela novela (irc de novo).

E Marcelo Rubens Paiva finaliza "Não façam do homem uma noite sem vento, um mundo sem gravidade. Parecemos tolos e infantis, controladores e insensíveis. Mas as amamos tanto....". Mas se vocês nos amam tanto assim, porque não temos exclusividade na vida de vocês? Por que temos que ser fiéis e vocês raramente o são? Por que muitas de nós perdoamos suas "escapadas" (não esperem isso de mim, tenho amor-próprio, não conte comigo, me tira fora dessa) e vocês jamais nos perdoam? Ao contrário, vocês nos traem só pelo prazer de nos traírem, porque têm que "mostrar serviço quando provocados, senão o que dirão os amigos?"("mais vale uma parceira humilhada do que um amigo contrariado" ). 

Enfim, queremos e exigimos também dedicação, respeito e exclusividade na relação. Bem, Marcelo, agora que já sabem o que nós mulheres queremos de vocês, mãos a obra, vão a luta e façam por onde.
 

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