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sexta-feira, 26 de março de 2010

Lavagem cerebral - "O menino do pijama listrado"

Ambientado na Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial, o filme mostra os acontecimentos da época, focado a partir do ponto de vista de dois meninos que, ingênuos, mergulhados em seu mundo infantil sem compromissos, em geral não percebem, ou quando percebem, compreendem pouco (ou nada) o universo dos adultos.

Um menino de 8 anos de idade, filho de um oficial do 3º Reich de Hitler, se vê entediado, sem amigos, quando é obrigado a se mudar com os pais, da capital berlinense para o interior do país (deixando para trás os amigos da escola), para uma casa ao lado de uma “fazenda” (o campo de concentração de Auschwitz) com os seus “estranhos moradores vestidos de pijamas”.

Do outro lado da cerca eletrificada (que ele também não entende, concluindo, na sua inocência, que deve servir para evitar que os animais da “fazenda” fujam) está o futuro e único amigo (o menino de “pijama listrado com um número no bolso e nome estranho”) que ele fará nessa sua nova vida, escondido dos seus pais, que o proíbem de se aproximar da “fazenda”.

O filme mostra a inocência de duas crianças, com universos e educação totalmente diversos, a ponto de até estranharem o nome uma da outra, mostrando que nunca haviam confrontado diretamente pessoas “da outra raça”, a não ser que “deveriam ser inimigas” pelas histórias que lhe contavam e pela visão deturpada e preconceituosa dos adultos.

O filme passa longe das torturas do holocausto (não faz diferença, pois todos nós, espectadores, já vimos o bastante) até porque não é dada aos meninos a chance de presenciar as torturas, e o filme mantém o olhar e interpretação das crianças diante dos acontecimentos que elas presenciam, e da explicação deturpada dos pais para manter os filhos longe da verdade.

Nem mesmo o menino judeu sabe explicar porque está naquela “fazenda”, e interessante é que, depois de ver um falso filme do partido nazista sobre a “fazenda”, o menino alemão sente-se até injustiçado, achando que é ele o prisioneiro do lado de cá da cerca, já que o amigo judeu tem amiguinhos e ele não.

O filme nas poucas vezes que enfoca o olhar dos adultos sobre os acontecimentos da época, o faz para mostrar a crescente desilusão da mãe do menino alemão (o bem-vindo e bendito instinto materno), que inicialmente era como todos, doutrinada (provavelmente desde criança) a ser anti-semita, e passa pouco a pouco a se humanizar, ao lidar com os judeus, e percebe horrorizada, o maniqueísmo do marido, fiel ao partido nazista em detrimento da família, e a transformação da filha mais velha, sendo doutrinada e militarizada pelo professor nazista.

E vamos assistir, petrificados, o desfecho final impactante, em sua impiedosa ironia do destino ("pimenta nos olhos dos outros é refresco"), mergulhados em dor e terror, numa reflexão incontestável de que, qualquer que seja a lavagem cerebral que acompanha sermões de incitação a intolerância e ódio a minorias, como ocorre nos discursos homo fóbicos, anti-semitas, etc, seja em religiões, seitas ou escolas,

são nossos filhos que pagam pela nossa reprovável anuência, conivência e alienação ("quem cala, consente", o eterno "me deixa fora disso") tornando-nos diretamente responsáveis pelos adultos conformados "com o sistema", impiedosos e preconceituosos, nos quais se transformarão nossos filhos (veja trailer abaixo).




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