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domingo, 18 de julho de 2010

O dia internacional do homem

No último dia 15 de julho, comemorou-se "o dia internacional do homem" (pasmem, esse dia já existe desde 1999, mas eu confesso que desconhecia, um amigo me contou, e comentou que eu deveria aproveitar e divulgar a data, num texto, no meu blog), assim, em homenagem ao "dia do homem", volto ao inesgotável tema "homem é tudo palhaço", pode parecer contraditório (mas até o fim do texto me explico), pois admito que não são todos os homens que se enquadram nessa categoria da "arte circense" (ainda bem),

mas como eles existem, resolvi voltar ao tema, porque nunca pensei que um dia me envolveria com um desses "ridículos", porque tenho o cuidado de checar "onde estou pisando", antes de me envolver com qualquer um que cruze o meu caminho, pois como sou frequentemente abordada por inúmeros galanteios masculinos no meu dia a dia (como já disse, aqui no blog, em janeiro de 2010, no meu texto sobre as bem-resolvidas "mulheres alfa"), não caio fácil em "conversa mole", mas parece que alguns "palhaços" são profissionais nessa "arte circense" e não é assim tão fácil descobri-los,

assim o "palhaço" em questão (que eu acabei me envolvendo, e que eu já conhecia há anos e jamais imaginaria estar diante de um "ridículo"), mesmo insistindo que "formávamos um belo par"(dizia isso "de graça", sem que eu nada exigisse), acabou confessando que tinha um "rolo" antigo (que só bem mais tarde, fui descobrir que era, na verdade, um rolo "compressor", tal o "bagulho" que tinha a tiracolo, e ao que parece, não vai conseguir se livrar nunca),

e quando percebeu que eu jamais aceitaria ficar "nos bastidores", "fora do palco", "longe dos holofotes", pois como já disse, dou (e exijo) exclusividade nas minhas relações (leia texto "Homem comprometido..., não rola" em abril de 2010), e que eu estava caindo fora daquela roubada, como todo "palhaço" que se despede do picadeiro, o "ridículo" usou os velhos clichês, "eu não sirvo prá você", e saiu com a máxima "foi bom enquanto durou", como quem descarta um papel de bala. Palhaçada típica de cafajeste. Tenho nojo só de me lembrar dessa época.

Assim, como nenhuma de nós (nem mesmo as mulheres-alfa) está livre dessas "palhaçadas circenses", volto ao tema, e aproveito para falar do "pé na bunda" mais famoso e divulgado do mundo, cuja protagonista da história ganhou fama e acabou sendo aclamada internacionalmente.

Quem não gostaria de, após levar um legítimo “pé na bunda”, tirar de letra, dar a volta por cima e ainda colocar outro no lugar do “bofe”? Quem não gostaria de usar o “fora” literalmente a seu favor? Pois essa foi a idéia genial de Sophie Calle. Já imaginou levar um “pé na bunda” por e-mail (o "palhaço" não teve coragem de encará-la), decidir “curtir a fossa” publicamente e ainda se dar bem?

Famosa pelas suas performáticas obras (as “loucas” e prá lá de irreverentes “Histórias reais” dela) – seja fotografia, performances ou livros – a artista plástica francesa (e escritora “nas horas vagas”) Sophie Calle  é autora e personagem de si mesma,  tem sempre  a sua própria vida retratada em suas muitas obras, não tem medo de se expor, a arte e a vida da artista se fundem numa só, sem nenhum pudor, suas obras (e sua vida) são “um livro aberto” ao público.

A vida (dela) imita a arte e vice-versa. Sophie Calle sempre se desnuda de preconceitos, de pudores, e literalmente de roupas, pois já se fingiu de "stripper", já passou uma noite numa "cama com estranhos" no alto da torre Eiffel, já enviou "cartas de amor" para si mesma, já “perseguiu” desconhecidos na rua (que gerou o ensaio “Suíte veneziana”), já contratou detetives para “persegui-la”( o ensaio “A perseguição”), tudo isso tendo como objetivo expor a vulnerabilidade humana (e a sua própria) e a sua curiosidade pelo outro (praticamente um "voyerismo" artístico).

Essa é Sophie Calle. Inusitada e irreverente como sempre, resolveu, a partir de um legítimo “pé na bunda” que levou através de um e-mail, pegou a dita cuja e transformou-a num best-seller, em que mais de 100 mulheres de diversas profissões (advogadas, médicas, cantoras, bailarinas, compositoras, etc),

algumas inclusive famosas (dentre elas a 1ª dama francesa Carla Bruni , a atriz espanhola Victoria Abril, a francesa Jeanne Moreau e a portuguesa Maria de Medeiros) lêem e  interpretam de mil maneiras diferentes a tal carta que termina com “Prenez Soin de Vous” (“Cuide de você”), a famosa frase em francês que dá título ao livro e ao vídeo.

Palavras de Sophie Calle:“Recebi uma carta de rompimento. E não soube respondê-la. Era como se ela não me fosse destinada. Ela terminava com as seguintes palavras “cuide de você”. Levei essa recomendação ao pé da letra. Convidei 107 mulheres, escolhidas de acordo com a profissão, para interpretar a carta. Analisá-la, comentá-la, dançá-la, cantá-la. Esgotá-la. Entendê- la em meu lugar. Responder por mim. Era uma maneira de ganhar tempo antes de romper. Uma maneira de cuidar de mim.”

Ela pediu que as tais mulheres lessem a carta (veja no final do texto), e então filmou as reações e expressões femininas diante daquele “fora” eletrônico, que acabou se transformando em uma obra de sucesso. A tal carta foi criticada por uma crítica literária, analisada por uma psicóloga, dançada por bailarinas, enfim, dissecada de todas as formas possíveis, e quem viu o vídeo garante que as vozes ecoam com um fundo musical penetrante, que vai pouco a pouco hipnotizando os ouvintes.

A polêmica sobre essa história é que o fulano que a “despachou”, é também um (não famoso como ela) escritor francês chamado Grégorie Boullier (ela dedica o livro “Histórias reais” a outro “Greg” que ela se envolveu após o "fora" do escritor) e os dois lançaram ao mesmo tempo seus livros (ironicamente ele lança um livro, “O convidado surpresa”, sobre como eles se conheceram, ele um novo desconhecido que ela, sempre irreverente, convidava para as suas festas de aniversário),

muitos dizem que tudo não passou de jogada de marketing dos dois escritores, pode até ser, mas como toda a obra dela (anterior a essa), sempre foi um “livro aberto”, ela nunca teve medo de se expor, sempre esteve na linha tênue que separa ficção e realidade, na fronteira entre a vida e a arte, provavelmente a jogada seja dela,

ou seja, ela reverteu literalmente o "pé na bunda" a seu favor, sendo aclamada como “uma das artistas mais interessantes do cenário artístico internacional”. Levou um fora e “deitou na cama” do sucesso internacional.  Grande sacada. Genial (abaixo, no final do texto, a exposição da francesa, e o texto falado do famoso, e prá lá de enigmático, "fora" eletrônico). 

No dia internacional do homem, cujo objetivo (segundo texto no wikipédia) é "melhorar a saúde dos homens, melhorar a relação e promover a igualdade entre gêneros, e destacar papéis positivos de homens como combater o sexismo (será???) e, ao mesmo tempo, celebrar suas conquistas e contribuições na comunidade, na família, no casamento e na criação dos filhos",

que isso sirva de lição, quem sabe sirva para ensinar aos "palhaços" que andam a solta por aí, que sentimentos não devem ser tratados como brincadeiras circenses em picadeiros alheios.

Mas termino com a música de Fagner, comemorando o dia internacional do homem, homenageando os merecidamente "não palhaços", aqueles seres humanos do sexo masculino que, antes do gênero, são como nós, mulheres, "humanos demasiadamente humanos", com sentimentos e sensibilidade.







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