Não, não era isso. De uns tempos prá cá, andava sarcástico, quase ferino. Só ouvia os amigos "fakes". Não havia mais elogios, só cobranças. Motivo? Ela não lhe dava mais a devida atenção, dizia ele. Não era verdade. Ela ainda o amava, mas agora tinha os filhos, a carreira. Ele não suportava vê-la dividida. Queria-a só prá ele. As crises existenciais surgiram para ele e para ela. Viver assim, feito gato e rato?
Nunca fora assim. Entendiam-se. Completavam-se. Amavam-se. Mas agora.... filhos adolescentes, mais crises.....tomaram rumos opostos, na vida, na profissão, na educação dos filhos, nos valores - prá ele materiais, prá ela emocionais - foram se afastando, o amor foi indo embora pouco a pouco, junto foi-se a admiração, o respeito e a harmonia, ele não mais a defendia de tudo e de todos. Ele não fazia mais questão das coisas a dois. Ele dizia cansado de ser "cordeirinho". E ela, não tinha sido também "cordeirinha" até então?
Não houve traição. De nenhum dos dois lados. A única traição foi ele ter quebrado a promessa de "crescer" juntos, de compartilhar alegrias e (principalmente) tristezas - ele não teve maturidade prá superar as tristezas que a vida (e a morte) nos reserva - até que a "morte" os separe. A "alma imoral" dela não suportava mais, aquele lugar tinha se tornado estreito e sufocante. Não tinha mais volta.
Foi difícil, mas ela pegou sua "estrada", deixou tudo prá trás, só lhe interessava os filhos, precisava garantir um futuro emocional prá eles. Não mais se falaram. Calaram-se para sempre.
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