Como já mencionei em outro texto, quando estou numa livraria, adoro me “perder” no meio daquele monte de livros e títulos, e há pouco tempo meus olhos sem querer “pararam” no livro “A pérola” de John Steinbeck. Li esse livro na minha pré-adolescência e lembro-me que me marcou muito a história do pescador pobre que encontra uma valiosa pérola, que deveria ser sua redenção e salvar seu filho então mordido por um escorpião, mas ao contrário, a pérola foi sua desgraça, tal a cobiça em torno da preciosa jóia.
John Steinbeck era um escritor americano, cuja história do livro “As vinhas da ira” foi levada ao cinema pelas mãos do diretor John Ford e protagonizado pelo grande ator Henry Fonda, que vivia o genitor de uma família pobre do oeste americano, durante a grande depressão americana, tornando-se um clássico dos anos 50.
Descobri a literatura na minha pré adolescência – me identifiquei com a Clarissa adolescente de “Música ao longe” (do Érico Veríssimo) com sua paixão platônica pelo poeta desconhecido e a descoberta do verdadeiro amor pelo rebelde Vasco – resolvi relembrar aquele tempo de outrora e pedi o romance ao livreiro, e folheei-o atrás da frase que era então a promessa de amor para Clarissa: “ O amor que ainda não se definiu é como uma melodia de desenho incerto. Deixa o coração a um tempo alegre e perturbado e tem o encanto fugidio e misterioso de uma música ao longe”.
Já Machado de Assis, obrigatório no currículo escolar, era muito ácido em seus romances, e não gostei de Dom Casmurro na época (agora adulta é diferente), talvez porque pré adolescente, sonhadora e romântica, eu não aceitasse tão facilmente o romance conturbado, recheado de dúvidas e traição, de Capitu e Bentinho.
E outro livro que muito me emocionou na adolescência foi a história do miserável Fabiano, sua família faminta e sua fiel cachorra Baleia, de “Vidas Secas” (de Graciliano Ramos) – a pobreza extrema, a seca, a rudeza daquele homem que queria expressar seus sentimentos e suas idéias mas não tinha palavras, um homem sem linguagem, quase monossilábico, e o sofrimento daquele povo andarilho da miséria e eternamente escravo da seca.
Quem tem filhos pré-adolescentes e quer tentar despertar o gosto deles pela literatura, eu recomendo essas leituras, pelo menos comigo funcionou na época, e nunca mais parei de ler. Decerto os tempos são outros, mas acredito eu que, uma vez pré-adolescente sempre teremos um espírito de aventura, romance e compaixão em nosso íntimo (posso até estar errada, o que seria realmente uma pena).
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