Em pleno século XXI, o homem ainda pensa, como no passado, em se casar “com a boazinha e a certinha”, que o ame de paixão (mesmo que a recíproca não seja verdadeira) e o venere sempre sem questionamentos, e que lhe sirva “cama, mesa e banho” (não necessariamente nesta ordem), aquela que está lá a espera, “na redoma”, submissa, aguardando pacientemente que ele a leve ao altar.
Por isso muitos casamentos estão indo por água abaixo (no passado, só perduravam porque os tempos eram outros, o divórcio era uma condenação social para a mulher, agora não mais o é). Mas o verdadeiro relacionamento, aquele que realmente tem futuro nos dias de hoje, é aquele no qual respeita-se a individualidade um do outro, e os pontos vitais do relacionamento são discutidos previamente entre o casal e são igualmente respeitados (por exemplo, se a fidelidade mútua for importante para o casal, então isso deve com certeza ser levado em conta).
Porque com o tempo, o tesão diminui, e o que realmente mantém
um casal junto é a tolerância aos defeitos (porque conviver com as qualidades é muito fácil) e as afinidades em comum, pois ninguém deveria esperar (ou tentar) mudar o outro (em relação a afinidades e defeitos),
porque com o tempo um vai cobrar do outro a concessão feita.
É comum a mulher (ao invés do homem) ceder, em nome da
“boa convivência do lar”. É a mulher que muda de nome (peça ao homem para fazer
o mesmo, e ele vai ver a trabalheira que dá, e garanto que desiste fácil, fácil),
muda de time, muda de partido político, muda o cabelo, muda a roupa (muitas são
praticamente obrigadas ou “sutilmente convidadas” a dar adeus à minissaia e ao
batom). Pausa para reflexão: a mulher precisa aprender a ter vontade própria e escolher o que gosta, e não o que a sociedade impõe como sendo próprio (ou impróprio) para o seu sexo (e isso vale para os homens, também). A menininha do vídeo abaixo, mesmo na tenra idade que tem, já questiona o porquê de tantas regras para os meninos e as meninas.
Em suma, em muitos casos, a mulher perde a individualidade, e passa a ser uma sombra do seu homem, tudo para agradá-lo e, o que é pior, muitas delas se casam, achando que vão conseguir mudar o seu homem, que ele vai deixar o futebol semanal e a “cervejada” de fim de semana só com os amigos, que ele vai deixar de ser galinha, que vai deixar de olhar a bunda das mulheres na rua... santa ilusão. Se você o conheceu com estes “defeitos”, e não desistiu dele, deveria então aceitá-lo do jeito que ele é (e vice-versa).
E por que esse meu desabafo inflamado inicial??!! Já me explico. É que a pesquisa do IPEA pode ser confirmada, no nosso dia a dia, mesmo nas camadas socioculturais elevadas, e inclusive entre jovens da novíssima geração; agora imagina na população masculina com QI rasante!!!
Quando, na tal festa de jovens universitários (que mencionei no texto anterior), me recusei a dançar musiquinhas pornô-eróticas, os jovens colegas homens me questionaram, dizendo que “não têm preconceitos” e que “não julgam a mulher que dança funk”, insistindo que eles (os homens da novíssima geração) não rotulam a mulher que dança funk como “vadia ou coisa parecida” (como em geral, aconteceria num passado recente).
Mas, independente de eu achar que estaria (ou não)
sendo rotulada, sou “da antiga” e também feminista, apenas não gosto da
exposição da mulher como objeto de consumo sexual ao bel prazer dos machos e,
além disso, acho a tal dança horrorosa, sem sensualidade nenhuma e de um mau
gosto ímpar, por isso nunca ninguém me verá dançando essa dancinha chula e
vulgar, pouco me importando a opinião (contra ou a favor) dos machos.
Mas, se assim o fosse, como dizem os colegas que alegam
não rotularem a mulher como “vadia ou algo do gênero” (então tá, “conta outra,
porque esta piada é velha”), então, por favor, alguém me esclareça, por que,
cargas d’água, quando eu, imediatamente os interpelei, perguntando se deixariam
“a mulher que eles levariam para o altar” participarem daquela dancinha vulgar,
por que será que eles emudeceram, fizeram cara de muxoxo e se recusaram a
responder???
Ou seja, para relacionamentos do tipo “ficantes” (coisa
que, na verdade, até hoje, não consigo entender como uma mulher se presta a
isso) é claro que a tal dancinha chula das mulheres é muito bem-vinda para
esses jovens rapazes do século XXI, mas quando se trata da futura mãe dos
filhos deles... “aí o buraco é mais embaixo???”.
O que eu presenciei na tal festa, na conversa com os jovens colegas do sexo masculino, é nada mais nada menos que o reflexo da nossa sociedade que, em pleno século XXI, apesar de fingir que não, continua extremamente machista e preconceituosa. E, pior ainda, muitas das declarações vêm também de mulheres extremamente machistas e preconceituosas.Pausa para reflexão – certa vez, um colega comentou comigo, em “off”, sobre um novo casal “na praça” (leia-se “no nosso ambiente de trabalho”), dizendo: “coitado do fulano, a beltrana não é mulher prá casar”. Ao que eu, imediatamente, revidei “na bucha”: “e quanto a ele? me diga sinceramente, você acha que alguma mulher decente quer casar com esse dejeto humano?”.
Ou seja, a beltrana era realmente uma “vagaranha” (mistura de vagabunda com piranha), mas o tal fulano, mesmo sendo um “ordilinha” (mistura de ordinário com galinha) é, mesmo assim, visto pelos colegas machos, como merecedor de uma mulher decente???!!! Ora, me poupe!!! E “apunhalei” de volta: “na verdade, eu acho mesmo é que eles se merecem sim, pois são dois merdas que se completam”.
E voltando à tal pesquisa do IPEA: o mais grave da pesquisa foi o expressivo número de entrevistados que concordaram com a frase “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”(foi divulgado inicialmente o número absurdo de 65%, mas parece que houve um equívoco, e que na verdade era 26%, mas de qualquer maneira ainda é um número absurdo, em pleno século XXI).
E, pasmem, mais de 50% declararam que “se as mulheres se comportassem melhor, evitariam casos de violência”, deixando claro, para os entrevistadores, a forte tendência do brasileiro em culpar a mulher nos casos de violência sexual. E não precisa ir muito longe para encontrar esse tipo de pensamento, até entre artistas (que aparentemente deveriam ser pessoas extremamente esclarecidas e liberais), como foi a declaração recente de um jovem ator global, que disse que “um pouco de machismo na relação faz bem, senão vira bagunça”.
O “sinal amarelo” pode acabar machucando um
por conta da indecisão do outro. Por isso, quando eu gosto e estou a fim, mando
logo “um sinal verde”, e se for o contrário, eu lanço mão do “sinal vermelho” e
dou logo um basta, antes que o outro se machuque mais ainda, iludido quanto a
mim. Mas tem homem que fica “no sinal amarelo”, cultuando e estimulando o
sentimento da mulher, então faz que vai cair fora, mas depois novamente volta com desculpas esfarrapadas,
e então vai protelando indefinidamente o sofrimento alheio (mas, às vezes, é a própria mulher que continua protelando o fim do relacionamento, mesmo percebendo que o homem dá sinais evidentes que quer cair fora).
No passado, o homem então compromissado dava um “sinal amarelo” e ficava jogando com o
sentimento da mulher, que ingenuamente caía no famoso “conto do vigário”, como
nas muitas “histórias da carochinha” que crescemos ouvindo (sempre de alguém
muito próximo a nós, já que era tão comum), em que o canalha garantia que ia
largar “a matriz” para ficar com “a filial”, e aí a então pobre coitada, a eterna “filial”, esperava, esperava, e esperava pacientemente, acreditando
piamente no infeliz, e nada... Na maioria das vezes, nada mudava, e “a filial” ficava “chupando o dedo”, tinha que se contentar e aceitar continuar “nos bastidores”, virar a “outra”, a “amante”, e muitas vezes numa relação escondida até dos amigos do fulano, inclusive (o que, para a mulher dos dias atuais, isto é imperdoável).
E, infelizmente, por conta disso, as mulheres nos dias de hoje, estão dando o troco na mesma moeda dos homens. E da pior maneira possível. Nos tempos modernos, a mulher não mais espera submissa, quer estar “sob holofotes”, e deixou de posar de ingênua (como acontecia no passado), mas ainda assim, infelizmente, continua se envolvendo com homens comprometidos.
Mas, então, o que fazem? Nos dias de hoje, antes que sejam passadas para trás, sob o risco de ficar “nos bastidores”, essas mulheres trocam de parceiro da noite para o dia, e ainda desfilam na frente do dito cujo com outro a tiracolo, desafiando-os, como quem diz: “Viu? Achou que eu ia ficar chorando, esperando sua decisão de se separar “da matriz”? A fila andou...”. A mulher se liberou e até que enfim reagiu, mas não acho que a mulher respondeu a altura, pois sempre condenou a traição masculina, e agora paga na mesma moeda, traindo e desrespeitando, do mesmo jeito que sempre condenou o sexo masculino.
A melhor conduta seria não mais se envolver com homens comprometidos. Espertos são os homens que raramente aceitam se envolver com mulheres compromissadas (a não ser “os galinhas” que nada querem de sério com nenhuma mulher e, ao contrário, até convêm a eles este tipo de relacionamento já que, muitas vezes são também comprometidos, e ambos os lados tendem a se calar, protegendo-se mutuamente de um possível vazamento da relação extraconjugal). A mulher deveria exigir que o homem primeiramente se posicionasse publicamente em relação ao relacionamento anterior, e só depois então se deixaria envolver com o dito cujo.
Esta é a minha postura, eu só me envolvo com homens sabidamente descompromissados (brinco, inclusive, dizendo que “para mim, homem comprometido é como gay, não rola...”), ou seja, caso queiram se envolver comigo, que resolvam primeiro “seus rolos” (oficiais ou não), do contrário vão ficar “chupando dedo” em relação a mim, pois prezo exclusividade mútua na relação, e como gosto muito de mim e sou a pessoa mais importante da minha vida, não vou sofrer por quem não me merece e não me exibe publicamente, “sob holofotes”, como sua única eleita, assim como eu também o faço.
E como estamos na era dos celulares descartáveis e dos “ficantes”, facilmente, nos dias de hoje, também se descartam pessoas e sentimentos, via redes sociais. É a era do “selfie”, com todos expondo-se, sem pudores e sem limites, em contrassenso com uma sociedade hipócrita, reacionária e machista. Teve "selfie" até no Oscar deste ano, e até o presidente Barak Obama entrou nessa, na polêmica imagem televisada, ao lado de uma Michele com cara de "poucos amigos" (veja no final do texto).
“Selfie”, para quem ainda não está familiarizado com o
termo, é o “auto-retrato” tirado com o celular e postado nas redes sociais; é a
foto que você faz de si mesmo (com o braço levantado, fazendo “cara de pato ou
beicinho”, malhando, fingindo que foi pego de surpresa por você mesmo, fingindo
que está dormindo e tirando a própria foto!!!) expondo sua “vida incrível” e
sua “beleza acachapante” (que só você acha, afinal, voltado para o próprio casulo,
só se olha o próprio umbigo).
O “selfie” é um fenômeno muito estranho, onde o fotógrafo que faz a foto é também o objeto da própria foto. E pior, agora é a vez das “butt selfies” (“selfie” da própria bunda) e a tal dancinha de “cachorra no cio” (das “popozudas” do funk, com suas celulites e seus silicones “bundáveis”) é o protótipo desta exposição desenfreada e maciça da mulher (cada vez mais) objeto. A garota do vídeo abaixo, debocha do fenômeno, dando uma “aula” de como fazer um “selfie” de bunda.
O fenômeno “selfie” pode ir muito além de uma auto-apresentação (como na campanha da Dove, vídeo no final do texto, que sugere aos adolescentes uma auto-crítica sem exageros) e representar “um narcisismo digital sem controle, que pode provocar percepções de auto-indulgência ou uma dependência social em busca irrefreada por atenção, para compensar uma muito baixa autoestima”.
O “selfie” é um fenômeno muito estranho, onde o fotógrafo que faz a foto é também o objeto da própria foto. E pior, agora é a vez das “butt selfies” (“selfie” da própria bunda) e a tal dancinha de “cachorra no cio” (das “popozudas” do funk, com suas celulites e seus silicones “bundáveis”) é o protótipo desta exposição desenfreada e maciça da mulher (cada vez mais) objeto. A garota do vídeo abaixo, debocha do fenômeno, dando uma “aula” de como fazer um “selfie” de bunda.
O fenômeno “selfie” pode ir muito além de uma auto-apresentação (como na campanha da Dove, vídeo no final do texto, que sugere aos adolescentes uma auto-crítica sem exageros) e representar “um narcisismo digital sem controle, que pode provocar percepções de auto-indulgência ou uma dependência social em busca irrefreada por atenção, para compensar uma muito baixa autoestima”.
É o que conclui a
psicóloga Pamela Rutledge, em “Psychology today”, em seu artigo original em inglês (que saiu
recentemente na “Times”) intitulado “Damned-if-you-do and damned-if-you-don't
spectre” (que seria algo do tipo “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”). E “parabéns” a todos nós, pois já não precisamos mais
nos conhecer na vida real, pois conseguimos “algoritmizar” todas as etapas das nossas
relações interpessoais no mundo virtual, ao ponto de especialistas estarem chamando
o fenômeno de “gamificação“, ou seja, as relações passaram a ser
“aplicatizáveis”, numa espécie de jogo (daí o termo “gamificação”, do inglês
“game”) entre internautas.
Tem aplicativos, via web, para todos os gostos: “app” para
“ficantes” em busca apenas de sexo casual, “app” para traçar futuro do casal recém-formado
(via “app” para arranjar namorado, que tem aos montes na web), “app” para
desmanchar namoro, “app” para reconciliação, “app” para avaliar empenho
(inclusive sexual masculino, e agora estão lançando o feminino, como uma revanche),
“app” para avaliar até a relação de outrem.Aff... Inacreditável!!! E quanto a mim, só me resta apelar mais uma vez: “Pára o planeta, eu quero descer”.
Em tempo: *link citado no texto
*http://rosemerynunescardoso.blogspot.com.br/2009/12/o-filme-quase-famosos.html
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