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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O frenético "Corra Lola, corra"

Uma amiga escreveu um texto, sobre que caminhos trilhar na vida, na busca por respostas, que começa com a conhecida frase “em vinte minutos, tudo pode mudar”. A frase já me era conhecida, mas curiosa, fui atrás do autor da mesma,

e descobri que tudo começou com a rede americana “NBC News” que, em 1985, a partir de pesquisas, observou que o tempo disponível do ouvinte americano estava ficando cada vez mais escasso, e que 30 minutos era tempo demais para se dedicar a um noticiário,

e resolveu implantar o recurso de apenas vinte minutos para suas notícias. Para lançar a novidade e enfatizar a vantagem dos ciclos mais curtos, a NBC utilizou o slogan "Give us twenty minutes, and we’ll give you the world" (“Você nos dá 20 minutos e nós lhe daremos o mundo”).

No Brasil, a rádio FM Band News se apropriou do modelo e começou a usar o slogan "em 20 minutos, tudo pode mudar", para chamar a atenção do público e angariar novos ouvintes para notícias rápidas, sempre novidades de última hora.

E a frase ficou conhecida como “sinônimo do acaso”, prá explicar coisas e circunstâncias inexplicáveis, como por exemplo, alguém que por “obra do acaso” perde o avião que acaba explodindo na decolagem. Quem nunca se surpreendeu com fatos seguindo um caminho completamente oposto àquele que as circunstâncias mostravam ser o único possível?

Mas, na verdade, cinéfila que sou, eu só passei a conhecer essa frase a partir do filme “Corra Lola, corra” – o filme, do final da década de 90, quase virada do século, é alemão, e exatamente a cada vinte minutos da película, tudo muda na vida da personagem Lola (veja trailer no final do texto)

Como diz o título, Lola corre, e corre freneticamente, o tempo todo do filme, em busca do próprio destino (que muda a cada vinte minutos, voltando sempre ao início), de acordo com as mudanças que ela depara e/ou traça pelo seu caminho. O filme mostra a mesma história com três desfechos diferentes, de 20 em 20 minutos.

Toda a história é contada nos primeiros 20 minutos (incluindo os créditos iniciais do filme), nos demais 60 minutos da película Lola tem três chances de vinte minutos cada prá salvar seu namorado de ser morto,

sendo que a cada um desses três repetidos vinte minutos da sua corrida desenfreada, ela se depara com pessoas que cruzam o seu caminho e que podem, ou não, atrasá-la no seu intento de salvar o seu amado.

 A câmera é frenética, Lola corre pelas ruas de Berlim, e há várias referências às reviravoltas da vida, como as escadas em espiral que Lola desce alucinadamente, em infinitos círculos que parecem não ter fim (como as reviravoltas da vida, com seus ciclos, suas próprias vibrações, seu fluxo próprio, e que, ao existirmos, e interagirmos com esses ciclos, os modificamos e podemos fazer surgir infinitas possibilidades).

E há também no filme inúmeros relógios por toda parte marcando o compasso das horas, “os vinte minutos em que tudo irá mudar”, e o número 20 aparece em várias referências (por exemplo, no cassino Lola aposta exatamente no nº 20).

O filme é ousado e nada convencional, ora vemos a tela dividida em 2 ou 3 partes, ora usa a linguagem dos vídeoclips com sequências aceleradas alternando com imagens em slow-motion, ora vemos a protagonista com seu cabelo vermelho e suas tatuagens virar um desenho animado como um personagem de um vídeo-game.

E exatamente como num videogame, Lola tem três chances de mudar seu destino (que dura exatamente 20 minutos cada, pode contar no relógio) até “ganhar o jogo” ou então “game over”.

E nas três “fases do jogo”, a personagem-jogadora tem que enfrentar obstáculos e adquire “experiência e poder” prá seguir em frente (como nós, na vida, diante dos nossos fracassos e acertos). E o espectador vai junto, no embalo da personagem, “jogando e apostando” nas reviravoltas da vida e correndo atrás do tempo.

O filme brinca com o acaso e o destino de nossas vidas, será que somos mesmo capazes de mudar o nosso destino? O acaso existe mesmo? O futuro é uma página em branco, pronta prá ser escrita?

E se...... quantas vezes não repetimos e questionamos.... e se..... e se eu tivesse feito outra escolha.... na vida, no trabalho, nos relacionamentos afetivos, na profissão? E se ....eu tivesse seguido em frente, sem olhar prá trás? E se.... ao contrário, eu tivesse voltado atrás?

Perguntas sem respostas.... Quem sabe a vida não fosse um videogame com direito a três tentativas até o fatídico “game over”? Mas aí eu me volto prá minha “alma imoral”,  é ela que escolhe nosso destino, o problema é que muitos de nós traímos nossa alma com medo de enfrentar o aparente vazio que se abre aos nossos pés diante do futuro que nos aguarda.

Assista “Corra Lola, corra” esse frenético e nada convencional filme alemão e aproveite e leia sobre a “Alma imoral”, texto que escrevi em novembro de 2009 (link http://rosemerynunescardoso.blogspot.com.br/2009/11/alma-imoral.html ) sobre o livro homônimo do rabino Nilton Bonder e tire suas próprias conclusões sobre o seu próprio destino.

 

Um comentário:

  1. " A vida é uma peça de teatro que ñ permite ensaios! Por isso... cante, chore, dance, sorria, viva... antes que a cortina se feche... e sua obra termine... sem aplausos!" Charles Chaplin

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