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domingo, 8 de julho de 2012

Curta um curta

Eu simplesmente fico sem papo quando estou numa roda de amigos que só falam de futebol (no caso dos homens) e novelas (no caso das mulheres), e mais chato ainda quando os mesmos invertem os tradicionais papéis, ou seja, mulheres que parecem adorar discutir futebol (tenho minhas dúvidas se gostam mesmo ou se é só teatro, para serem "admiradas" pelos machos) e pasmem, tenho amigos (não gays, o que é pior) que adoram comentar sobre o último barraco que rolou na novela das oito (ou no BBB, outra chatice homérica). 

E eu acabo me recolhendo na minha saudável ignorância nesses assuntos prá lá de chatos e batidos, sempre a mesma ladainha (foi pênalti ou não? era impedimento ou não?), haja cultura inútil e papo simplesmente jogado fora, na minha visão de cinéfila (assistir futebol, vá lá, mas ficar horas discutindo o quê??? não dá prá entender prá quê tanta falação, prá mim não tem nada prá discutir, no máximo comemorar ou lamentar, e só) – dizem "é a preferência nacional", eu acho que é falta de conhecimento das boas coisas da vida, de coisas realmente relevantes que provoquem reflexões profundas e podem mudar inclusive a visão do mundo, por dentro e fora da gente, e aí quando eu pergunto o que acharam do curta que ganhou o Oscar, parece que eu sou uma ET, mal sabem do que se trata, quanto mais emitir opinião sobre tal assunto.


Um curta-metragem é um filme de pequena duração, que em geral dura de 15 a 20 min, podendo chegar até a 40 minutos no máximo, incluindo os créditos, segundo as regras da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos (cujo prêmio anual de cinema é o Oscar). O gênero que mais utiliza esse formato é a animação, mas também é muito usado em documentários e em filmes de estudantes de cinema e publicidade. Por conta disso, a academia americana criou dois prêmios para essa categoria: O Oscar de melhor curta de animação e o Oscar de melhor curta “Live action”.

Quem vem se firmando no mercado de curta-metragem de animação é a Pixar Estúdios que, desde a estréia de Toy Story nos cinemas, vem cultivando o hábito de exibir um curta antes de cada novo longa-metragem. Um dos mais recentes foi “Day and Night”, do cineasta americano Teddy Newton, que retrata o embate do personagem “o dia” com o personagem “a noite”.

O curta intitulado “O dia” mostra toda a sua graça e luminosidade solar (ao som da música “Desafinado” do nosso Tom Jobim, na voz do eterno “bossa nova” João Gilberto) enquanto “a noite” tenta provar que tem mais a oferecer com a sua magia e suas estrelas. Um páreo duro, até que descobrem o crepúsculo, misturando o dia com a noite em todo o seu esplendor, e “o dia” se transforma na “noite” e vice-versa. Uma graça esse curta-metragem, um aprendizado sobre como lidar com as diferenças muito bem metaforizadas entre o dia e a noite e como dar valor às pequenas coisas da vida. Concorreu ao Oscar de melhor curta de animação de 2011, mas não levou.



“A senhora e a morte” concorreu ao Oscar em 2009 – a história é uma lição para nós médicos que nos julgamos onipotentes na nossa missão como profissionais competentes, e acabamos prepotentes sem saber dosar o limite até onde a medicina deve insistir e investir para preservar a vida. Conta de maneira divertida a história de uma velhinha que percebe que chegou a sua vez de ser ceifada pela “Dona morte” e se prepara para ir ao encontro do seu velho amado, mas eis que o presunçoso doutor...



La Maison en petit cubes” levou o merecido Oscar de 2008 e conta a história de um velhinho que vive desde a infância numa cidade eternamente inundada, e a cada subida do nível da água, quando a casa começa a ser novamente inundada, constrói-se outra casa, tijolo por tijolo, uma em cima da outra a cada nova inundação. Vivendo sozinho na casa, um dia, ao deixar cair o cachimbo na água, coloca seu escafandro para tentar recuperá-lo e ao descer vai recordando seu passado, de casa em casa, sua infância, seu casamento, seus filhos. A animação, que não tem falas, apenas uma suave e singela música incidental, é uma bela e triste metáfora do claustro e da solidão que a velhice traz, levando os nossos entes queridos, e nos deixando à nossa própria sorte, apenas com nossas recordações.



São muitos os belos curtas, não dá prá falar nem da décima parte deles. Deixo a lembrança do belo curta brasileiro que venceu um concurso internacional do “youtube” em 2007 – “Laços” foi escrito e produzido pela então estudante de cinema Flávia Lacerda (atualmente atriz), e mostra a tocante história da jovem adolescente que precisa encarar precocemente fatos dolorosos da vida, e se surpreende (e nós também) com a ajuda inesperada de um aparente desconhecido que, de repente, surge à sua frente.



E prá finalizar, no final do texto, fique com mais e mais curtas divertidos da Pixar Estúdios. E no próximo texto, mando as respostas das referências dos filmes do curta-metragem "35 mm" (do texto anterior ao atual).



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