E eu acabo me recolhendo na minha saudável ignorância nesses assuntos prá lá de chatos e batidos, sempre a mesma ladainha (foi pênalti ou não? era impedimento ou não?), haja cultura inútil e papo simplesmente jogado fora, na minha visão de cinéfila (assistir futebol, vá lá, mas ficar horas discutindo o quê??? não dá prá entender prá quê tanta falação, prá mim não tem nada prá discutir, no máximo comemorar ou lamentar, e só) – dizem "é a preferência nacional", eu acho que é falta de conhecimento das boas coisas da vida, de coisas realmente relevantes que provoquem reflexões profundas e podem mudar inclusive a visão do mundo, por dentro e fora da gente, e aí quando eu pergunto o que acharam do curta que ganhou o Oscar, parece que eu sou uma ET, mal sabem do que se trata, quanto mais emitir opinião sobre tal assunto.
Um curta-metragem é um filme de pequena duração, que em geral dura de
Quem vem se firmando no mercado de curta-metragem de animação é a Pixar Estúdios que, desde a estréia de Toy Story nos cinemas, vem cultivando o hábito de exibir um curta antes de cada novo longa-metragem. Um dos mais recentes foi “Day and Night”, do cineasta americano Teddy Newton, que retrata o embate do personagem “o dia” com o personagem “a noite”.
O curta intitulado “O dia” mostra toda a sua graça e luminosidade solar (ao som da música “Desafinado” do nosso Tom Jobim, na voz do eterno “bossa nova” João Gilberto) enquanto “a noite” tenta provar que tem mais a oferecer com a sua magia e suas estrelas. Um páreo duro, até que descobrem o crepúsculo, misturando o dia com a noite em todo o seu esplendor, e “o dia” se transforma na “noite” e vice-versa. Uma graça esse curta-metragem, um aprendizado sobre como lidar com as diferenças muito bem metaforizadas entre o dia e a noite e como dar valor às pequenas coisas da vida. Concorreu ao Oscar de melhor curta de animação de 2011, mas não levou.
“A
senhora e a morte” concorreu ao Oscar em 2009 – a história é uma lição para nós
médicos que nos julgamos onipotentes na nossa missão como profissionais
competentes, e acabamos prepotentes sem saber dosar o limite até onde a
medicina deve insistir e investir para preservar a vida. Conta de maneira divertida
a história de uma velhinha que percebe que chegou a sua vez de ser ceifada pela
“Dona morte” e se prepara para ir ao encontro do seu velho amado, mas eis que o
presunçoso doutor...
“La Maison en petit cubes” levou
o merecido Oscar de 2008 e conta a história de um velhinho que vive desde a infância
numa cidade eternamente inundada, e a cada subida do nível da água, quando a
casa começa a ser novamente inundada, constrói-se outra casa, tijolo por
tijolo, uma em cima da outra a cada nova inundação. Vivendo sozinho na casa, um
dia, ao deixar cair o cachimbo na água, coloca seu escafandro para tentar
recuperá-lo e ao descer vai recordando seu passado, de casa em casa, sua infância,
seu casamento, seus filhos. A animação, que não tem falas, apenas uma suave e
singela música incidental, é uma bela e triste metáfora do claustro e da solidão
que a velhice traz, levando os nossos entes queridos, e nos deixando à nossa própria
sorte, apenas com nossas recordações.
São
muitos os belos curtas, não dá prá falar nem da décima parte deles. Deixo a
lembrança do belo curta brasileiro que venceu um concurso internacional do “youtube”
em 2007 – “Laços” foi escrito e produzido pela então estudante de cinema Flávia
Lacerda (atualmente atriz), e mostra a tocante história da jovem adolescente que
precisa encarar precocemente fatos dolorosos da vida, e se surpreende (e nós
também) com a ajuda inesperada de um aparente desconhecido que, de repente, surge
à sua frente.
E prá
finalizar, no final do texto, fique com mais e mais curtas divertidos da Pixar Estúdios. E no próximo texto, mando as respostas das referências dos filmes do curta-metragem "35 mm" (do texto anterior ao atual).
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