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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Ser ou não ser um motherfucker ?

Ufa! É cansativo ser anarquista num mundo cercado de “motherfuckers”. Como “adorável anarquista”, eu detesto regras e leis, pois o compromisso e a consideração para com o próximo é que são as verdadeiras “regras e leis” que seguem os anarquistas.

Liév Tolstói (escritor russo do célebre livro “Guerra e paz”), um pacifista que flertava com o anarquismo, foi perseguido pelas suas idéias libertárias contra os costumes da época em que viveu, ao pregar afazeres sem regras excessivas, sem leis e sem punições, nos primórdios do século XIX.

Em um dos meus trabalhos atuais, o excesso de “motherfuckers” tem tornado o ambiente, no mínimo, insuportável. Infelizmente não pude me livrar desse trabalho ainda (estou caminhando para tal, em breve), apesar de, no fundo, não ser exatamente o que eu queria, mas do jeito que as coisas andam por lá, parece que não tem volta. 

Horários e regras infundadas têm feito as pessoas se afastarem cada vez mais do ambiente hostil e improdutivo que se tornou o tal serviço (um colega acabou pedindo aposentadoria precocemente, e infelizmente, cada vez é mais raro pessoas querendo prestar serviço por lá).

Assim, para amenizar um pouco o mal estar e o clima pesado do ambiente, até onde eu posso ter algum tipo de autonomia com aqueles que me auxiliam nesse meu serviço, eu tento liberá-los da chatice de cumprir horários quando não mais se tem o que fazer (deixando-os, em comum acordo, em “stand by”, para qualquer eventualidade ou necessidade).

A revista “Info” publicou recentemente um texto intitulado “Sem chefe, sem horário, sem estresse” alertando para a necessidade (das empresas) de se rever a relação de trabalho com os seus funcionários, alegando que “a ausência de hierarquia e a liberdade no horário do trabalho acabam por reverter em maior produtividade e um ambiente de trabalho mais acolhedor”, com o funcionário satisfeito e mais cooperativo, por se sentir menos pressionado e mais respeitado, sem cobranças excessivas.

Não se trata de ser ou não ser “bonzinho”; ao contrário, como diz o texto, “não se trata de troca de favores, mas sim de confiança em pessoas responsáveis, pró-ativas e comprometidas”. No texto, presidentes e diretores de grandes empresas ensinam: “o controle rígido de horário pode até fazer o funcionário trabalhar por mais tempo, mas não necessariamente de maneira mais produtiva”. 

Perdi a conta de quantas vezes já fui chamada pejorativamente de “boazinha”. Como anarquista e brigona, considero um elogio quando me chamam de louca, histérica, desvairada, é melhor do que ser rotulada de panaca, bunda mole, maria vai com as outras, babaca, baba ovo, como muitos que conheço. Mas... boazinha!!!

No meu prédio, vizinhos “de porta” já me botaram “contra a parede”, por ser “boazinha” demais com minhas empregadas domésticas, rotulando-me quase como “um mau exemplo como patroa”, pois não estipulo horário de entrada nem de saída dos meus “subordinados” dentro da minha casa, que não trabalham aos sábados, domingos e muito menos nos feriados (e, claro, pago todos os encargos trabalhistas).

Percebem? As pessoas querem impor como eu devo proceder no trato com a minha empregada dentro da minha própria casa, para não influenciar “a anarquia” nos outros empregados vizinhos. Não é o máximo? Quer gente mais “motherfucker” que isso? Não satisfeitos em explorar seus próprios empregados ainda se acham no direito de se intrometer na casa alheia. 

O que posso dizer é que, em troca da minha boa relação com minha empregada, há um respeito mútuo, e as pessoas vivem me perguntando como eu consigo ter uma empregada que “cozinha divinamente, se prontifica a fazer minhas compras de supermercado, se oferece para pagar minhas contas no banco, resolver as pendências das obras do apartamento, e ainda estar sempre com um alto astral e um sorriso de orelha a orelha”. Por que será, hem? 

Mutuamente, eu dou uma ajuda extra, no estudo e no pagamento de um curso de enfermagem em medicina do trabalho (descobri que, antes de se empregar na minha residência, ela tentou trabalhar como técnica de enfermagem, pois tem o curso, mas nada conseguiu no ramo); brinco com ela que, só a liberarei para a nova profissão, se me arrumar outra empregada como ela (realmente ela é merecedora da minha ajuda, pois é talentosa e compromissada em tudo o que faz).

E no meu trabalho também não é diferente; tenho “seguidores” que, mesmo sem nenhum tipo de interesse (a não ser troca de conhecimentos profissionais), continuam frequentando o meu serviço mesmo quando eles já cumpriram, no meu setor, a carga horária determinada pelos seus superiores. Por que será, hem?

Minha relação com as pessoas com quem eu trabalho é de respeito pelo profissional que se mostra interessado no que faz, detesto regras e horários, cobro eficiência e comprometimento; se o meu subordinado já cumpriu eficientemente suas tarefas para comigo, eu o libero para sua vida lá fora, e o retorno disso é sempre promissor, e a confiança é sempre total (até que me provem o contrário, eu sempre acredito e confio nas pessoas com quem me relaciono).

Um adendo: desta vez, quem me chamou de “boazinha”, não é, em hipótese alguma, um “motherfucker” (muito pelo contrário), mas com certeza foi pressionado por um deles, e acabou se sentindo obrigado a me interpelar para que eu cobrasse “horário” (como sempre, com a mesma desculpa de sempre, para não provocar a “anarquia” entre os demais) de um dos que estão sob o “meu comando” no meu horário de trabalho.

e anarquista que sou, fiquei indignada porque, na verdade, o tal “motherfucker” está literalmente “putinho” por ter perdido o seu “boy” (que cansou de ser explorado) e que agora é um dos “meus seguidores” (pois este sabe que agora tem o respeito que merece). Quem mandou o fulaninho de m.... ser um “motherfucker” (filho da p...)? 

E como  “tudo que acontece na minha vida me leva ao mundo do cinema, assista Sacha Baron Cohen com a música Aladeen motherfucker (vídeo abaixo), do seu último (e não menos irreverente) filme O ditador.



O comediante britânico, mais uma vez, chega sacudindo a sétima arte, cada vez mais na limítrofe e tênue linha entre o politicamente incorreto e o francamente ofensivo e escatológico, com suas loucas e antológicas cenas (como esquecer da desvairada, constrangedora e não menos hilária cena da luta nudista, do filme Borat?).



Para ilustrar, deixo também o vídeo do comediante canadense Jon Lajoie, numa sátira intitulada “Everyday normal guy”, ironizando os rappers típicos que, em geral, posam de “fodões”, com suas músicas carregadas de palavrões (e claro, não podia faltar o “motherfucker”).











Um comentário:

  1. Brilhante !! Lembrei-me de Jorge Amado, pois seu texto foi como uma lâmina afiada que, profunda e cuidadosamente, atingiu o cerne de tudo sem perder a delicadeza e a precisão. Parabéns !!!
    Edu Abreu

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