Tempos atrás, num bate-papo prá lá de filosófico e psicológico, fui "apresentada" ao livro "O corpo fala" por um sobrinho (que "amo de paixão" e que é um dos meus "seguidores"), estudante de psicologia, e é desse interessante livro que me propus a falar.
"O corpo fala" de Pierre Weil e Roland Tompakow (editora Vozes) tem como subtítulo "a linguagem silenciosa da comunicação não verbal", e aborda de uma maneira didática e divertida (através de desenhos em quadrinhos) a complexa relação interpessoal da sociedade moderna contemporânea.
Mesmo sem nunca ter lido o tal livro (ou qualquer outra leitura parecida), como sou muito observadora, eu já há muito tempo (acho que desde menina) percebia nas expressões corporais o reflexo do nosso íntimo, sem necessidade de verbalizá-lo, e ao contrário, como bem explica o livro, muitas das verbalizações não refletem o nosso verdadeiro "eu" interior.
A criança, na sua total inocência e na sua natural "mudez" do início da vida, talvez esteja na única fase da vida em que o ser humano expressa naturalmente todo o seu íntimo com as suas expressões corporais - se estiver com raiva ou chateada, a criança faz bico, franze a testa; se estiver feliz, a criança sorri e se "desmonta" em gargalhadas, em qualquer lugar, e como bem "entender".
Mas a sociedade nos impõe situações que, aos poucos, vamos aprendendo a dissimular, muitas vezes não queremos deixar transparecer nossos sentimentos, e assim tentamos (mas nem sempre convencemos, pois o "corpo fala") dissimular com falsas palavras, para despistarmos nossos sentimentos, nosso íntimo.
O livro mostra também como a linguagem corporal pode nos "trair"; por exemplo, podemos dizer "sim" verbalmente, mas o corpo pode estar "comunicando" sutilmente um "não", e vice-versa, e para perceber tudo isso, é só prestar atenção nos detalhes corporais - mãos, pés, postura, semblante.
O livro nos coloca como "detetive" do íntimo das pessoas (e o nosso próprio) analisando o comportamento pessoal e interpessoal (através dos gestos corporais do indivíduo) dentro de uma sociedade - sentimentos de culpa, de repressão, de desconfiança, de firmeza ou fraqueza, de medo, e outros; todos estão lá "gritando", refletidos na postura do nosso corpo.
Outra abordagem interessante do livro é sobre relacionamentos amorosos - ah, o amor - o autor compara nosso corpo com o de uma esfinge, a "esfinge dos egípcios", que era composta de quatro partes: um corpo de boi, tórax de leão, asas de águia e cabeça de homem.
A parte boi da esfinge seria nossa vida intuitiva e vegetativa, a parte leão seria nossa vida emocional, a parte águia seria nossa vida mental (espiritual e intelectual) e a parte cabeça de homem seria o conjunto das três - a consciência e domínio dos três "bichos" que compõem nosso "eu".
O amor então acontece quando nossos "três bichos" entram em harmonia com outros "três bichos", e se um dos nossos três bichos não estiver harmônico com o de nosso parceiro, haveria atrito em alguma fase da vida e a relação não vingaria.
Muito interessante a abordagem do livro, vale a pena lê-lo, é de grande ajuda no entendimento das nossas tão conturbadas relações interpessoais (no trabalho, na família, no amor) dos dias de hoje. Eu recomendo.
Muito interessante a abordagem do livro, vale a pena lê-lo, é de grande ajuda no entendimento das nossas tão conturbadas relações interpessoais (no trabalho, na família, no amor) dos dias de hoje. Eu recomendo.
Em tempo: é claro que nem sempre a mensagem do corpo é a real, e podemos interpretar erroneamente tais mensagens - os vídeos (no final do texto) mostram como o "corpo fala", e como o corpo pode produzir várias interpretações errôneas, dependendo do contexto (kkk).